O impasse sobre o apoio ao governo Temer pode não deixar apenas sequelas políticas no tucanato. A amizade de Tasso Jereissati, presidente interino da legenda, e Aécio Neves, que se afastou do comando do partido após o escândalo da JBS, está na berlinda.

A animosidade entre os dois tucanos migrou do campo político para o pessoal.Já o PP quer exibir o maior índice de fidelidade a Michel Temer. Espera entregar ao governo cerca de 40 dos 47 votos.Enquanto isso, auxiliares do presidente o incentivam a convocar, na quinta-feira (3), rede nacional de rádio e TV para um pronunciamento sobre a votação na Câmara. Com a perspectiva de que Michel Temer saia vitorioso, ao menos uma fala para a internet já está sendo preparada.

A perspectiva de que o presidente conseguirá se livrar da denúncia de Rodrigo Janot, nesta quarta (2), não muda o fato de que o estrago causado pela crise política o obrigará a governar sobre novas bases. O PSDB, fiador da ascensão de Michel Temer, chegará ao fim do processo em frangalhos, profundamente dividido e com os cargos cobiçados pelo centrão. Este grupo, por sua vez, deixou claro ao Planalto que espera reconhecimento proporcional à fidelidade que apresentará no plenário. A constatação de que o enfraquecimento do PSDB amplia a dependência do governo do centrão é apontada como principal fator de instabilidade de uma “nova era” com Temer.

O grupo é conhecido pelo apetite por cargos. Integrantes de siglas como o PP, PR, PTB e PSD, por exemplo, já dizem contar com uma reacomodação de cargos na Esplanada após a votação da denúncia. O Planalto e seus aliados no Congresso passaram toda a tarde desta terça-feira (1º), véspera da votação da denúncia, definindo quais ministros seriam exonerados para retomar o mandato na Câmara e fazer declaração pró-Temer no plenário.