Elio Gaspari – Folha de S.Paulo

O atentado contra a vida de Jair Bolsonaro cristaliza o risco de que a eleição de outubro venha a produzir um vencedor sem escolher um presidente. Num eventual segundo turno entre Fernando Haddad e Jair Bolsonaro, ambos terão o voto de pessoas que pensam como eles, mas serão reforçados por eleitores que não votam de jeito nenhum num ou noutro.

Nas sete últimas eleições presidenciais, já existia o voto antipetista, mas prevalecia, em graus variáveis, uma preferência pelos tucanos. Isso mudou. Muita gente poderá votar em Fernando Haddad só para não ver Bolsonaro no Planalto, ou votar no capitão reformado só para impedir a volta do PT ao poder. No meio, ficará o nada.

Preferência é uma coisa, exclusão é outra. Quando o voto de exclusão supera o de preferência, consegue-se barrar aquilo que não se quer, mas não se elege um presidente.