O ministro da Fazenda, Guido Mantega, alertou nesta quinta-feira representantes do governo, do setor empresarial e da sociedade civil que 2012 está sendo o pior ano da crise econômica internacional. O ministro criticou os países desenvolvidos, que segundo ele, “continuam levando com a barriga seus problemas”. “Essa situação já afetou os emergentes, mesmo os mais dinâmicos, como Índia e China (…) Em termos de gravidade, o que está acontecendo hoje em 2012 é pior do que o que estava acontecendo em 2009″, disse o ministro. A crise em 2008 e 2009 era considerada a “fase aguda”.

Mesmo admitindo um impacto mais forte sobre as economias emergentes, o ministro disse que a economia brasileira está em situação um pouco mais confortável, porque o País depende menos dos mercados externos. “Há uma aceleração anual que pode ser vista com o crescimento do PIB (Produtor Interno Bruto – soma de todas as rizquezas produzidas no País)”. O ministro estima que o crescimento trimestral, que será divulgado amanhã, será de 0,5% ou 0,6%, “que anualizado seria de 2%”.

Mantega avaliou que o problema de escassez de crédito foi um dos motivos para um crescimento mais tímido da economia brasileira. A oferta de crédito já estaria sendo retomada, segundo o ministro. Ele também comemorou a decisão do Comitê de Política Monetária ter baixado a taxa básica de juros (Selic) para 7,5%, chegando ao menor patamar da história. Nas palavras do ministro, em patamar “quase civilizado”. “Eu diria que esse é um patamar histórico. Faz exatamente um ano que a Selic começou a cair, estava a 12,5%. Que corresponde a uma taxa real de juros abaixo de 2%, que era uma previsão que nós fazíamos”, declarou Mantega.

 Câmbio

Mantega admitiu que o governo “continuará trabalhando para um real mais desvalorizados” para dar mais competitividade à produção brasileira. “A taxa de câmbio vai se consolidando no patamar de R$ 2 por dólar”, disse o ministro. Segundo ele há uma “política de desvalorização do real, de modo a torná-lo mais competitivo”. De acordo com o ministro, muitos produtos de concorrentes dos produtores brasileiros chegam ao mercado nacional de 30% a 40% mais baratos. “Não por competitividade, não por competência, mas por questão cambial”, disparou o ministro.

Inadimplência

Um dia após anunciar a prorrogação da desoneração do Imposto sobre Produto Industrializado (IPI) sobre a linha branca, automóveis e móveis, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, rebateu a versão de que o excesso de crédito aumentou os níveis de inadimplência das famílias brasileiras. Segundo o ministro, os principais responsáveis pelos calotes são os juros altos cobrados pelos bancos e a redução na oferta de crédito, registrada no primeiro semestre.

“Em parte (a inadimplência) é causada pela restrição de créditos dos bancos e pelos juros praticados. Ela vem caindo em parte porque está havendo mais injeção de crédito na economia”, avaliou o ministro. Mantega apontou o aquecimento do mercado mais uma vez como estratégia para o enfrentamento da crise econômica. “Um dos equívocios das políticas de países avançados é que eles não fazem estímulo à economia, só fazem cortes”, afirmou.

 

Fonte: Terra