Apesar das negativas de Dilma e da sua equipe, não se fala em outra coisa em Brasília que não seja seu gesto extremo da renúncia ao cargo. Na sexta-feira, antes da votação do relatório do senador Antônio Anastasia (PSDB-MG) pela admissibilidade do impeachment, ela faria um pronunciamento à Nação comunicando a decisão. Dilma não é de renunciar, a palavra renúncia não existe em seu dicionário, sustentam aliados mais próximos.

Mas diante do afunilamento do processo, sem a menor chance de escapar em nenhuma instância, nem na comissão nem muito menos no plenário do Senado, a presidente pode rever conceitos, mudar estratégia, adotar outro rumo. Para o historiador Marco Antônio Villa, comentarista do jornal da Cultura, o governo Dilma derreteu.

“Com uma situação de impopularidade nunca antes vista na história do Brasil e envolvido em um escândalo gigante da magnitude da Petrobrás, o Governo de Dilma caminha para uma única saída, a renúncia”, diz Villa. Uma das jornalistas mais bem informadas do Pais, a colunista Mônica Bergamo, da Folha de São Paulo, aposta na possibilidade da renúncia antes de o relatório ser votado no Senado. Segundo ela, dirigentes históricos e ligados ao ex-presidente Lula acreditam que Dilma pode ser levada a uma atitude extrema. Dilma se retiraria para evitar uma conflagração no País. A presidente tem repetido que não renunciará ao mandato em nenhuma hipótese. João Goulart, em 1964, optou por fugir do País a reagir às forças militares que implantaram a ditadura.

Alegou que não queria um banho de sangue. Pode ser o mesmo caminho de Dilma, que, porém, não sairia do País. Aliados da presidente, que são mais dilmistas do que petistas, afirmam que petistas, inclusive de proa, querem se livrar da presidente. Petistas avaliam que, com Michel Temer no Governo, o alvo não será mais o PT. O partido deixará de ser vidraça e passará a ser estilingue. Dilmistas sugerem que a presidente está acompanhando dois movimentos — o dos petistas, que planejam deixá-la na chapada, como culpada pelo caos do Governo, e o dos aliados do vice-presidente. Publicamente, Dilma afirma que não renuncia de maneira alguma, para não ficar como uma espécie de “covarde”, uma Jânio Quadros de saia.

Privadamente, entre seus mais íntimos, cogita renunciar e, em seguida, conceder entrevistas indicando que não tem nada a ver com o que houve no seu Governo em relação aos escândalos. O legado seria do Lulopetismo. O líder do PT na Câmara, Afonso Florence (BA), foi categórico ao afirmar que Dilma não pensa em renúncia. “Ela não renunciará, porque não quer atribuir legitimidade ao golpe que estão promovendo contra seu Governo”, disse. O líder do Governo no Senado, Humberto Costa (PT), também descartou. “Não passa a renúncia pela sua cabeça”, garantiu.

Fonte: Blog do Magno