Por Carlos Newton

Como se sabe, os boletins médicos estão sob censura e necessitam de tradução simultânea. O hospital informou que na noite de quarta-feira que Bolsonaro teve “distensão abdominal progressiva e náuseas”, que poderia ser causado por gases, e precisou passar por uma tomografia no abdômen. O exame identificou presença de aderência obstruindo o intestino delgado. Segundo o hospital, a solução do problema era cirúrgica. O boletim informou que, em uma das três perfurações sofridas no intestino delgado, formou-se uma fístula, um pequeno orifício, que provocou inflamação e gerou o quadro de aderência, que é uma obstrução intestinal.

A aderência (ou a união de dois tecidos do corpo) ocorre em decorrência da cicatrização interna em áreas que sofreram incisão cirúrgica, no caso, a realizada após a facada.

INFLAMAÇÃO – A aderência foi causada pela inflamação decorrente do trauma e dificultou a passagem de alimentos pelo intestino. Na cirurgia, as fístulas foram suturadas e as aderências foram liberadas.

“Além disso, constatou-se um extravasamento de secreção entérica (secreção intestinal) a montante do ponto de obstrução em uma das suturas realizadas anteriormente para correção dos ferimentos intestinais. Em grandes traumas abdominais esta complicação é mais frequente do que em cirurgias programadas”, diz o boletim da manhã desta terça. “A limpeza abdominal foi realizada como feito rotineiramente.”

Todos os pontos de possível obstrução foram tratados para reduzir a chance de novos problemas na região.

ELE PASSA BEM – O procedimento durou duas horas e terminou por volta das 23h30. Segundo os médicos, a nova intervenção foi bem-sucedida e o candidato passa bem. O boletim informa que ele não sentiu dores nem teve náusea durante a madrugada, mas nem poderia, por estar sob anestesia completa.

Os boletins médicos são controlados pela família. Na verdade, a situação de Bolsonaro é muito preocupante, porque ele voltou à estaca zero, mas agora está com o organismo combalido. O maior risco que vinha correndo desde a agressão era ocorrer infecção, devido a passagem de fezes (extravasamento de secreção entérica) para o interior do abdômen.

A nova operação também foi altamente traumática. A vida de Bolsonaro está em risco, mas ele precisa reagir e se recuperar, na graça de Deus. A política não pode se travar na ponta de uma peixeira.