A presidente Dilma Rousseff disse em entrevista exclusiva ao Financial Times, publicada na edição desta quarta-feira do jornal britânico, que um dos ganhos importantes que o Brasil teve em quase dez anos de governo do Partido dos Trabalhadores (PT) foi conquistar uma população de classe média. “Nós queremos um Brasil classe média”.

O artigo do jornal afirma que um progresso notável foi feito para melhorar a sorte de milhões de pessoas em um país que continua tendo uma das sociedades mais desiguais do mundo. A publicação destaca, porém, que após quase uma década de condições globais amplamente favoráveis a economia brasileira parou de repente.

Perguntada sobre quais eram seus principais desafios, Dilma respondeu que o relaxamento da política monetária dos Estados Unidos, quando não acompanhado de políticas fiscais para absorver o empoçamento de liquidez, leva à desvalorização cambial e à inflação. “As políticas monetárias expansionistas que resultam em uma desvalorização da moeda são as políticas que criam assimetrias nas relações comerciais – assimetrias graves”, disse a presidente Dilma.

Mas a presidente reconhece que muitos dos problemas do Brasil são também locais. Os elevados custos do trabalho, a baixa produtividade, infraestrutura precária e alta tributação, com gastos do governo em 36% do Produto Interno Bruto (PIB), valor equivalente ao de muitos países europeus avançados, mas sem os mesmos níveis de eficiência, criaram uma situação em que a inflação surge sempre que a economia começa a crescer.