Artigo de José Dias: “O calvário do Rio Grande do Norte”.

“O Rio Grande do Norte enfrenta a pior seca dos últimos cem anos. É o que temos ouvido, falado, conversado, noticiado, e debatido em plenário, durante todo o ano de 2015. Dos 167 municípios, 90% deles estão em estado de calamidade por falta d’água. Coincidentemente, é o mesmo número atendido pela Caern, onde, dessas 153 cidades, mais da metade enfrenta grave crise no abastecimento, recebendo água através de rodízio, e 11 delas estão em colapso.

Essa triste realidade dos números, infelizmente, tende a crescer. As perdas são enormes e se acumularam e agravaram nos últimos três anos, quando o índice de chuvas ficou abaixo da média estadual, impedindo a recuperação do nível dos reservatórios. A produção de mel e castanha caiu em 90%, a de carne e leite em 50%. Só este ano a Caern já investiu mais de R$ 8 milhões para tentar enfrentar o problema, mais da metade com carros-pipa, e perdeu mais de R$ 4 milhões pela suspensão de faturamento em muitas cidades. Dos 36 reservatórios do Dnocs, 18 estão em volume morto, ou seja, com reserva abaixo do nível das comportas.

Quem trabalha no campo descreve a situação como “desesperadora”. Pior: está faltando água não apenas para os animais, mas para o povo. As ações ditas emergenciais, como os carros-pipa, já estão comprometidas. Não se tem certeza se dos poços ainda a serem perfurados – e desde que se obtenha os recursos necessários – sairá água, nem da sua qualidade, nem por quanto tempo.

O Governo do Estado, apesar das dificuldades que enfrenta, tem que ter a coragem e o valor de dar prioridade absoluta, acima de qualquer outra, à questão da seca. E o povo do Rio Grande do Norte espera ansiosamente, mesmo diante da atual crise nacional, um gesto digno de solidariedade por parte do Governo Federal e das regiões mais ricas do país.

“O custo das obras contra as secas nunca será inferior ao mérito da região a que se destina”, lembrou Câmara Cascudo no prefácio de “O Calvário das Secas”, de Eloy de Souza, 77 anos atrás. “Não parece humano nem lógico calcular, ante a possibilidade da morte ou da vida de milhares de criaturas, a média alcançada pelo dinheiro expendido. Seria tabelar o auxílio, antecipar quanto custaria, em juros certos, a salvação pedida por toda uma região.”  Como deputado estadual eleito pelo povo potiguar, este é o meu pedido aos governos Estadual e Federal: É preciso salvar o Rio Grande do Norte.”

Fonte; Assessoria