Mendonça Filho mostra domínio técnico.

 

Na entrevista às páginas amarelas da revista Veja, o pernambucano Mendonça Filho revela, com apenas dois meses à frente do Ministério da Educação, um vasto conhecimento do setor e domínio das questões de caráter técnico. Nela, define duas ambiciosas prioridades: garantir a elaboração de um bom currículo nacional e reformar o engessado ensino médio. “O atual sistema do ensino médio se apoia em uma ideia falaciosa, a de que ensinando uma única cartilha a todo mundo garante-se a igualdade de oportunidades”, destacou.

Para ele, justo seria o contrário. “Pessoas têm ambições, gostos e aptidões diferentes. Desconsiderar isso e querer que todos passem por um mesmo amontoado maçante de disciplinas é um erro que sepulta oportunidades no lugar de ampliá-las. Metade dos alunos deixa a sala de aula antes de concluir a escola. Que chances estamos dando a esses jovens? Zero”, acrescentou.

Sobre o Enem, resultante das mudanças que pretende fazer no ensino médio, Mendonça explica que a prova terá de ser readequada ao novo modelo. “Não dará mais para cobrar no exame tudo de todo mundo na mesma medida. A fórmula atual foi feita para o sistema único de ensino médio, que é exatamente o que queremos mudar. Uma das ideias é elaborar um exame de língua portuguesa, matemática e inglês aplicados a todos. Em outra parte, seriam testados conhecimentos de ciências humanas, exatas e biomédicas, a depender do curso escolhido pelo aluno”, adiantou.

Na longa entrevista, o ministro tratou, ainda, de outros assuntos, como a questão curricular nas disciplinas, voltando capítulos da Grécia, Roma e Revolução Francesa, retirados pelo Governo passado. “As crianças devem ser apresentadas a todo tipo de ideologia, de Karl Marx a Adam Smith. Não se pode ter uma leitura única na escola, um panfleto dogmático”, criticou. Mendonça fez ainda uma denúncia: o gasto de R$ 2,6 bilhões num programa de alfabetização para nada.

“Quase metade dos estudantes ainda chega ao 3º ano do ensino fundamental fora do nível esperado de alfabetização. Uma das grandes bandeiras petistas na Educação, o Pronatec também não foi efetivo em sua missão de colocar no mercado uma multidão de técnicos com aptidões demandadas pela economia, como fora prometido”, assinalou.

Numa tentativa de desmitificar o que o PT vendeu como revolução no ensino em sua era, o ministro informou que, nos últimos cinco anos, o dinheiro federal para o ensino superior cresceu num ritmo que representa o triplo do das verbas para o ensino básico, justamente onde tropeça a base da pirâmide. “Entre os jovens, 1,7 milhão compõe a geração nem-nem – nem estuda nem trabalha. Eles estão completamente fora do jogo. São o retrato de um péssimo sistema educacional”, afirmou.

Fonte: Blog do Magno