Via Painel da Folha

Na ponta do lápis, em valores corrigidos pela inflação, os R$ 150 milhões previstos para gastos diretos da administração federal com propaganda no primeiro ano do governo Bolsonaro equivalem a 16% do orçamento à disposição de Dilma Rousseff (PT) em 2011, ano em que ela chegou ao poder.

Mas não faz mal. Bolsonaro disse na sexta-feira que não quer mais dinheiro. O grosso do investimento do governo em propaganda tem sido feito por bancos públicos e empresas estatais, que têm gasto mais de R$ 2 bilhões por ano com publicidade. O presidente eleito promete rever esses gastos.

DONO DA BOLA - A direção do PT acha que Bolsonaro usará os primeiros dias de seu governo para criar fatos políticos de impacto em algumas áreas. Uma das apostas dos petistas é que haverá rompimento nas relações com Cuba e Venezuela, países vetados na posse do novo presidente.

O PT convocou integrantes de sua assessoria técnica na Câmara dos Deputados e no Senado para que fiquem de plantão durante o recesso parlamentar. Sua missão será examinar com lupa as primeiras medidas que forem encaminhadas pelo governo Jair Bolsonaro ao Congresso.

Os petistas pensam em recorrer a manobras regimentais para travar o avanço de propostas que devem ser enviadas nos primeiros dias de janeiro, como a reorganização dos ministérios de acordo com o desenho definido pelo presidente eleito.

REFORMA FATIADA – Ex-integrantes da equipe econômica do governo que atuaram na linha de frente de diferentes administrações nos últimos anos temem que Jair Bolsonaro (PSL) desperdice o bônus de sua popularidade se não escolher bem as batalhas que enfrentará no Congresso nos primeiros meses após a posse. Fazer a reforma da Previdência aos poucos será sua melhor opção para alcançar resultados rapidamente, eles dizem. Deixar para depois o debate sobre os impostos seria mais prudente, sugerem. Para esses observadores, o ideal seria começar com mudanças encaminhadas por Michel Temer (MDB), como a idade mínima para aposentadorias. O novo regime de capitalização proposto pelo futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, poderia ficar para depois, dizem.

Uma estratégia gradual também seria melhor para a reforma tributária, sugere um deles. Mexer nos impostos estaduais obrigaria Bolsonaro a enfrentar logo no começo negociações difíceis com os novos governadores, num momento em que muitos estados enfrentam situação financeira frágil.