O presidente eleito Jair Bolsonaro anunciou neste domingo (9) pelo Twitter o nome do advogado Ricardo de Aquino Salles para o Ministério do Meio Ambiente. Foi o 22º e último ministro anunciado para o novo governo.

O nome de Salles já era cotado para comandar a pasta. Ele concorreu a deputado federal de São Paulo pelo partido Novo nas últimas eleições. Com 36.603 votos, não se elegeu, mas  ficou na suplência.

Participação no governo Alckmin

Ainda enquanto integrante do PP, foi secretário particular do então governador paulista Geraldo Alckmin (PSDB) entre 2013 e 2014.  Em julho de 2016, retornou ao governo do tucano como secretário estadual do Meio Ambiente, cargo no qual permaneceu até agosto de 2017, após enfrentar desgastes por sucessivos enfrentamentos com líderes ambientalistas e por resistência ao seu nome dentro do próprio PP, cujos dirigentes expressavam publicamente a insatisfação com o desempenho do correligionário.

— Havia uma certa insatisfação no meio político e ambiental por causa de algumas ações da secretaria. Falei com o governador sobre a disponibilidade de substituir o Ricardo por alguém com um perfil mais conciliador, que pudesse repactuar com o setor ambiental — afirmou, à época, ao jornal O Estado de S.Paulo o deputado federal Guilherme Mussi, presidente estadual do PP.

No início do ano passado, Salles também passou a ser investigado pelo Ministério Público Estadual (MP-SP) por improbidade administrativa. Ele se tornou réu em ação civil pública após ser acusado de envolvimento em alterações irregulares de pelo menos seis mapas de zoneamento do plano de manejo da Área de Proteção Ambiental (APA) da Várzea do Tietê, que envolve 12 municípios cortados pelo rio.

O plano define as áreas de preservação e em quais locais são permitidas atividades de mineração e de industriais. Técnicos do MP constataram alterações em mapas que atenderiam a solicitações da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Tanto Salles quanto a Fiesp negam.  O processo aguarda decisão do juiz Fausto Seabra, da 3ª Vara da Fazenda Pública de São Paulo.

Ele também responde a um processo por improbidade administrativa, por violação aos princípios constitucionais da administração pública, e responde a um processo civil por dano ao erário.

Líder de movimento conservador

O futuro ministro é presidente do movimento Endireita Brasil, que defende uma “nova direita” na política brasileira, “liberal, ética e democrática”, segundo o site da organização. Com uma visão da necessidade de enxugamento do Estado, durante o período em que comandou a Secretaria do Meio Ambiente de São Paulo,  promoveu programa de concessão de 25 parques estaduais à iniciativa privada.

Em agosto de 2012, com o advogado Guilherme Campos Abdalla, Salles encaminhou à presidência do Senado pedido de impeachment do ministro do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, hoje presidente da Corte. O pedido de afastamento alega crime de responsabilidade, acusando Toffoli de agir com parcialidade em favor dos réus no julgamento do mensalão (ação penal 470). A solicitação de impedimento foi arquivada.

Natural de São Paulo, Salles tem 43 anos. Formou-se em Direito pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, com pós-graduação pelas Universidades de Coimbra e Lisboa, além de especialização em administração de empresas pelo CEAG-FGV.

O currículo de Salles inclui ainda o exercício da vice-presidência da Câmara Oficial Espanhola de Comércio no Brasil, e os postos de diretor jurídico da Sociedade Rural Brasileira (SRB) e conselheiro e diretor do Instituto Brasileiro de Concorrência, Comércio Internacional e Relações de Consumo (Ibrac). Exerceu, também, os cargos de diretor e relator de Relações de Consumo do Centro de Estudos das Sociedades de Advogados (Cesa), além de conselheiro e vice-presidente do Comitê de Desenvolvimento Sustentável da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Brasileira (CCILB), e conselheiro, diretor e vice-presidente da Sociedade Amigos do Real Parque (SARP).

Agência de Notícias