Por Carlos Newton

Desde o ano passado os jornalistas não têm mais acesso livre no Planalto. Somente circulam acompanhados de funcionários da Assessoria de Comunicação. Nem pensar em ir ao terceiro andar, onde funciona o gabinete presidencial. E não podem subir sozinhos ao quarto andar, onde ficam Moreira Franco e os secretários de Comunicação e de Imprensa, com suas equipes, além do marqueteiro Elisinho Mouco. Ou seja, os jornalistas ficam aguardando notícias no térreo. De vez em quando um celular toca, é algum assessor “vazando” ou “plantando” alguma notícia.

Para o presidente Temer e a equipe do Planalto, o final de semana é providencial, não há expediente no Planalto, o “vazamento” ou “plantação” de notícias pode ser ainda mais selecionado, até porque o foco das atenções agora está sediado em São Paulo, com os rotineiros boletins médicos, que quase sempre pouco revelam.

BATERIA DE EXAMES – Temer terá de fazer uma bateria de exames, que ninguém sabe se já foram iniciados na noite desta sexta-feira, pois Temer chegou de helicóptero ao Hospital Sírio-Libanês. O primeiro exame vai conferir a obstrução parcial na artéria coronariana, para avaliação da anestesia a ser aplicada na cistoscopia, que vai identificar a causa do sangramento que forma coágulos na bexiga, obstruindo a uretra. Dificilmente terá condições de reassumir o mandato na segunda-feira, dia 30. Foi muito sacrifício manter as aparências na quinta e na sexta-feira, Temer gravou vídeos para mostrar que está se recuperando, mas ninguém pode estar bem quando necessita usar um dreno na uretra.

Na quinta-feira, chegou a receber uma comitiva do Rio de Janeiro, e na sexta-feira o Planalto informou que ele teria recebido dois políticos em audiência — o líder do governo na Câmara dos Deputados, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), e o líder da bancada do PMDB, Baleia Rossi (SP). Mas não liberou as fotos das supostas reuniões. Ou sejam. foi armação…

 CHEGA MORALES – Nesta segunda-feira, Temer recebe a visita do presidente Evo Morales. Trata-se de uma reunião importante, porque o político boliviano é ligado aos petistas e foi um dos presidentes sul-americanos que denunciaram um “golpe congressista e judicial” no Brasil e retirou seu embaixador, após a destituição de Dilma, num gesto de protesto. O Brasil fez o mesmo, mas não houve rompimento de relações diplomáticas.

A vinda do líder boliviano indica uma nova postura dos governos de linha bolivariana – os outros são Venezuela, Cuba, Nicarágua e Equador. Temer precisa estar no Planalto, para receber Morales. Em seguida, o presidente boliviano participará de um coquetel seguido de almoço com ministros e deputados no Palácio do Itamaraty. Temer estará presente? Ou será representado pelo senador Eunício Oliveira? O deputado Rodrigo Maia, como se sabe, iniciou hoje um tour turístico por quatro países, acompanhado de nove parlamentares, que maravilha viver, diria Vinicius de Moraes.