Rio (AE) – A concessão de crédito à pessoa física deve prosseguir em expansão acelerada neste primeiro semestre, com forte impacto sobre o consumo das famílias. A avaliação é do chefe do departamento de economia da Confederação Nacional do Comércio (CNC) e ex-diretor de política monetária do Banco Central, Carlos Thadeu de Freitas. Segundo ele, a dosagem de aumento na taxa Selic é que vai determinar o efeito que a alta nos juros terá, a partir do segundo semestre, sobre a disponibilidade de crédito aos consumidores.
Alta da Selic deve ser definida hoje pelo Copom, mas efeitos só devem chegar no segundo semestre
Na avaliação de Thadeu de Freitas, apenas uma elevação gradual da Selic poderá injetar alguma incerteza nos mercados e pressionar os juros futuros, reduzindo um pouco o efeito do crédito sobre o consumo. Para ele, uma alta mais forte e esperada dos juros hoje, de 0,75 ponto, terá pouco efeito no crédito à pessoa física porque o aumento já foi precificado. “Os juros futuros já subiram, mas como os prazos de financiamento são longos, não houve efeito sobre a concessão de crédito”, explica.

Para ilustrar a recente aceleração no aumento das concessões de crédito à pessoa física, Thadeu de Freitas cita dados do Banco Central que apontam uma alta no ritmo de expansão em 12 meses desde setembro do ano passado, chegando a 12,2% em fevereiro deste ano, acima dos 10% de janeiro. “A tendência, pelo menos por enquanto, é aumentar esse ritmo”, acredita.

O economista lembra que, se confirmada, a alta da Selic que será determinada hoje pelo Copom só terá efeitos no consumo no segundo semestre e, especialmente, no início de 2010. Mas a magnitude do efeito dependerá da estratégia de alta. “Se o objetivo é diminuir a demanda agregada, sobretudo o consumo das famílias, é preciso uma trajetória (de elevação) mais branda e longa, com efeito de alta sobre os juros futuros e redução na concessão de crédito no segundo semestre”, afirmou.