Por José Carlos Werneck

O governo do presidente Jair Bolsonaro tem como prioridade um plano de desenvolvimento econômico e um programa de segurança nacional, que não se confunde com as ações isoladas de repressão necessárias pelo caos vivido pelo país, mas não tem um projeto político para resolver nossos velhos e conhecidos problemas institucionais. O Brasil necessita urgentemente de um projeto político, e para sua implantação é necessário que sejam convocados nossos melhores quadros.

É interessante lembrar que a inexistência de tal projeto não implica na ausência de objetivos políticos gerais. As urnas mostraram o desejo dos eleitores é pelo restabelecimento de um regime verdadeiramente democrático, que é o objetivo declarado de todo o processo e que é o compromisso anunciado do presidente Jair Bolsonaro.

SOCIEDADE ABERTA – O Presidente da República crê, sinceramente, que está indo ao encontro das aspirações nacionais e de seus objetivos, pois o próprio modelo de desenvolvimento – pelo qual a maioria dos eleitores optou – significa a decisão de implantar-se uma sociedade aberta, modelo clássico de instituições verdadeiramente democráticas.

Da mesma forma, o Programa de Segurança, baseado numa redistribuição de forças com a criação de medidas equivalentes, corresponde ao desejo de atingir-se os requisitos de estabilidade necessários à tão almejada luta contra a criminalidade.

Preocupado em implantar a longo prazo condições para uma experiência democrática baseada nos pressupostos de segurança e estabilidade, o governo não prioriza, por diversos motivos, nem tenta elaborar um modelo político a ser implantado paulatinamente, em paralelo à consolidação dos programas de Desenvolvimento Econômico e de Segurança Pública.

UMA PANACEIA – Fala-se na Reforma da Previdência como se isso fosse a panaceia capaz de resolver todos os nossos graves problemas. Perde-se muito tempo em brigas paroquiais de pitorescos ministros, preocupados com assuntos que não tem nenhuma importância para o Brasil e os brasileiros.

A falta de um projeto político para ser implantado inevitavelmente levará a uma consolidação do “mais do mesmo”. E o governo poderá cair na inércia e perder seu apoio popular.

As formas conhecidas de implantação de um regime verdadeiramente democrático são inúmeras, conforme nos ensina a História. A essência de instituições livres, porém, é uma só.

DUAS MANEIRAS – Como genialmente preconizou Joseph Rudyard Kipling, só existem duas maneiras de governar: partir as cabeças ou contá-las. As técnicas de fazer essa contagem diferem conforme cada nação e o modo de assegurar o exercício dessa maneira de governar muda conforme o tempo e o lugar.

O problema brasileiro, agora, é debater, discutir e pesquisar à exaustão para chegarmos a objetivos próprios e concernentes à nossa índole e à nossa formação para atingirmos nossas aspirações em toda sua plenitude, e isso precisa ser feito urgentemente, sob pena de mais uma vez perder-se o bonde da História e continuarmos a ser eternamente o país do futuro.