Por Marcelo Remigio / O Globo

Presidente da Câmara, o deputado federal Rodrigo Maia (DEM-RJ) lança na próxima quinta-feira sua pré-candidatura à Presidência da República, durante convenção do partido. E a difícil corrida em busca dos votos terá de começar em casa. Filho do vereador Cesar Maia (DEM), ex-prefeito do Rio, Rodrigo viu o pai reprovar seu nome ao Planalto e defender o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), como a melhor opção para a disputa.

Em entrevista ao jornal “Valor” publicada na sexta-feira, Cesar Maia questionou quais seriam os motivos para o filho “abrir mão dessa situação (presidência da Câmara) que ele conquistou”. “Ele tem que ser candidato a deputado federal. Tem que se eleger bem. E tem que ser candidato a presidente da Câmara,” disse Cesar ao “Valor”, num discurso de proteção ao filho e ao mandato.

“BOM MENINO” – Rodrigo, por sua vez, preferiu agir como um bom menino. Mesmo defendendo sua futura candidatura como a “mais forte de Centro”, preferiu não criar polêmica:

“É declaração de pai, uma preocupação com um movimento que é, de fato, muito grande, de um partido que nunca disputou a Presidência da República desde 1989” — disse o presidente da Câmara, em visita à Barra Mansa, no Sul do estado, onde participou de uma reunião sobre Segurança Pública organizada pelo Observatório Legislativo de Intervenção Federal.

Sem concordar com o pai, Rodrigo Maia disse acreditar que Cesar tem tudo para mudar de ideia. “Ele (Cesar) conhece pesquisas. Ele sabe que se a gente não construir uma candidatura no campo do Centro, que não seja do PSDB, nós vamos entregar essa eleição para o PT, para a Marina (Silva) ou para o Ciro (Gomes). Porque, infelizmente, o candidato do PSDB, o Geraldo (Alckmin), ou qualquer outro (…) inviabilizará uma vitória no segundo turno” —, afirmou o deputado.

APROVAÇÃO – Cesar dá sinais de que pode passar a mão na cabeça do filho e adotar sua candidatura. Mais por obediência ao partido do que por convencimento por parte de Rodrigo:

“O DEM na convenção lançará o nome do Rodrigo para presidente. Com isso, as discussões preliminares e as hipóteses terminaram. Quinta-feira se aprova (o nome dele) por unanimidade” — disse, em meio à preocupação com o futuro de seu herdeiro político. Para Rodrigo, a rejeição de nomes tucanos entre o eleitorado seria um dos obstáculos para a construção de uma candidatura de Centro tendo o PSDB como cabeça de chapa.