Por Eduardo Aquino / O Tempo

Vivemos momentos de desvarios, insensatez. Mas é necessário. Faz parte da evolução civilizatória uma trajetória de altos e baixos, ápices e decadências. O diagnóstico de fim de era tem sintomas historicamente visíveis: promiscuidade sexual, abuso de bebidas e drogas, perda de autoridade e liderança por corrupção e compadrio, desigualdade social, para ficar entre as principais. Descremos na política, na Justiça, nos sistemas sociais e econômicos. Falta de fé e de crença uns nos outros faz desabar a estrutura social.

NADA A TEMER – Por isso, não há nada a temer. Somos privilegiados construtores de uma história que daqui a séculos será estudado como uma das fases mais importantes da civilização: a era da tecnologia, da inteligência artificial, da robotização em seres humanos que foram regredindo no afeto, animalizando, sentindo ódio por questões de cor, religiosas, de origem racial, nível social.

Usamos alta tecnologia para dizimar cidades, criar muros para isolar pobres, pretos, cinzas, amarelos, marrons e brancos. Elites vivendo em universo digital e excluídos tecnológicos vagando mundo afora buscando água e comida, sem saberem ao menos a ler. Esses bárbaros da atualidade estão descendo dos morros, dos porões, do submundo espalhando a violência, o terrorismo dos famintos e que se julgam injustiçados.

NOS PARAÍSOS – A elite ergue muros, usa carros blindados, voa, finge que não vê, esconde seu dinheiro nos cada vez mais raros paraísos fiscais. Até que um dia tudo termine, num desastre natural, num bug de ciberterrorismo, num surto viral, numa explosão solar que destrua as redes de satélites e as fibras óticas, deixando os dependentes eletrônicos e os tecnofílicos nus, estarão de volta ao século XIII, precisando da ajuda dos pobres, dos pretos, dos marrons, dos amarelos, aqueles que sabem caçar, colher, pescar, sobreviver sem Google,sem tecnologia. Tremenda guerra tribal.

Assim foi com os gregos, com os romanos, com os egípcios, com os babilônios e será com o os EUA e com o Vale do Silício, ainda mais com a atual guerra de secessão do general Trump versus os meninos da internet das coisas, além do Maquiavel moderno que atende pelo codinome de Putin.

EM COMUM – Somos o que temos em comum, não o que nos difere. Humanos, imperfeitos, animalescos em busca de evoluirmos para a divinização. Engatinhamos, mal compreendemos o que vemos, ouvimos, cheiramos, tocamos, degustamos. Vaidosos bárbaros brincando de ser máquinas.