Por Vera Magalhães / Estadão

Tal qual um locatário que procura reunir os requisitos para fechar o contrato de aluguel de um apartamento, os que perseguem um “Acordão” que preserve o establishment político e detenha a Lava Jato estão em busca de um fiador. E está difícil encontrar. Em cada um dos grandes partidos, os interessados em um entendimento “por cima” que se traduza sobre o virtuoso nome de reforma política não podem assinar nada porque estão com o nome sujo na praça.

Na terça-feira, em seu discurso de rentrée no Senado, Aécio fez todos os acenos possíveis para o “Acordão”. Elogiou Michel Temer mais que qualquer peemedebista jamais ousou e poupou o PT mesmo das críticas pela condução da economia. O resultado é que também não foi apupado pela ruidosa bancada oposicionista no Senado, o que não deixa de ser sintomático.

AMBOS DENUNCIADOS – Afinal, a presidente do PT é a senadora Gleisi Hoffmann – assim como Aécio, denunciada na Lava Jato. Também ela não pode ser a fiadora do grande aluguel partidário. E o PMDB? Além de Temer na berlinda, o partido é presidido por Romero Jucá, outro que assistiu calado ao discurso de Aécio, em que o tucano deixou claro, sob o argumento de que há de se preservar o direito de defesa, que o que aconteceu com ele poderia acontecer com cada um ali.

SAÍDA POLÍTICA – Temer, Lula, Aécio e outros caciques tateiam por uma saída política, mas não há segurança alguma de que ainda consigam deter o trem da Lava Jato. Isso ficou muito claro quando o governo ainda esboçava um suspiro aliviado com a soltura de Rodrigo Rocha Loures e teve de prender a respiração diante da detenção de Geddel Vieira Lima. Um pelo outro, saiu caro para Temer. Foi recebido com desdém pela bancada do PSDB na Câmara o apelo de Aécio para que o partido continue apoiando Temer. Deve surtir efeito zero na votação dos tucanos na CCJ e no plenário. O Planalto já não conta com a influência do mineiro.