Por Flávio José Bortolotto

O presidente Donald Trump, do Partido Republicano, ganhou a eleição com discurso antiglobalização, nacionalista e desenvolvimentista. A globalização causou desindustrialização nos EUA, representado pelos “rust-belts” (polos industriais mais antigos), com perda de milhões de empregos de bons salários tipo “blue collors” (maioria de brancos sem formação universitária) protegidos por forte sindicalismo (AFL-CIO).

O governo Obama, para reduzir a crise social, criou milhões de empregos, mas maioria no setor terciário (serviços), comércio, alimentação, enfermagem etc., que são muito mais instáveis, desprotegidos de fortes sindicatos, e que pagam a metade de um salário industrial. Com a globalização, a economia americana continuou crescendo uma vez que a propriedade do capital (fábricas, tecnologia etc.) lá é de americanos, mas o trabalhador local empobreceu.

ELEIÇÃO GANHA – Esse sentimento do trabalhador americano, principalmente “blue Collor” é tão forte que Trump, apesar de politicamente incorreto, misógino, arrogante, gabola etc., tendo como concorrente uma mulher (política profissional experientíssima, Hillary Clinton) tendo contra ele 90% da imprensa etc., etc., venceu a eleição na maioria dos Estados, sendo decisivo os antigos polos industriais. É lógico que o Trump, sendo um bilionário parte do esquema das elites, não fará nada que prejudique os verdadeiros interesses do establishment. Nem pode.

Inteligentemente, ele viu que a corda da globalização foi esticada até o limite (Brexit, Le Pen na França etc.) e a China está perdendo rapidamente sua vantagem comparativa de baixos salários. Depois de 35 anos de“capitalismo”na China, essa geração pioneira está se aposentando e seus filhos, criados em relativa prosperidade e muito melhor escolarizados, exigem salário mais alto e a China passa de uma plataforma exportadora (fábrica do mundo) para voltar-se mais internamente e desenvolver seu imenso mercado interno. Muitos capitais (fábricas) voltarão para os EUA ou irão para outros países.

MAIS EMPREGOS – Para animar ainda mais o trabalhador americano, Trump promete um plano de construção de obras de infraestrutura de US$ 1 trilhão em quatro anos, com financiamento privado, não por impostos, o que agrada Wall Street, além de redução de impostos pessoa jurídica e pessoa física, expansão dos gastos militares principalmente proteção antifoguetes, fechamento das fronteiras para impedir o afluxo de imigrantes, principalmente mexicanos-América Latina, cujo “símbolo, e é só um smbolo”, é o famoso muro na divisa com o México, e manda para as cucúias as onerosas regulações ambientais que tanto dificultam as indústrias do petróleo, do carvão, mineração, química etc., etc. Para nós, brasileiros, isso é bom, porque deixa mais aberto o mercado mundial (sem TPP, NAFTA, TTIP etc.) para nossos produtos.