A saída menos traumática

Entre os dois cenários que se abrem para deletar a moribunda do poder, o menos traumático para o País é via a configuração de crime constatada pelo Tribunal de Contas da União. As pedaladas, rejeitadas pela unanimidade dos nove ministros do TCU, preservam o vice-presidente Michel Temer (PMDB), que assume imediatamente para levar o País a uma transição até as eleições de 2018.Se o impeachment for provocado pelas contas de campanha rejeitadas pelo Tribunal Superior Eleitoral, Temer também será arrastado. Neste caso, o presidente da Câmara assume e convoca novas eleições num prazo de 90 dias. Nesta saída, o País corre um grande risco de surgir um aventureiro como salvador da pátria diante do desgaste dos tradicionais políticos brasileiros.

Mesmo que não apareça um vendedor de ilusões, a nova eleição tende a levar o País a caminhar para uma eleição extremamente radicalizada diante do cenário político gerado pela cassação de uma chapa completa, no caso Dilma e Temer. Há quem diga que Temer não é flor que se cheire, mas sua posse se constituiria numa travessia sem grandes turbulências na medida em que constituiria um governo de coalizão.

Jurista, ex-presidente da Câmara dos Deputados, fino no trato e hábil articulador, Temer é, sem dúvida, a melhor solução para o País. Sua chegada ao poder devolveria ao mercado e aos brasileiros a confiabilidade, o que Dilma perdeu completamente, sem a mínima chance de resgatar.

Vários partidos já se dispõem a ajudar Temer nesta travessia, inclusive a banda saudável do PT, que não comunga com a roubalheira nem com os desmandos deste governo marcado pelo traço da corrupção. A crise, já disse aqui e repito, é de natureza política, com consequências econômicas.Tirar Dilma é a solução, mais do que isso a certeza de que pelo menos haverá o surgimento de uma expectativa positiva em relação ao futuro do País. Dilma não pode mais continuar porque seu governo se tornou altamente impopular, perdeu o apoio do Congresso e, portanto, a governabilidade.

Foi derrotada, na semana passada, no Tribunal Superior Eleitoral, no Supremo Tribunal Federal e no Tribunal de Contas da União. No Congresso, também foi derrotada, porque não conseguiu quórum para votar os vetos da pauta bomba. Com exceção da derrota no Congresso, as demais, ocorridas nos tribunais, abrem caminho para a abertura de processos legais de impedimento do seu mandato.