Nesta quarta, menos de 24 horas após o “desabafo” de Mendes, o ministro chegou à sessão plenária do STF sem querer dar entrevista, numa demonstração de que Ayres Britto teria conseguido convencê-lo a maneirar nas acusações.

Ayres Britto, por sua vez, negou que o ocorrido tenha desgastado a imagem da Justiça. “O Judiciário está imune a esses dissensos. Tenho dito reiteradamente que somos experimentados em enfrentamento de situações de toda ordem. Isso não nos tira do eixo. Não perdemos o foco que o nosso dever é julgar todo e qualquer processo, inclusive esse chamado de mensalão, com objetividade, imparcialidade, serenidade, enfim, atentos todos nós às provas dos autos.”

O presidente do STF disse que não há risco de uma crise institucional. “Não vejo por esse prisma de nenhum modo. O Supremo Tribunal Federal é sobranceiro, altivo, independente, consciente de sua função institucional. E não se afasta disso.”

Ayres Britto negou que tenha conversado com a presidente Dilma Rousseff sobre o episódio. Na terça-feira, os dois estiveram juntos. “Conversamos sobre assuntos variados da administração pública, que diz respeito aos dois poderes, mas focadamente discutimos a Rio +20. Sua Excelência me convidou para fazer parte da delegação”, disse, sobre o encontro que durou mais de uma hora.

O presidente do Supremo defendeu que o julgamento do mensalão seja marcado, até para evitar mais desgaste. Mas disse que isso somente ocorrerá após o ministro revisor do processo, Ricardo Lewandowski, concluir o seu voto. A expectativa é de que isso ocorra em meados de junho.( Ne10 )