Por Carlos Newton

Estamos em plena Praça da Apoteose. A escola Unidos de Bolsonaro se apresentou de forma magnífica, as arquibancadas gritaram que é campeã e os jurados confirmaram a vitória na apuração dos votos. Tudo é festa, tudo é alegria, mas a quarta-feira de cinzas desta vez cai em 1º de janeiro. Dali em diante, o país tem um encontro marcado com a trágica realidade da maior crise de sua história, com a situação de pré-falência da grande maioria dos estados e municípios.

O desafio que aguarda Bolsonaro na gestão da economia – interligada à saúde, educação, previdência, segurança etc, – é tão colossal que o futuro presidente precisa ser resguardado.

EXPOSIÇÃO EXCESSIVA – O problema é que , ao invés de poupar suas forças, que ainda são escassas, Bolsonaro está se expondo cada vez mais. Já teve dia em que concedeu  cinco entrevistas a emissoras de TV, e arranjou tempo para muitas outras coisas. Na verdade, entrou em clima de roda viva e já anunciou que terça-feira irá a Brasília, para a sessão comemorativa dos 30 anos da Constituição Cidadã, como dizia doutor Ulysses.

Será que na extensa família Bolsonaro e a na entourage não há uma só pessoa que possa dizer ao presidente eleito que é preciso submergir, não é hora de festejar nada, o que ele ganhou não é prêmio algum – pelo contrário, é um desafio assustador, que requer dedicação exclusiva, planejamento e seriedade.

Ao mesmo tempo, Bolsonaro não deve procurar encrencas. Desculpem voltar ao assunto, mas sua entrevista ao jornal “Israel  Hayom” foi de uma infelicidade absoluta. No Brasil não há atentados terroristas islâmicos, mas nos Estados o número de ataques contra judeus cresceu 60% nos EUA em 2017.

FORA DO CIRCUITO – O Brasil está fora do circuito do terror. Nossa posição não pode ser de enfrentamento aos palestinos. Devemos nos posicionar como os liberais israelenses, que defendem os direitos das minorias e querem entender os palestinos. “Os israelenses sabem que os palestinos têm direito a um Estado. Mas repudiam o terrorismo do Hamas. E se dividem sobre o premier Benjamin Netanyahu. Alguns adoram. Outros odeiam”, publicou o jornalista Guga Chacra em O Globo desta quarta-feira, dia 31.

Os brasileiros não podem comprar esta briga, até porque não precisam fazê-lo. É bem melhor conviver harmonicamente com todos os demais países, entre ele Israel e Palestina, conforme determina nossa Constituição, que o afoito Bolsonaro pretende homenagear nesta terça-feira.