Projeto Água Viva, do Centro Feminista 8 de Março é o vencedor do Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social.

“Água Viva: Mulheres e o redesenho da vida no semiárido do Rio Grande Norte”, projeto apresentado pelo Centro Feminista 08 de Março, da cidade de Mossoró (RN) é o vencedor do Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social, na categoria Mulheres. A premiação foi realizada na última terça-feira (10) em Brasília. A tecnologia social, cofinanciada pela União Europeia (através do projeto “Mulheres: do Quintal ao Mar”), é resultado do processo de autoorganizaçao das mulheres do Assentamento Monte Alegre I, de Upanema (RN) e de professores e estudantes da Universidade Rural do Semiárido (UFERSA), que buscavam alternativas de convivência com a estiagem no semiárido.

As mulheres propuseram mudanças significativas nos hábitos de suas famílias para o uso racional do recurso hídrico, e toda a água utilizada nas atividades domésticas, como lavagem de pratos e de roupas, passou a ser purificada e reutilizada na irrigação de árvores frutíferas e hortaliças agroecológicas.

Antes de chegar ao seu destino final, a água que seria descartada passa por um processo de purificação por meio de filtros orgânicos, caixas e tubos instalados nas propriedades. A filtragem é feita com a utilização de produtos extraídos da região, como a palha de carnaúba e a fibra do coco triturada. Depois disso, o sistema de irrigação das hortaliças ocorre por meio de gotejamento. O acompanhamento e as análises laboratoriais que comprovam a qualidade da água e o bom funcionamento do projeto é feito pela universidade.

Rafael Oliveira Batista, professor da UFERSA e coordenador das atividades de pesquisa no projeto, explica que foi o Centro Feminista que levou a demanda para a universidade e que a parceria tem sido fundamental para a aplicação dos conhecimentos científicos gerados na universidade: “essa parceria foi imprescindível para o desenvolvimento desse produto que possibilita a convivência com o semiárido potiguar”.

Ivi Aliana, agrônoma do CF8 responsável pela tecnologia, comenta que a conquista desse prêmio é uma forma de reconhecimento pelo trabalho das mulheres: “Estamos muito contentes, porque foram 866 projetos concorrendo e esse resultado para nós é excelente. A tecnologia está possibilitando que as mulheres tenham alimentos saudáveis para o consumo e comercialização”, disse Ivi.

Realizado a cada dois anos, o Prêmio tem como objetivo identificar tecnologias sociais, que promovam o envolvimento da comunidade, transformação social e possibilidade de serem reaplicadas, implementadas em âmbito local, regional ou nacional e que sejam efetivas na solução de questões relativas à alimentação, educação, energia, habitação, meio ambiente, recursos hídricos, renda e saúde. Ao todo, 18 experiências no campo e na cidade disputaram o primeiro lugar em seis categorias.

Conceição Dantas, coordenadora do projeto, diz que “pra nós do centro feminista, que trabalhamos com a autoorganização das mulheres, esse prêmio significa o reconhecimento de uma construção de unidade entre feminismo e convivência com o semiárido. Esse prêmio vai contribuir não só para replicar a experiência, mas também vai servir para demonstrar o quanto é necessário ter a autoorganização das mulheres para que elas construam sua autonomia financeira, construam uma alternativa de viver no campo, viver bem, e construam sua autonomia pessoal da relação com a comunidade perante as dificuldades enfrentadas seja na família, seja na sociedade”.

Fonte: Assessoria