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As obras da Transnordestina continuam devagar quase parando. Em alguns locais, vagões de trens e caminhões estão abandonados próximos aos canteiros de obras, como ocorreu entre Serrita e Salgueiro, no Sertão de Pernambuco (ver foto). “As obras pararam em Salgueiro. O ritmo está lento desde março do ano passado”, afirmou o representante do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Pesada (Sintepav) em Salgueiro, Luciano Silva. Em junho de 2006, quando foi iniciada a sua construção, a previsão era que a ferrovia custaria R$ 4,5 bilhões e seria totalmente concluída até 2010.

“Atualmente, são cerca de 2 mil pessoas trabalhando nos três Estados nas obras da ferrovia”, disse Luciano. Somente para o leitor ter ideia, cerca de 11 mil homens atuavam nas obras do empreendimento em 2010. Agora, as poucas obras que estão sendo tocadas em Pernambuco estão em Arcoverde, Custódia e alguns municípios do Arararipe, ainda de acordo com informações do Sintepav. Também localizada em Salgueiro, a fábrica que vai produzir dormentes para o empreendimento continua em funcionamento.

A Transnordestina terá 1.728 quilômetros e vai ligar a cidade de Eliseu Martins (no Piauí) aos portos de Suape e Pecém, no Ceará. Grande parte da obra está sendo feita pela Construtora Odebrecht, mas a responsável pela implantação do empreendimento é a empresa Transnordestina Logística S.A. (TLSA), que ganhou a concessão para explorar a antiga Malha Nordeste, quando ocorreu a privatização.

Até dezembro do ano passado, foram empregados R$ 3,7 bilhões nas obras da Transnordestina. Apesar de ser um empreendimento privado, grande parte dos recursos saiu de financiamentos do governo federal e uma parte não será devolvida ao Estado porque foram incentivos fiscais concedidos pela Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene). A expectativa é que a ferrovia seja concluída em 2015, segundo informações do Ministério dos Transportes.

No último balanço do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o próprio governo federal divulgou que as obras ficarão em R$ 7,5 bilhões, o que significou um aumento de 2,1 bilhões sobre o último preço acordado entre a empresa e a União.

O que está impedindo o andamento das obras é um processo de renegociação dos preços entre a União e a TLSA. Procurada pela reportagem do JC, a assessoria de imprensa da TLSA informou que está em fase de renegociação de parâmetros de preços e prazos com o governo federal.