O Brasil caminha para ser conhecido como o país das prisões de condições sub-humanas. Depois de a Organização das Nações Unidas (ONU) cobrar investigação sobre as horríveis cenas de violência no sistema carcerário do Maranhão, veículos internacionais abordaram o vídeo, divulgado ontem (7) pela Folha de S. Paulo, que mostra corpos de presos decapitados no Complexo Penitenciário de Pedrinhas, em São Luís.

“É uma cena horrível, mesmo em um país que tem visto sua quota de violência”, diz texto no site da CNN. Em um primeiro momento, a rede norte-americana de tevê descreve as cenas sem citar que se trata de um presídio. E acrescenta: “A parte mais surpreendente? O ataque aconteceu dentro de uma prisão”.

O Wall Street Journal chamou a filmagem de macabra e destacou que os eventos podem afetar a família do ex-presidente José Sarney. “A imprensa local descreveu o incidente como um golpe para a família do senador e ex-presidente José Sarney, pai de Roseana – que tem dominado a política do Maranhão por meio século” diz o WSJ.

O jornal mais incisivo, no entanto, foi o espanhol El País, que diz que cenas como essa não são nenhuma novidade por aqui. “Uma prisão construída para 1.700 pessoas tem 2.500. Uma área que deveria ser monitorada por agentes penitenciários é dominada por gangues criminosas. Vigilantes que deveriam impedir as irregularidades se abstêm e, em alguns casos, são facilmente corrompidos. Tudo isso acontece no Complexo Penitenciário de Pedrinhas, o maior do Maranhão, mas pode muito bem ilustrar o que acontece na grande maioria das 1.478 prisões no país”.

A repercussão tem causado choque não apenas pelas imagens brutais, mas também pela informação – sempre presente – de que mulheres e irmãs de presos estavam sendo obrigadas a fazer sexo para que seus companheiros não fossem assassinados, como ressaltou o francês Libération.

Fora a imprensa e a ONU, a Anistia Internacional também se manifestou pedindo que o Brasil aja para melhorar seu sistema carcerário, onde as violações aos direitos humanos constam há tempos em relatórios de organismos internacionais. (Exame)