Por Pedro do Coutto

O ministro da Educação, Abraham Weintraub, por sua atuação na reunião ministerial de 22 de abril, tornou-se de fato, neste momento, o maior problema para o governo. Seus ataques ao Supremo Tribunal Federal, sustentando que os ministros daquela Corte são vagabundos e ainda por cima, alterando a voz para que fossem presos, representou uma explosão no próprio governo a quem desejava destacar e agradar.

Foi um fato altamente negativo que a meu ver torna sua permanência na Educação impossível. Não só pelo absurdo do ataque em sim, mas porque atrai contra o governo uma reação em cadeia no poder Judiciário.

AULAS DE DESEDUCAÇÃO – Não sei como o presidente da República pensa a respeito do assunto e se propõe exatamente a hipótese da demissão. Afinal de contas, a presença de Weintraub na Educação conduz de modo absoluto a um capítulo que podemos chamar de deseducação. Sua permanência na pasta está fortemente abalada e não creio que em sã consciência apareça alguém para defendê-lo. Nem mesmo o filósofo Olavo de Carvalho, guru em quem se espelha.

É só ver a situação de forma isenta para se chegar a conclusão de que Weintraub atraiu para si tanto a onda da oposição quanto a governamental. E justamente no momento em que o Centrão está reivindicando cargos para votar no Congresso a favor do Palácio do Planalto. A tempestade vai abranger pelo menos uma tentativa de indicação de um parlamentar escolhido entre as legendas que gravitam em torno do governo.

Porém, o estrago causado pelo ainda titular da Educação não tem limites e sempre permitirá que qualquer partido possa condená-lo pela inabilidade política. Nunca houve um ministro da Educação como Weintraub.

CENTRÃO E GUEDES – No espaço que ocupa aos domingos no Globo e na Folha de São Paulo, Elio Gaspari volta a abordar o caso Sérgio Moro e seus reflexos. De fato, o Centrão é um centro de negócios, a exemplo do que a Operação Lava Jato revelou ao país. Sérgio Moro surgiu exatamente no julgamento e condenação de vários integrantes. Vou lembrar que até o momento não houve nenhuma decisão de qualquer Tribunal Superior que não confirmasse suas sentenças. Pelo contrário. Algumas delas ampliaram até as penas que recaem sobre o ex-presidente Lula.

Elio Gaspari lembra as intervenções do ministro Paulo Guedes na reunião ministerial de abril. Referindo-se ao Centrão, Guedes disse que “nós governo, podemos conversar com todo mundo, uma questão de poder”. Na coluna Gaspari cita o deputado Alceu Moreira, presidente da Frente Parlamentar do AgroNegócio, que disse que” ninguém pode adivinhar o que pode acontecer no momento em que o Palácio do Planalto resolve recorrer à velha política. Nem sempre o inevitável acontece.”

SAÍDA DO MINISTRO – Para mim, é inevitável a saída de Weintraub do governo. Ultrapassando limites deslocou-se para um radicalismo que comprometeu sua própria permanência no cargo. Outro ministro em foco é Ricardo Salles pelo que disse na reunião de 22 de abril. Afirmou que a crise da pandemia favorece mudanças na legislação do meio ambiente.

São coisas da política e da luta pelos espaços de poder. Entretanto, o Poder tem obrigação de ser construtivo porque dele depende a vida da população brasileira.