Por Cleide Carvalho /O Globo

O ex-marqueteiro do PT, João Santana, e a mulher dele, Mônica Moura, foram arrolados como testemunhas de acusação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo Ministério Público Federal, na denúncia que envolve o sítio de Atibaia. Os dois firmaram acordo de delação premiada. Santana foi o marqueteiro das três últimas eleições presidenciais do PT: 2006, quando Lula venceu; e 2010 e 2014, quando Dilma Rousseff ganhou a disputa. A denúncia foi apresentada nesta segunda-feira à Justiça Federal de Curitiba e envolve R$ 1 milhão gastos com reformas no sítio. Para os procuradores, o valor refere-se a propina de contratos da Petrobras e as obras beneficiariam Lula e sua família.

Das 25 testemunhas de acusação contra o ex-presidente, 17 são delatores da Lava-Jato. Entre os arrolados pelos procuradores estão os políticos Delcídio do Amaral e Pedro Corrêa; os ex-diretores da Petrobras Nestor Cerveró e Paulo Roberto Costa; os operadores de propina Fernando Soares, o Baiano, e Milton Pascowitch, e os empresários Augusto Mendonça Neto (Setal), Ricardo Pessoa (UTC) e Milton Schahin (Grupo Schahin).

BITTAR DENUNCIADO – Segundo a denúncia do MPF, Lula recebeu R$ 1 milhão em vantagens indevidas da Odebrecht, OAS e Grupo Schahin, vinculadas a contratos da Petrobras. O valor teria servido para obras de melhoria no sítio, que está em nome de Fernando Bittar e Jonas Leite Suassuna Filho. Bittar foi denunciado por lavagem de dinheiro. Jonas Suassuna, não.

Num texto divulgado nesta segunda-feira nas redes sociais, Lula afirmou que a Força Tarefa da Lava-Jato levou 18 meses para admitir a verdade: o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não é, e nunca foi, dono de um sítio em Atibaia.

Em nota, a defesa do ex-presidente afirmou que “os procuradores reconheceram não ter qualquer prova de que Lula seja o proprietário do sítio”, já que não há denúncia vinculada à propriedade.