Por Carlos Chagas

 

Terá sido necessário o assassinato de um cinegrafista para a opinião pública posicionar-se frontalmente contra os black-blocs que infestam, distorcem e desvirtuam o sentido das manifestações populares? Claro que não. Nada justifica a perda de uma vida nas condições em que Santiago perdeu a dele, quer dizer, trabalhando.

O problema é que esses animais continuam dispostos a assaltar, depredar e intranquilizar as principais cidades do país e confundir-se com os movimentos antes pacíficos.

Sendo assim, não basta a população condená-los, até diminuindo o número de manifestantes nas ruas, mas ainda suficientes para organizar verdadeiras praças de guerra. Muito menos será solução aumentar os contingentes policiais e liberar a truculência do lado da lei, com balas de borracha, sprays de pimenta e bombas de gás., coisa que apenas acirraria os conflitos.

Razão tem o Secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, quando acentua que apenas mudando a lei será possível arrefecer a baderna. Isso significa determinar a prisão preventiva de quantos foram flagrados depredando patrimônio público e privado. Estabelecer para eles mais do que uma quarentena a ser passada na cadeia, sem habeas-corpus, pois também processos penais por danos à ordem pública.

Um terceiro vértice do triângulo será da mesma forma necessário: mobilizar os organismos de inteligência de informação não apenas das Polícias Militares e Civis, mas das instituições correlatas, para identificar os meliantes, prendê-los e processá-los antes que se lancem na próxima empreitada. Se foi possível à polícia do Rio conhecer os dois assassinos responsáveis pela morte do cinegrafista, impossível não será sair atrás dos cabeças e dos principais agitadores. Mesmo mascarados, eles tem sido filmados.

Em suma, há um longo trabalho a desenvolver se queremos chegar a junho sem assistir à transformação das cidades sede da Copa do Mundo em campos de batalha. Menos pela sorte da competição, até, do que para o restabelecimento da paz nas ruas.