Coluna do Estadão – Andreza Matais

A discussão no governo sobre o preço do combustível envolve uma preocupação: não melindrar o presidente da Petrobrás, Pedro Parente que assumiu o cargo há dois anos impondo como condições total independência e zero ingerência política. Qualquer movimento fora do script ele voltaria para casa. E tudo o que o governo não quer é perder um dos seus principais quadros. Um palaciano diz que Temer optou por não convidar Parente para reunião de ontem justamente para evitar a leitura de que há pressões pela mudança na política de preço.

O governo está entre a cruz e a espada. Ou desagrada a Pedro Parente ou vai ter de reduzir tributos federais que tenham impacto sobre os combustíveis. Algo que a equipe econômica não quer nem ouvir falar.

Os presidentes do Senado, Eunício Oliveira (MDB), e da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), que criticaram no fim de semana os sucessivos reajustes de combustível, defendem a redução de impostos como saída. A interlocutores dizem que o governo não correria o risco de perder Parente.

Enquanto o governo estuda como conter a alta na gasolina, o gasto dos deputados com combustível somou R$ 54 milhões de 2015 a 2017. O site Ranking Político calculou que daria para rodar o mundo mais de 3 mil vezes.