Fonte:  O Tempo

Em nota divulgada após reunião da Executiva Nacional do partido, que se reuniu nesta terça-feira (4), em Brasília, a sigla disse “reafirmar a orientação de combate implacável à corrupção”, mas não fez nenhuma referência direta ao petista, um quadro tradicional do partido.

“O PT é favorável à apuração de quaisquer crimes envolvendo apropriação privada de recursos públicos e eventuais malfeitos em governos, empresas públicas ou privadas, bem como a punição de corruptos e corruptores”, destaca o partido na parte final da nota.

O presidente da legenda, Rui Falcão, evitou mencionar o nome do ex-ministro na entrevista coletiva que concedeu esta tarde, mas acabou se referindo ao companheiro de partido quando questionado se acreditava em sua inocência.“Para mim, qualquer pessoa, não só o José Dirceu, qualquer pessoa acusada é inocente até que provem o contrário”, encerrou.

Perguntado diversas vezes se a ausência de uma manifestação formal do PT sobre a prisão de Dirceu não significava, como disseram alguns membros da oposição, que o partido estaria abandonando o ex-ministro, Falcão negou.

“Não estamos abandonando nenhum companheiro nosso. Independente de abandonar ou não, não se deve presumir a culpa antes que a culpa seja provada”, destacou o líder petista. Ele reiterou inúmeras vezes a necessidade de não se acusar sem provas, conforme descrito na nota.

SEM SOLIDARIEDADE

Nos bastidores, a cúpula petista avalia que não é o melhor momento político para fazer o sinal de solidariedade ao petista, quadro histórico da sigla.Na segunda, quando Dirceu foi preso, o presidente da legenda, Rui Falcão, disse que precisava tomar conhecimento das acusações contra o companheiro de partido antes de qualquer manifestação.

Ainda na tarde de segunda, o PT divulgou uma nota na qual apenas rebateu as acusações de que teria recebido dinheiro ilegal. O empresário Milton Pacowitch, preso na 13ª fase da Lava Jato, disse que repassou R$ 10,5 milhões em espécie ao PT, na sede do partido em São Paulo.

Falcão foi um dos que defendeu que não fosse publicado apoio formal a Dirceu, conforme apurou a reportagem. A tendência é que, se houver nos próximos dias alguma manifestação neste sentido, a sigla mantenha a linha mais branda da nota de ontem e não faça uma defesa direta do ex-ministro.

EM 2013 HOUVE DESAGRAVO

Em 2013, quando Dirceu, José Genuíno e Delúbio Soares foram presos pela condenação no processo do mensalão, o PT fez um ato desagravo durante o 5º Congresso da sigla, cujo tema era “Solidariedade aos companheiros injustiçados”.

De forma breve, os petistas também trataram da propaganda do partido em rede nacional que vai ao ar na quinta-feira (6). Eles decidiram manter o formato original pensado para a propaganda, que está sendo editada e deve ser distribuída às emissoras já na tarde de quarta (5).

Como a Folha de S.Paulo revelou, o programa será a primeira vez em que a presidente deve aparecer em rede nacional após o panelaço do dia 8 de março, durante discurso do Dia Internacional da Mulher.

A ideia era tentar resgatar, novamente, a imagem da legenda, mas integrantes avaliam que a nova prisão de Dirceu contribui para um desgaste ainda maior da imagem petista.