Estudo da Medialogue analisou informações de 513 deputados de 81 senadores e reuniu mais de 70 mil dados para montar o primeiro mapa do poder digital no Brasil

Conclusão: muitos deputados e senadores simplesmente ignoram a internet e as redes sociais e a maioria dos que participam da rede ainda não sabem como interagir e como atrair os eleitores. Usam a internet e as redes sociais como se estivessem distribuindo santinhos e folhetos, para dizer o que lhes interessa, sem se preocupar com a opinião do eleitor e sem usar os recursos digitais para informar corretamente, para prestar contas, para facilitar suas vidas e sobretudo para se aproximar deles. “Apesar de muitos políticos terem sites e contas no Facebook e Twitter, ainda a utilizam seus recursos como se estivem na era do papel“, diz Alexandre Secco, coordenador da pesquisa.

O teste do e-mail – Em um teste realizado durante a fase de coleta de dados, os pesquisadores enviaram perguntas simples por e-mail para os parlamentares. Apenas 24% dos deputados, entre os senadores o resultado foi ainda pior. Apenas 14% responderam.

Fora da internet – Também chamou a atenção o fato de que cerca de 100 deputados, um em cada quatro, sequer mantém um site, um dos mais simples de todos os recursos digitais. O uso de blogs, outro aplicativo bastante simples, é relativamente comum, porém nem todos são realmente utilizados com o propósito de informar. De todos os deputados federais que mantêm blog 43% não atualizam as informações, apresentavam notícias de mais de um mês atrás na data da pesquisa. Entre os senadores apenas 22% deixam seus blogs atualizados.

Desatualizados – A pesquisa encontrou uma situação parecida no Twitter, um dos canais sociais preferidos pelos parlamentares. Um em cada três deputados e senadores mantém suas contas no microblog desatualizadas. “O que se nota é com muitos usam a rede para disputar a eleição e depois a abandonam, diz Alexandre Secco, coordenador da pesquisa. Poucos aproveitam efetivamente seus recursos, como já fazem há muito tempo os políticos americanos. “Todo político brasileiro sonha em ser um Barack Obama na internet, que conseguiu usar a rede para angariar votos e contribuições em dinheiro, mas pouquíssimos parecem ter percebido que para isso funcionar direito é preciso haver uma troca. Os brasileiros querem aparecer, falar e ser ouvidos, mas não dão atenção para o eleitor, muitos sequer se dão ao trabalho de responder a um e-mail. Assim não funciona”, diz Secco

Baixa audiência – A pesquisa observou também a maioria dos parlamentares tem audiências relativamente baixas nas redes sociais. No Twitter, 12% dos deputados com perfis têm menos de 200 seguidores. Vários estudos indicam que esse número de adesões corresponde quase a uma ausência técnica no microblog.  É preciso de bem mais do isso para ser relevante. No Facebook, este limite de 200 amigos não é atingido por quase 60% dos senadores, ou seja, maioria deles tecnicamente “não existe” para a rede que mais cresce no Brasil. Entre os senadores presentes no Youtube, o que se observou é que a maioria dos parlamentares divulga vídeos que ninguém vê. Metade dos deputados recebeu 97% de todas as outras visualizações, a outra metade ficou com o restante, a maioria em canais praticamente inéditos.