Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anunciou nesta quarta-feira (11) o terceiro corte seguido na taxa básica de juros da economia brasileira, de 13,75% para 13% ao ano.

 O corte, de 0,75 ponto percentual, é o maior em quase cinco anos – a última vez que a Selic teve queda semelhante foi em abril de 2012, quando passou de 9,75% para 9% ao ano. A decisão mostra que o BC decidiu acelerar o ritmo de redução da taxa de juros em meio às previsões de que a retomada do crescimento da economia brasileira pode demorar mais para acontecer e aos sinais de desaceleração da inflação. Mais cedo nesta quarta, o IBGE divulgou que a inflação fechou o ano de 2016 em 6,29%, abaixo do teto da meta perseguida pelo Banco Central, que era de 6,5%.

Com a decisão, a Selic recua ao menor patamar desde o fim de abril de 2015, quando estava em 12,75% ao ano. O corte promovido pelo BC foi maior que o esperado pela maioria dos economistas do mercado financeiro, que apostava em 0,50 ponto percentual. Os analistas das instituições financeiras ouvidos pelo BC preveem que, nos próximos meses, o Copom continuará a reduzir a Selic, que chegaria a 10,25% ao ano no final de 2017.

 

Decisão

Segundo o Banco Central, a decisão do comitê foi unânime e sem viés. Em comunicado divulgado logo após a reunião, o Copom informou que avaliou a alternativa de reduzir a taxa básica de juros para 13,25% e sinalizar uma intensidade maior de queda para a próxima reunião, mas que o cenário atual de inflação e de atividade econômica aquém do esperado tornou apropriado antecipar o ciclo.

“Entretanto, diante do ambiente com expectativas de inflação ancoradas, o Comitê entende que o atual cenário, com um processo de desinflação mais disseminado e atividade econômica aquém do esperado, já torna apropriada a antecipação do ciclo de distensão da política monetária, permitindo o estabelecimento do novo ritmo de flexibilização”, diz o comunicado. Para o comitê, a convergência da inflação para a meta de 4,5% em 2017 e 2018 é compatível com intensificação da flexibilização monetária em curso.

O BC afirmou ainda que a extensão do ciclo e possíveis revisões no ritmo de flexibilização “continuarão dependendo das projeções e expectativas de inflação e da evolução dos fatores de risco”, como as incertezas do mercado externo, o processo de desinflação de alguns componentes do IPCA e o processo de aprovação e implementação das reformas e ajustes necessários na economia. O comunicado afirma, no entanto, que a inflação recente continuou mais favorável que o esperado e que a atividade econômica mais fraca pode produzir desinflação mais rápida que as previstas nas projeções. A autoridade monetária cita que o Focus – pesquisa do BC com economistas do mercado financeiro – recuou a previsão de inflação de 2017 para 4,8% e a manteve ancoradas ao redor de 4,5% para 2018 e horizontes mais distantes. O BC menciona ainda que o processo de encaminhamento e aprovação das reformas fiscais têm sido positivos até o momento.

 

Inflação x atividade

O aumento da Selic, ou sua manutenção em um patamar elevado, é o principal mecanismo usado pelo BC para frear a inflação. O objetivo é encarecer o crédito para reduzir o consumo no país. Juros altos, no entanto, prejudicam a atividade econômica e, consequentemente, inibem a geração de empregos. Quando o Banco Central julga que a inflação está compatível com as metas preestabelecidas, pode baixar os juros.

Isso aconteceu a partir de outubro, quando o Copom passou a promover cortes na Selic tendo em vista as indicações de que o IPCA, a inflação oficial do país, caminhava para dentro da meta de 2016 perseguida pelo BC. Segundo o IBGE, o IPCA, que em 2015 havia acumulado alta de 10,67%, desacelerou para 6,29% em 2016. Apesar da queda, a inflação ficou próxima do teto da meta do ano passado perseguida pelo Banco Central (6,5%) e ainda distante do centro da meta, que era de 4,5%.