Por Silvia Zanolla

Quando a Lava Jato surgiu, trouxe um grande impacto sobre o Brasil, porque jamais imaginávamos a amplitude na corrupção no país. Políticos de esquerda e direita se revezaram no tempo e no espaço público, ora defendendo, ora condenando a operação. Vi mais de uma vez os mesmos políticos em tribunas elogiando Moro e em outros momentos vociferando contra o mesmo juiz.

No início tudo isso me entristecia, mas sempre apoiei as investigações. Uma ferida infeccionada, fétida e purulenta só vai se curar se o procedimento de esterilização e limpeza for intenso.

NÃO QUERO SABER … – Sei que muitos conhecidos meus discordam de mim e têm os seus motivos, mas cheguei a um ponto que não quero saber se Fachin foi do PT, se Gilmar defende o grande “Acordão”, se Aécio é mais corrupto do que Lula ou vice-versa. Também não quero saber por que Carmen Lúcia toma decisões ambivalentes, como serão as decisões de Marco Aurélio, se Moro é espião norte-americano, se os envolvidos foram corruptos em nome de um projeto político, se o Supremo vai ou não aparecer (ou até já apareceu) nas delações…  Para mim, prevalece somente que a certeza de que “contra fatos não há argumentos”.

Diante do caos que emerge dos três Poderes e da impotência do cidadão frente às esmagadoras reformas impostas, resta a esperança de que a Lava Jato continue operando.

ESPERANÇA – O sentimento não pode ser pessimista, precisa ser de esperança, sim. Entendemos isso quando voltamos no tempo e imaginamos como estaríamos se a Lava Jato não acontecesse… Com certeza, a ferida fétida e purulenta da corrupção estaria encoberta, contaminando todo o organismo, matando-o silenciosamente…Prefiro sempre a dor da consciência, por mais que isso cause sofrimento  e desconforto imediato. Minha esperança está no futuro.