A Relação do advogado Rychardson de Macedo Bernardo com o deputado estadual Gilson Moura é mais estreita do que revelam as investigações do Ministério Público. Mesmo exonerado por suspeita de corrupção no governo Wilma de Faria, o homem apontado como o chefe da organização criminosa que  teria desviado recursos públicos do Ipem entre 2007 e 2010 voltou a trabalhar no gabinete do parlamentar como assessor jurídico até o fi nal do ano passado.
Entre os crimes pelos quais Rychardson e outros quatro exfuncionários do Ipem terão que responder à Justiça estão a contratação de funcionários fantasmas, concessão indiscriminada de diárias, fraudes em licitações, peculato, recebimento de propinas e criação de empresas para lavagem de dinheiro. A operação que terminou na prisão dos acusados foi batizada de ‘Pecado Capital’ pelo Ministério Público.

De acordo com a assessoria de imprensa da Assembleia Legislativa, Rychardson trabalhou no gabinete de Gilson Moura em duas oportunidades: em fevereiro e março de 2007, quando recebeu R$ 11.096,40 de salário bruto (R$ 8.648,42 líquidos); e depois que deixou o governo, entre 20 de julho a 11 de dezembro do ano passado. Durante esse período, o advogado recebeu de salário um total bruto de R$ 29.355,51 (incluído o 13º salário) e, em valores líquidos, R$ 23.320,36. Na verdade, de 2007 até o início de 2011, Rychardson deixou de ser pago com dinheiro público somente por quatro meses, já que foi demitido do Ipem no final de fevereiro.
O curioso é que, de acordo a informação da Assembleia Legislativa prestada à Declaração de Imposto de Renda na Fonte (Dirf), a autarquia pagou, em 2010, R$ 33,8 mil ao advogado. No mesmo ano, Rychardson recebeu R$ 24,1 mil do Ipem. Outro detalhe interessante é ver que na prestação de contas ao Tribunal Regional Eleitoral o mesmo advogado doou R$ 5.6 mil à campanha de reeleição do deputado estadual Gilson Moura e outros R$ 30,1 mil à campanha do apresentador de TV Paulo Wagner a deputado federal.

No mesmo pleito do ano passado,  o empresário Rhandson Bernardo, irmão de Rychardson, também fez uma doação de R$ 6,2 mil ao deputado Gilson Moura. Pelo terceiro dia consecutivo, o NOVO JORNAL tentou falar com Gilson Moura, mas ele não atendeu nenhum dos telefones que usa. Um assessor identificado como Thiago afirmou no final da manhã de ontem que o parlamentar participaria da sessão ordinária no plenário da Assembleia Legislativa, mas ele também  não apareceu nem deu notícias.
Pela manhã, o gabinete de Gilson Moura continua a pleno vapor. Várias pessoas procuravam ajuda e eram atendidas pelos funcionários que, constrangidos, só informavam que não sabiam quando o deputado voltaria a freqüentar a Assembleia Legislativa. A chefe de gabinete do parlamentar identificada como Thaís admitiu que Rychardson trabalhou no gabinete, mas pediu que a reportagem procurasse o próprio Gilson Moura se quisesse mais informações.

Fonte: Rafael Duarte/ Novo Jornal