Por Paulo de Tarso Lyra e Bernardo Bittar / Correio Braziliense

O PMDB é uma união de caciques regionais, que comandam os respectivos feudos políticos com completa autonomia e que, eventualmente, se reúnem para planejar ações no plano federal. É essa capilaridade que torna o partido essencial para qualquer governo instalado no Palácio do Planalto. Excepcionalmente, o partido vive, agora, seu momento de protagonismo no plano nacional, com Michel Temer. Mas a legenda, que tem a maior bancada da Câmara e do Senado, tem sido alvo da Lava-Jato. Só nesta semana houve operações e prisões no Rio de Janeiro e no Mato Grosso do Sul. Mas os estragos não ocorreram apenas lá.

O partido está na mira na Bahia, no Ceará, no Rio Grande do Norte, no Rio Grande do Sul, no Pará, em Roraima, em Rondônia, em Goiás, em Alagoas, no Ceará e no Maranhão.

MUITOS ESTRAGOS – É verdade que a Lava-Jato tem provocado estragos em várias legendas. O primeiro a sofrer os impactos da operação foi o PT, culminando com a condenação a nove anos e meio de prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A diferença é que, no caso dos petistas, o estrago foi em figuras nacionais. Já no PMDB, embora os investigados também estejam no plano federal, são eles que dão as cartas nos diretórios estaduais.

A situação mais grave, sem dúvida, é no Rio de Janeiro, onde o presidente da Assembleia Legislativa, Jorge Picciani, foi preso ontem. Também estão presos e condenados o ex-governador Sérgio Cabral e o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha. E o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Moreira Franco, foi denunciado pelo ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot e só não se tornou réu porque a Câmara rejeitou a denúncia contra ele, o também peemedebista gaúcho Eliseu Padilha e o presidente Michel Temer.

GEDDEL & CIA – A Bahia é outro exemplo. O partido é controlado à mão de ferro no estado pelo ex-ministro Geddel Vieira Lima, acusado de, entre outras coisas, de manter um apartamento destinado a guardar R$ 51 milhões em dinheiro vivo. Ele é irmão do deputado Lúcio Vieira Lima. O vácuo no diretório baiano é tão grande que já há quem cogite que o ministro da Secretaria de Governo, o tucano Antonio Imbassahy, deixe o PSDB e filie-se ao PMDB para assumir o controle estadual. Ele nega a intenção e os peemedebistas locais prometem montar barricadas para evitar que isso aconteça.

“O PMDB está parecendo um mingau que estão querendo comer pelas beiradas. Mas não tem problema. Quem estiver no centro desse prato vai conseguir manter o protagonismo da legenda”, desconversa o deputado Carlos Marun (MS). Mas na terça-feira, a 5ª fase da Operação Lama Asfáltica, batizada de Papiros de Lama, decretou a prisão do ex-governador André Pucinelli e do filho dele, Júnior. Ambos foram soltos, mas o escândalo se agravou.