Por Pedro do Coutto

Uma pesquisa do Instituto Paraná, objeto de reportagem de José Benedito da Silva, na revista Veja que está nas bancas, com base nos impulsos de hoje, acentua aqueles que seriam candidatos à presidência da República nas urnas de 2022. Claro, são números que se afirmam por si mas que, no fundo, têm significado próprio. Aliás, há vários significados. Um deles a permanência de Jair Bolsonaro no seu eleitorado próprio. Outro significado é a rejeição à política partidária. Um terceiro, o destaque de Luciano Huck.

Mas é claro que o quadro atual, como se encontra hoje, dificilmente seria o mesmo transportado no calor e nas contradições da próxima campanha presidencial.

VER O CONTEÚDO – Mas digo sempre que em pesquisa não basta ver os fatos, no caso os números, mas sim seu conteúdo. Matéria de pesquisa eleitoral, da mesma forma, não basta ver os números mas principalmente o que eles traduzem.

É preciso uma leitura não futurista, porém capaz de retratar com boa percentagem de realidade a atual atmosfera política do Brasil. Na sucessão de 2018 o confronto entre a corrente favorável a Lula e a corrente que mais o atacava levou a melhor em matéria de votos.

O clima resiste agora, um ano depois, colocando novamente o confronto de um ano atrás. O nome de Lula foi colocado pelo Instituto Paraná. A meu ver sua candidatura aproxima-se do impossível. Mas não é esta questão.

LULA VAI BEM – A questão essencial é que o ex-presidente Lula coloca-se bem no levantamento. Jair Bolsonaro também. Venceria todos os outros candidatos, à exceção de Sérgio Moro.

Entretanto, o ministro da Justiça não poderia ser candidato de si mesmo: precisaria de uma legenda partidária. Acrescenta-se um detalhe, sua meta, no fundo é o Supremo Tribunal Federal.  É natural para um juiz que tanto se destacou no combate a corrupção, desmontando o triângulo política, administração e empresariado. Porque a corrupção depende de maneira irretocável da adesão do sistema empresarial.

Isso porque são as empresas que pagam as comissões ilegais e imorais da vida brasileira. Foi assim no mensalão, foi assim no petrolão.

MOEDA DE TROCA – O dinheiro público entra na equação como moeda de troca, porque pagar gigantescas comissões só foi possível com gigantescos contratos de obras públicas que proporcionaram também ganhos à iniciativa privada.

Mas eu disse que a pesquisa revelou a permanência do apoio a Bolsonaro e de rejeição aos demais políticos. Os demais políticos no caso são João Dória, Fernando Haddad entre outros nomes. Do lado da não política situam-se Sérgio Moro e Luciano Huck.

Jair Bolsonaro alcança de 43 a 46% das intenções de voto. Venceria qualquer um menos Sérgio Moro. Quanto a Lula Bolsonaro alcançaria 46 pontos contra 38.  Vejam este exemplo de rejeição à política. Enfrentando Luciano Huck, Bolsonaro venceria com 43% contra 39. Mas o apresentador da Globo está bastante firme na viagem que empreende ao quadro partidário do país.

MORO À FRENTE -Para finalizar, vemos que em um confronto entre Sérgio Moro e Jair Bolsonaro, o ministro da Justiça alcançaria 38 pontos contra 34%. Para mim, a redução da diferença entre os dois tem uma explicação. Uma boa parte dos eleitores e eleitoras dispostos a votar em Bolsonaro inclui o prestígio adquirido pela presença de Sérgio Moro no governo.

Este o panorama de hoje, com grande distância do desfecho nas urnas e sem a sensibilização que as campanhas presidenciais alcançam.