A Polícia Federal faz operação de busca e apreensão na casa do ex-procurador Marcelo Miller, no Rio de Janeiro. Os agentes também cumprem quatro mandados de busca em São Paulo; os alvos são a casa do empresário Joesley Batista, a residência de Ricardo Saud, a sede da empresa e a casa do delator Francisco Assis.

As autoridades buscam encontrar documentos e áudios que ainda não foram entregues para investigação. Os pedidos de busca e apreensão foram feitos pela Procuradoria-Geral da República e autorizados pelo relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, ministro Edson Fachin. A ação acontece no dia seguinte ao da prisão dos executivos da JBS, Joesley Batista e Ricardo Saud, que devem seguir já nesta segunda-feira (11) para Brasília.

Janice Ascari, procuradora que trabalha com o procurador-geral, Rodrigo Janot, acompanha a ação. De acordo com os envolvidos no caso, Ascari também estava presente no momento da prisão de Joesley e Ricardo Saud.

Miller é suspeito de fazer jogo duplo em favor da J&F, entretanto, ele nega veementemente. Ele afirma que “jamais fez jogo duplo ou agiu contra a lei”. O advogado Marcello Miller divulgou comunicado neste domingo (10) no qual diz repudiar “o conteúdo fantasioso e ofensivo das menções ao seu nome nas gravações divulgadas na imprensa”.

Suspeitas de intervenção do ex-procurador da República no processo de delação premiada dos executivos da empresa J&F na Operação Lava Jato levaram o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, a pedir a prisão de Miller, negada, porém, pelo relator da operação no Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Edson Fachin.

No texto divulgado pela sua assessoria de imprensa, Miller cita uma série de evidências de que não favoreceu os executivos da J&F. Ao fim, conclui que sempre acreditou na Justiça e nas instituições e que está à disposição para prestar esclarecimentos e auxiliar nas investigações. Entre os argumentos a seu favor, afirma que não tinha contato com Janot e atuação na Operação Lava Jato desde outubro de 2016. Ele afirma ainda que nunca atuou na Operação Greenfield, que investigou irregularidades envolvendo a J&F, nem na Procuradoria da República em Brasília.

“Enquanto procurador, nunca atuou em investigações ou processos relativos ao Grupo J&F, nem buscou dados ou informações nos bancos de dados do Ministério Público Federal sobre essas pessoas e empresas. Pediu exoneração em 23/2/2017, tendo essa informação circulado imediatamente no MPF (Ministério Público Federal). Nunca obstruiu investigações de qualquer espécie, nem alegou ou sugeriu poder influenciar qualquer membro do MPF”, traz a nota.