Por Pedro do Coutto

Na noite de segunda-feira, na cidade de São Paulo, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse ao presidente Michel Temer que o PSDB sai do governo se ele, Temer, for cassado pelo TSE e recorrer da decisão. O mesmo comportamento será adotado na hipótese de Temer recorrer ou então houver protelação do julgamento. A protelação no caso seria um pedido de vista para adiar o resultado do julgamento.

É o que afirma o jornalista Igor Gielow, Folha de São Paulo desta quarta-feira. O encontro teve a participação também do senador Tasso Jereissati e do ministro Moreira Franco. Durante o encontro, Michel Temer cobrou o que chama de lealdade da parte do PSDB, uma vez que na sua visão os tucanos têm faltado com um apoio compacto nos momentos que antecedem votações importantes. Fernando Henrique, por seu turno, frisou que a avaliação que vem sendo feita pelo PSDB leva em conta a falta de confiança quanto aos atos do governo no plano econômico o que contribui pra uma atmosfera de indefinição.

POSIÇÃO POLÍTICA – Este cenário acentuou FHC reflete na posição política de senadores e deputados que temem perder apoios eleitorais para 2018, se defenderem o governo. Exemplo disso está na corrida de Rodrigo Rocha Loures com uma mala de dinheiro na noite de 7 de março em São Paulo, sequência filmada pela Polícia Federal. Fernando Henrique citou a posição da ala jovem do partido, que está pressionando a direção em seu inconformismo com o fato de a legenda vincular-se ao governo. A ala jovem, assim como é chamada, defende o rompimento imediato do esquema do Palácio do Planalto e cita como exemplo da dificuldade que tem de apoiar o projeto de reforma da Previdência.

A ala jovem do PSDB argumenta que a permanência ao lado de Michel Temer assemelha-se a um abraço mortal nas urnas de 2018. FHC referiu-se também a uma análise agregada contida numa pesquisa no mercado que concluiu pela falta de otimismo da opinião pública – portanto, da população – quanto ao êxito do governo. A tônica do otimismo foi substituída por uma visão pessimista envolvendo, não só a economia, mas sobretudo o desfecho do governo.

RUPTURA DO PSDB – Na noite de quarta-feira, reportagem da GloboNews, abordou o tema ruptura do PSDB, destacando que os tucanos romperiam com Michel Temer, caso o relatório do Ministro Herman Benjamin seja favorável ao fastamento de Temer no dia 6 de junho e ocorra algum pedido de vista por parte de ministros que integram o Tribunal. A decisão, se confirmada, teria como alvo impedir qualquer manobra protelatória, pois como a revista Veja que está nas bancas publicou o voto do relator estaria elaborado no sentido de anular a vitória de 2014 da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer. Se tal fato se configurar, está valendo sobretudo a declaração de FHC contra a manobra destinada a protelar a decisão.

Nas últimas horas cresceu nos bastidores de Brasília que o sucessor de Michel Temer será ou Tasso Jereissati ou o próprio FHC. Nomes como de Nelson Jobim estão afastados de cogitações porque não alcançam um denominador comum que favoreça um amplo entendimento entre as legendas principais do Congresso Nacional.

 

A meu ver está mais para FHC que lançou inclusive quando a crise começou a crescer aceleradamente um amplo entendimento nacional, incluindo até o PT. O PT, sem Lula, evidentemente.