Por Pedro do Coutto

A reportagem é de Felipe Frazão e a declaração que está no título dessa matéria foi do general Carlos Alberto dos Santos Cruz, ministro da Secretaria do Governo Jair Bolsonaro. O jornal que a publicou foi o Estado de São Paulo, edição de ontem, segunda-feira.

Passaram-se dois meses praticamente da posse aos dias de hoje e daí a surpresa do próprio general Santos Cruz quanto à não existência de um plano integrado de informação pública. Estou citando informação pública para que ela não seja confundida com publicidade isolada de conteúdo concreto.

PROPAGANDA – Ontem mesmo, O Globo, Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo e Valor publicaram páginas inteiras sobre a reforma da Previdência Social. Mas essas páginas não possuíam sequer uma afirmação concreta capaz de explicar a essência do projeto do governo e seus efeitos capazes de ir ao encontro da opinião pública.

As páginas em verde e amarelo foram editadas de forma simétrica mas no espaço não conseguiram apresentar nenhuma informação capaz de motivar as classes assalariadas. O sentido vago da publicidade, como sempre observo, resulta de um axioma.

O axioma é o contrário do teorema. Enquanto este último exige conteúdo concreto para comprovar o objeto da comunicação, o axioma não tem compromisso com nenhuma comprovação.

APENAS PUBLICIDADE – O axioma é o que se vê por exemplo no confronto em torno de produtos e preços que flutuam no universo das mensagens dirigidas, cada uma exaltando a qualidade de seus produtos, a melhor forma de pagamento, as vantagens embutidas nos preços. Nesses casos não se exige comprovação que leve a uma certeza. São impressões voltadas para as emoções de cada pessoa ou de cada grupo familiar.

Isso é uma coisa. A comunicação social é outra. Esta não é paga; portanto, nasce de um impulso jornalístico, voltada para um objetivo direto. Não há, como se constata, objetivos indiretos. A comunicação jornalística não implica em compra de espaço, daí porque os corretores das agências preferem logicamente a propaganda comercial. Ela gera naturalmente comissões que oscilam em torno de 20%, fora a despesa de produção.

EMOÇÃO E RAZÃO – Mas o essencial é chegar não apenas à emoção, mas também à razão das pessoas, diante de informações que traduzem o que realmente a mensagem tenta exprimir. Sem isso, qualquer publicidade terminará restrita a ela mesma e seu campo de atuação serão os desembolsos praticados pelo governo.

Já tenho dito várias vezes que é fundamental separar-se o teorema do axioma. Ressalto, mais uma vez, porque considero fundamental a sinceridade que viaja com a comunicação jornalística. O governo Bolsonaro, a meu ver, deve se afastar das mensagens pagas e se concentrar nas informações espontaneamente divulgadas pelos jornais e emissoras de TV e rádio.

Sobretudo, injetar informações concretas nas suas ondas de ligação com todo o povo do país.