Por Vicente Nunes /Correio Braziliense

Por mais que a Fazenda e o BC tentem difundir otimismo — o presidente da autoridade monetária, Alexandre Tombini, garante que a retomada do crescimento virá antes de a inflação convergir para o centro da meta, de 4,5%, até o fim de 2016 —, o que se vê é uma administração totalmente perdida, sem liderança, movida a egos e que passa a impressão de só trabalhar com improvisos. Por isso, o Congresso está provocando tantos transtornos ao Planalto.

Entre os especialistas, a sensação é de que a presidente Dilma entregou os pontos, com apenas seis meses de mandato. Nem mesmo o trabalho de convencimento do ministro Joaquim Levy e de Tombini de que o ajuste fiscal é para valer e de que a inflação cairá para níveis mais civilizados tem servido de conforto. A expectativa é de que, a qualquer momento, todas as promessas de reordenamento da economia serão abandonadas.

Para se ter uma ideia desse ceticismo, não há hoje no mercado ninguém que acredite na capacidade da Fazenda de cumprir a meta de superavit primário de 1,1% do Produto Interno Bruto (PIB).

FRUSTRAÇÃO

“Olhando para o governo que se tem hoje, temos que estar preparados para todo tipo de frustração. Trata-se de um governo fraco politicamente, sem representatividade, com um nível altíssimo de rejeição”, avalia um dos maiores empresários do país. “Diante disso, ninguém se arrisca a tocar projetos que possam contribuir para a retomada do crescimento”, assinala. “Quem tem dinheiro em caixa está sentado em cima de títulos públicos — esses, sim, investimentos rentáveis e sem riscos no mar de incerteza que vivemos”, emenda.

Para o empresário, não são apenas os donos do dinheiro a expressar desalento em relação ao Brasil. A população, acredita ele, está farta de tanta informação negativa vinda do governo. A cada dia surge uma denúncia nova de corrupção. A sensação é de que a máquina pública está podre. “Não bastasse a Petrobras, estamos descobrindo que a Receita Federal está infestada de irregularidades, assim como a Casa da Moeda e o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). Como pedir paciência à população?”, indaga.