Utilização do PIX cresce em 2022 — Foto: Reprodução/Banco Central

Imagem: reprodução/Banco Central

O PIX, sistema de pagamentos instantâneos, abocanhou participação no mercado de instrumentos de pagamentos e atingiu 29% de todas as transações registradas em 2022, contra 16% do total em 2021. As informações foram divulgadas pelo Banco Central nesta quarta-feira (31).

Essa modalidade de pagamentos começou no fim de 2020, em meio à fase mais aguda da pandemia da Covid-19. O principal objetivo do sistema foi aumentar a digitalização das transações financeiras no Brasil.

“A partir do final de 2020, o expressivo crescimento do uso do PIX reduziu, em termos relativos, a participação dos demais meios de pagamento e de transferência na quantidade total de transações financeiras”, informou o Banco Central.

De acordo com a instituição, a evolução da quantidade de transações por meio do PIX demonstra que esse instrumento teve importante papel no significativo aumento na quantidade de transações do ecossistema de pagamentos como um todo, proporcionando a participação de pessoas que nunca haviam realizado transferências.

“Em apenas dois anos de operação, entre novembro de 2020 e dezembro de 2022, o Pix tornou-se o instrumento com maior quantidade anual de transações”, acrescentou o BC.

A instituição informou que também foi observado um incremento expressivo da quantidade de transações com cartões de débito e pré-pago, sendo que, nos cartões pré-pagos, isso faz parte do crescimento das instituições de pagamento.

“Essas instituições vêm tendo papel relevante na inclusão financeira, ao proporcionar contas de pagamento a pessoas que anteriormente não tinham nenhum relacionamento com o sistema financeiro, sendo, por exemplo, as instituições em que muitos jovens iniciam seu relacionamento com o sistema financeiro”, informou o BC.

Ao mesmo tempo, ainda segundo o Banco Central, a quantidade e o volume financeiro de saques em ATMs e agências bancárias vêm se reduzindo ao longo do tempo de forma gradual.

“De 2020 em diante, essa redução de uso parece ser mais acentuada, o que pode ser explicado pelas mudanças comportamentais da pandemia, a introdução do PIX e o aumento de transações com cartões”, concluiu.

g1

Com a criação do Pix em novembro de 2020, mudanças comportamentais geradas pela pandemia de Covid-19 e o aumento das transações com cartões, os brasileiros usam cada vez menos o dinheiro em espécie para fazer pagamentos do dia a dia. A avaliação é do estudo do Banco Central (BC) Evolução de Meios Digitais para a Realização de Transações de Pagamento no Brasil. As informações são da Agência Brasil. 

Em 2019, os saques de dinheiro em caixas eletrônicos e agências somaram R$ 3 trilhões. Em 2020, o total caiu para R$ 2,5 trilhões e para R$ 2,1 trilhões, em 2021 e 2022. Em 2020, as transações por meio do Pix somaram R$ 180 milhões. No ano seguinte, R$ 9,43 bilhões, e em 2022, R$ 24,05 bilhões.

Já quando se trata de transações de valores mais altos, a indicação do estudo é de que há preferência por transferências bancárias (inter e intrabancárias), que responderam por cerca de 65% de todo o volume financeiro de 2022. O Pix foi responsável por 12% das transações.

Segundo o estudo, em relação ao valor médio das operações “há uso preponderante do Pix e dos cartões (especialmente o pré-pago) nas transações de valor mais baixo, indicando seu papel importante na inclusão financeira, deixando as transferências tradicionais como principais opções para transações corporativas, de valores substancialmente mais altos”.

O mandato do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, vai até dezembro de 2024 e ele pretende continuar no cargo até lá, mesmo com as pressões vindas do governo. Em entrevista para a Globonews, ele destacou que não vai abreviar o seu tempo na autoridade monetária e que o ideal seria não fazer nenhuma modificação da meta de inflação – algo que vem sendo estudado pelo governo – uma vez que o cenário econômico ainda é de muita incerteza.

“Mudanças na meta têm de ser feitas visando eficiência, não flexibilidade”, disse em entrevista. “Em relação à meta contínua, fizemos estudo que mostrava alguma ineficiência de meta de ano-calendário”, completou.

O Ministério da Fazenda estuda uma forma de flexibilizar o regime de metas. A ideia é que o governo adote um tempo mais longo para cumprimento do objetivo. Ou seja, deve ser substituída a regra baseada em ano-calendário. Atualmente, as metas são definidas ano a ano, sendo que as metas de inflação para 2023, 2024 e 2025 são de 3,25%, 3% e 3%, respectivamente.

Money Times

Foto: iStock

PIX — o sistema de pagamentos instantâneos do Banco Central do Brasil receberá duas novas medidas de segurança para combater possíveis fraudes, de acordo com o anúncio realizado pela autarquia. A partir de 5 de novembro de 2023, quando o PIX se aproxima do seu terceiro ano em atividade, as mudanças entrarão em vigor.

A primeira medida consiste em uma notificação de infração que alerta quando uma determinada chave foi utilizada de forma suspeita. Já a segunda medida tem como objetivo aprimorar a consulta de informações vinculadas às chaves Pix para fins de segurança.

Com essas novas ferramentas, o Banco Central espera aprimorar a segurança do Pix e garantir uma experiência mais confiável aos usuários. No entanto, a implementação desses recursos dependerá de uma evolução técnica na tecnologia do sistema de pagamentos instantâneos, reitera o órgão.

Uma das funções é um selo que indica quando há suspeita de fraude nas transações. As empresas que oferecem o serviço vão marcar a chave dos clientes quando houver suspeitas de golpes, estelionato, invasão de conta, ou outras coisas parecidas. Por exemplo, se alguém tentar abrir uma conta no Pix usando o nome de outra pessoa, essa conta poderá receber uma marcação.

O outro mecanismo envolve consulta das informações de segurança armazenadas no sistema do Pix. O Banco Central reformulou as informações disponibilizadas às empresas para ajudar a prevenir fraudes. Isso inclui informações sobre a quantidade de fraudes do tipo “conta laranja” ou falsidade ideológica, a quantidade de notificações de infração recebidas, a quantidade de contas vinculadas a um usuário, entre outras.

Conexão Política

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu pela manutenção da taxa de juros – a Selic – em 13,75% ao mês. Esta foi a primeira reunião do Comitê após a entrega do projeto de novo marco fiscal para ser analisado e votado no Congresso. Também é a sexta vez seguida em que foi decidida a manutenção da taxa. Assim, o patamar de juros continua no maior nível desde dezembro de 2016. A última reunião em que a taxa foi alterada, em 3 de agosto do ano passado, houve alta de 0,5 ponto percentual. Na primeira decisão de manutenção da taxa, em 21 de setembro de 2022, o comunicado do Copom apontava que, apesar da manutenção, não estava descartada nova alta caso “o processo de desinflação não transcorra como esperado.” O resultado do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de março indica que há um processo de desinflação gradual em curso no Brasil — de acordo com especialistas consultados pela CNN. De acordo com a última divulgação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 11 de abril, a inflação desacelerou a 0,71% em março

Foto: Sergio Lima/Poder 360

O presidente do BC (Banco Central), Roberto Campos Neto, disse que a inflação prejudica os mais pobres e que não é possível reduzir a taxa básica, a Selic, na canetada. Ele participou de audiência pública na CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) no Senado. A comissão é presidida pelo senador Vanderlan Cardoso (PSD-GO).

Campos Neto voltou a argumentar que o custo social de não combater a inflação é muito superior ao do impacto no curto prazo dos juros altos. Defendeu que não é possível reduzir a Selic na “canetada”.

Se fosse fácil resolver o problema com canetada já tinha feito. Obviamente, que se a gente fizer uma canetada, ou seja, uma queda de juros artificial, o que vai acontecer é que você vai estar passando uma mensagem que a remuneração [dos ativos] não está apropriada para o seu risco”, declarou.

Nesse cenário, Campos Neto disse que o real desvalorizaria, os investidores retirariam o dinheiro do país e haveria um processo de expectativa de inflação crescente.

No final das contas, você ia terminar com uma moeda mais desvalorizada com uma inflação maior”, declarou Campos Neto. Ele disse que a inflação pune muito os mais pobres, e essas pessoas seriam prejudicadas.

“Obviamente, não tem nenhuma mágica, nenhuma bala de prata. O que a gente precisa é ganhar credibilidade”, argumentou.

REFORMA PROPOSTAS

O presidente do BC defendeu 3 pautas prioritárias para o país em conversa com senadores:

  • um novo marco fiscal;
  • uma reforma tributária;
  • e uma reforma administrativa.

Sobre a reforma administrativa, ele disse que é importante o país mostrar “alguma coisa que a gente consiga mostrar que tem capacidade de cortar gastos de uma forma mais estrutural”.

Também recomendou que haja digitalização dos serviços públicos. Disse que conversou com autoridades indianas que disseram ter economizado com o aumento da tecnologia. “A tecnologia e digitalização de serviços públicos é capaz de gerar uma grande economia para o governo”, disse.

DIRETORES DO BC

Campos Neto afirmou que 2 dos 7 diretores do Banco Central são do mercado financeiro. “Nós temos 1 que é acadêmico e 4 que são funcionários da casa”, declarou. Segundo ele, há um equilíbrio, mas que poderia ter mais acadêmico ou mais funcionários do BC. “Não tem nenhuma obrigatoriedade”, disse.

AUDIÊNCIA PÚBLICA

Campos Neto tem sido alvo de críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do governo em relação ao nível considerado baixo da meta de inflação, a alta taxa básica, a Selic, e a autonomia da autoridade monetária.

O juro base está em 13,75% ao ano. Não houve alteração em 2023 e o Banco Central sinaliza que a taxa deverá ficar nesse patamar por tempo prolongado para controlar a inflação, medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo).

A inflação do país foi de 4,65% no acumulado de 12 meses até março. Voltou a ficar abaixo de 5% depois de 2 anos. A taxa anual está em queda há 9 meses.

Poder 36

 

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, vai ao Senado na terça-feira (25) em audiência da Comissão de Assuntos Econômicos marcada para às 9hs. O presidente da autoridade monetária vai falar sobre dois temas: os juros mais altos, por requerimento do presidente da CAE, senador Vanderlan Cardoso (PSD-GO), e sobre o erro na série de câmbio nas estatísticas do setor externo do Banco Central, entre outubro de 2021 a dezembro de 2022, por proposta do senador Alessandro Vieira (PSDB-SE)

Em seu requerimento, o presidente da comissão ressalta que a atual taxa Selic de 13,75% vem sendo criticada por ser considerada muito elevada pela atual equipe econômica do governo federal. As queixas também partem de setores econômicos, a exemplo da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Alessandro Vieira quer que Campos Neto esclareça o que permitiu o erro na série de câmbio e a sua permanência por mais de um ano – só foi descoberta em 2023 -, quais providências foram adotadas para correção, quais foram os impactos negativos dessa falha na economia e que ações o BC está tomando para “aperfeiçoar os controles internos da instituição frente à sua clara insuficiência”.

“Por suas características, é bem possível que haja graves insuficiências nos controles internos da instituição, o que é especialmente preocupante dada a elevada importância do Banco Central na economia brasileira”, afirmou o tucano.

Depois das reiteradas falas do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), pressionando o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, em relação à queda da taxa de juros, o chefe da autarquia afirmou que a discussão leva em consideração “um componente político em um assunto que é técnico”. “O Banco Central é um órgão técnico que toma decisões técnicas, sem viés político”, afirmou. “O timing técnico é diferente do timing político”, disse ele durante o Lide Brazil Conference, realizado em Londres, nesta sexta-feira, 21. Campos Neto não citou o senador durante sua fala.  Nomeado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, Campos Neto reiterou que o BC atua de forma técnica e independente, relembrando a elevação da taxa básica de juros, a Selic, de 9,25% para 13,75% em ano eleitoral. As informações são da coluna Radar, da Veja online.

 

Foto: Pedro Gontijo/Senado Federal

A equipe econômica do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem se empenhado, desde o início do ano, em aumentar a arrecadação. O objetivo é melhorar as previsões para as contas públicas a possibilitar uma redução da taxa básica de juros da economia.

Essa estratégia faz parte da chamada “harmonização” entre a política fiscal do governo (arrecadação e gastos públicos) e a política monetária conduzida pelo Banco Central (juros e combate à inflação). O patamar dos juros brasileiros, em 13,75% ao ano, é o mais alto do mundo em termos reais (ou seja, descontada a inflação de cada país).

O percentual tem sido criticado reiteradamente pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e integrantes do governo, por desacelerar a economia e influenciar negativamente a geração de empregos. O BC autônomo é comandado por Roberto Campos Neto, indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A condução da política de juros tem por base o atingimento da metas de inflação definidas pelo governo nos últimos anos.

Arcabouço fiscal

A nova regra para as contas públicas, chamada de “arcabouço fiscal” e anunciada na semana passada pelo governo, foca justamente no aumento das receitas públicas. A proposta de arcabouço contempla um espaço para aumento real de gastos entre 0,6% e 2,5% ao ano (acima da inflação), que será limitado a 70% da variação da receita do ano anterior.

O plano também traz metas para as contas públicas com base o resultado primário (que consideram receitas e despesas, sem contar os juros da dívida). O governo informou que busca zerar o déficit fiscal em 2024 e obter resultados positivos em 2025 e 2026.

Aumento de arrecadação…

Para cumprir o arcabouço fiscal e garantir crescimento econômico, o governo já anunciou algumas medidas idealizadas para aumentar a arrecadação federal. Veja a lista:

– Programa de parcelamento extraordinário de dívidas, chamado de “Litígio Zero”, nos moldes dos antigos programas conhecidos como Refis. A estimativa é de arrecadar entre R$ 35 bilhões e R$ 50 bilhões nesse ano.

-Retorno do do voto de desempate a favor do Fisco nos julgamentos do Conselho de Administração de Recursos Fiscais (Carf) – órgão colegiado responsável pelo julgamento de recursos de empresas multadas pela Receita Federal. A expectativa é de arrecadar até R$ 50 bilhões em 2023.

-Retirada do ICMS da base de cálculo dos créditos tributários de Pis/Cofins, ou seja, o crédito tributário a que o contribuinte tem direito vai diminuir. A medida pode aumentar a arrecadação em R$ 30 bilhões.

-Volta parcial de impostos federais para a gasolina e o etanol. A reoneração, implementada por meio de medida provisória, tem validade de março em diante. Para a gasolina, o aumento foi de R$ 0,47 por litro e, no caso do álcool, de R$ 0,02 por litro. O diesel segue desonerado até o fim desse ano. A projeção é arrecadar cerca de R$ 22 bilhões em 2023

Enquanto tenta aumentar a arrecadação, o governo também estuda formas de cortar despesas – ou seja, reduzir o gasto para que o dinheiro possa ser remanejado para investimento e programas sociais.

Até agora, no entanto, duas medidas nesse sentido foram anunciadas: revisão de contratos e programas, com impacto de R$ 25 bilhões; autorização para gastar abaixo do previsto na lei orçamentária, com estimativa de economizar mais R$ 25 bilhões.

…e redução de despesas

De acordo com análise da Instituição Fiscal Independente (IFI), órgão ligado ao Senado Federal, porém, a revisão de contratos, embora seja “sempre desejável”, esbarra na incerteza sobre seus efeitos.

“A segunda medida [ gastar abaixo do previsto] ainda carece de esclarecimentos, mas a análise dos últimos anos sugere que provavelmente o gasto primário será inferior ao previsto no Orçamento de 2023”, acrescentou.

Analistas do setor privado avaliam que faltam indicações mais claras sobre o controle de gastos públicos e, também, de medidas para reduzi-los.

E citam, entre as possibilidades, mudanças ou fim do abono salarial; a contenção de gastos com servidores por meio de uma reforma administrativa; e a fusão de políticas sociais para evitar o acúmulo de benefícios.

Em entrevista à “Folha de S.Paulo”, publicada neste sábado (8), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, informou que vai propor até o fim do ano ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva novas regras para o crescimento das despesas obrigatórias e vinculações orçamentárias. “Penso que uma discussão séria sobre perenidade de regras como essa deveria entrar na ordem do dia, no segundo semestre”, disse ao jornal.

Na mira, devem estar as despesas com reajustes do salário mínimo, aumentos de servidores, pisos e vinculações para saúde e educação, entre outros.

G1

Foto: Claudio Belli/Valor

Em evento com empresários nesta semana, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, voltou a falar do ruído atual no debate sobre os juros no Brasil. Disse que tem dificuldades na comunicação e que tenta melhorar.

“Às vezes eu me vejo com alguma deficiência na comunicação. Outro dia, eu estava até falando com o Fábio sobre como a gente pode melhorar a comunicação. O Fábio, quando estava no governo, me ensinou bastante esse tema”, afirmou Campos Neto no encontro do grupo de empresários Esfera Brasil, na quarta (5).

Na plateia do evento estava Fábio Faria, que foi ministro das Comunicações de Bolsonaro. Ele agora trabalha nas relações institucionais do BTG Pactual.

Roberto Campos Neto também disse haver esforço para amenizar os ruídos.

“Estamos tentando melhorar a comunicação. Acho que talvez seja importante fazer mais visitas e ir a outros lugares. Os diretores também. Temos um grupo muito bom de pessoas que podem explicar “, afirmou o presidente do BC.

Ele também disse que está tentando comunicar que o custo de combater a inflação é alto, mas o de não combatê-la é ainda maior.

“A gente precisa explicar para as pessoas que o nosso trabalho não é querer ter juros altos. E essas falsas narrativas, por exemplo, de que os juros altos beneficiam o rentista. Quem é o rentista do país? São as 48 milhões de pessoas que têm fundo de pensão? São as 6 milhões de pessoas que investem na Bolsa? São todos aqueles que acreditaram e financiaram o governo? Temos que falar que, no fim das contas, não precisa buscar beneficiários nem culpados. Precisamos buscar um sistema melhor”, afirmou.

Nesta quinta (6), o presidente Lula voltou a criticar a política de juros e a mencionar a possibilidade de mudança na meta de inflação, mas ressalvou que não pretende brigar com o chefe do BC.

Painel – Folha de S. Paulo

Na segunda reunião sob o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, os membros do Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central) decidiram manter a taxa básica de juros da economia nacional, a Selic, em 13,75% ao ano. O anúncio foi feito nesta quarta-feira (22), ao final do segundo dia do encontro, contrariando o que o presidente queria: a diminuição do valor da taxa. Para o governo Lula, o atual patamar da Selic é visto como um entrave para o crescimento econômico do país.  O Copom disse que a decisão é “compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui os anos de 2023 e, em grau maior, de 2024. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego”. As discussões começaram na manhã da terça-feira (21). A decisão confirma as expectativas de economistas e agentes do mercado de que o BC não iria ceder à pressão do Executivo, mantendo a taxa em seu maior nível desde 2017, pelo menos por mais 45 dias. Desde agosto de 2022, a Selic está em 13,75%, segundo o banco, visando trazer a inflação de volta para o centr
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Charge do Kaiser (Arquivo Google)

Por Carlos Newton

Diz o ditado que coincidências que se repetem não podem ser coincidências. E o Brasil tornou-se um país que há décadas vive em crises econômicas, é um nunca-acabar. Mesmo assim, ano após ano, os principais bancos comerciais brasileiros estão entre os mais lucrativos do mundo. Seria uma coincidência que se repete?

Segundo o Instituto Serasa, cujos computadores registram os débitos e a inadimplência dos consumidores, em 2022 o endividamento atingiu 68,4 brasileiros, total que inclui a grande maioria da população economicamente ativa, representada por 79 milhões de brasileiros, segundo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), importante órgão do próprio governo federal.

SERIA COINCIDÊNCIA? – O fato concreto, do conhecimento de todos, é que o espantoso lucro dos bancos brasileiros nunca foi prejudicado pelas sucessivas crises econômicas e, pelo visto, jamais será.

Na verdade, é como se a economia e a atividade bancária estivessem em compartimentos estanques. Nos países desenvolvidos, porém, ocorre justamente o contrário — as crises econômicas atingem diretamente os bancos, que muitas vezes têm de ser socorridos pelos governos, como aconteceu nos Estados Unidos, em passado recente, na onda de falências do setor de hipotecas, a famosa Crise do Subprime.

Mesmo assim, se há quem ainda pense (?) que a eterna lucratividade dos bancos brasileiros deve ser apenas coincidência, é bom lembrar-lhes o célebre lema dos irmãos Ringling, que dominavam o circo nos EUA: “A cada trinta segundos nasce um otário”.

PRESIDÊNCIA DO BC – Outro fato concreto é que a presidência do BC desde sempre vem sendo ocupada por representantes diretos dos banqueiros ou por economistas do mercado, também ligados a eles, como Pedro Malan, Henrique Meirelles, Armínio Fraga, Francisco Lopes e, agora, Roberto Campos Neto. Mas deve ser apenas mais uma coincidência.

Aliás, seria muita ingenuidade pensar (?) que algum economista de mercado iria trabalhar pelos interesses do país e deixar de privilegiar os banqueiros.

Recentemente, Lula teve um faniquito e começou a atacar Campos Neto, que eu até defendi, por ter conseguido praticar juros reais negativos, um fato raríssimo na economia brasileira. No entanto, ao escrever essa série de artigos sobre as suspeitíssimas “operações compromissadas”, cheguei à conclusão de que Lula pode estar certo.

ACERTOU SEM QUERER – Na verdade, Lula mirou um alvo e acertou em outro. O fato concreto é que Roberto Campos Neto, por ser notoriamente ligado aos banqueiros, não é confiável para presidir o Banco Central. Portanto, é preciso encontrar um economista de alto nível, que seja independente e acima de qualquer suspeita.

Lembrei dois nomes que poderiam acabar com a escravidão exercida pelos banqueiros — Reinaldo Gonçalves, professor titular de economia internacional da UFRJ e economista da Divisão de Questões Monetárias e Financeiras Internacionais da ONU; e Paulo Nogueira Batista Jr., que foi diretor do Fundo Monetário Internacional e vice-presidente do Banco do Brics (Novo Banco de Desenvolvimento) em Xangai.

Tanto Gonçalves quanto Batista Jr. estão plenamente capacitados para presidir o Banco Central sem estarem curvados aos banqueiros. Pensem nisso.

Os riscos para a atividade econômica, o aumento da inadimplência e os sinais de maiores dificuldades financeiras enfrentadas por empresas devem desafiar a convicção do Banco Central sobre a manutenção do atual patamar de juros.

Para uma ala de economistas, os indícios mais recentes justificam uma reavaliação de cenário pelo BC, de forma a antecipar o corte de juros com o objetivo de estabilizar a atividade, mesmo com a inflação ainda longe da meta.

Para outros, porém, o risco fiscal —traduzido na expansão de despesas e na ausência de diretrizes concretas sobre o novo arcabouço de gastos— e a inflação resiliente ainda falam mais alto e inspiram cautela, justificando a manutenção da política monetária pelo BC. As informações são da Folha de S. Paulo.  Até pouco tempo atrás, o patamar de juros esteve na mira das críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que chegou a defender publicamente um aumento na meta de inflação para abrir caminho à flexibilização do aperto monetário —a Selic está hoje em 13,75% ao ano— e ao crescimento da economia.

Nos últimos dias, o Ministério da Fazenda passou a emitir alertas mais contundentes sobre a possibilidade de uma crise de crédito no país. O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo, disse em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo que o governo e a equipe econômica estão focados em evitar uma crise de crédito e podem lançar mão de “políticas compensatórias”, sem detalhar quais.

O próprio BC tem feito considerações sobre a desaceleração das concessões de crédito e da atividade econômica e sobre a alta na inadimplência nas atas das reuniões do Copom (Comitê de Política Monetária) desde outubro do ano passado. Recentemente, o tema também surgiu em conversas de membros da instituição com integrantes do mercado financeiro.

O Comef (Comitê de Estabilidade Financeira), instância do BC focada na prevenção de riscos sistêmicos, também citou em relatório de novembro a existência de “incertezas a serem acompanhadas”. “O endividamento e o comprometimento de renda das famílias têm aumentado. […]. No caso das pessoas jurídicas, observa-se o aumento dos ativos problemáticos nas empresas de menor porte. Assim, uma frustração substancial do desempenho da atividade econômica pode resultar em elevação do risco de crédito”, diz o documento.

A questão colocada por parte dos economistas é que, independentemente de eventual mudança na meta de inflação, a autoridade monetária pode ser levada a cortar os juros num cenário em que a piora da economia torna o “custo da desinflação” demasiadamente elevado.

Quem concorda com essa avaliação elenca alguns fatores, como a alta na inadimplência de pessoas físicas e de empresas, a desaceleração do PIB (Produto Interno Bruto) e as dificuldades financeiras de companhias, algumas das quais recorreram à proteção judicial para conseguir negociar dívidas.

Segundo dados do BC, a inadimplência de pessoas físicas em operações com recursos livres passou de 4,4% no fim de 2021 para 5,9% em dezembro de 2022. No caso das pessoas jurídicas, o indicador saiu de 1,5% para 2,1% no mesmo período.

O caso Americanas, em que a descoberta de uma fraude contábil desnudou um montante de débitos bem maior do que se tinha conhecimento, também contribui ao ampliar a aversão dos bancos em conceder crédito.

“A forma como ele [Lula] abordou o assunto [dos juros] é ruim, mas no mérito talvez ele não esteja tão errado assim. É uma coisa nova, uma coisa que a gente está começando a enxergar e ficar preocupado”, afirma o economista Manoel Pires, do Ibre/FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas).

Pires lembra que, durante a pandemia, o próprio governo precisou estimular a tomada de crédito por empresas para que elas conseguissem ter caixa suficiente para honrar compromissos. Parte desses financiamentos foi tomada com Selic a 2% —11,75 pontos abaixo do patamar atual.

O aumento considerável do custo já havia levado o governo anterior a prorrogar o prazo de pagamento de linhas como o Pronampe, voltado a micro e pequenas empresas. Ainda assim, muitas estão sem fôlego para bancar o custo financeiro dessas dívidas.

“No começo do ano, começou a acender um sinalzinho de alerta de que talvez a gente esteja com juros um pouco alto demais e que, eventualmente, essa ideia de fazer um pouso suave, desinflacionar a economia desacelerando para um PIB de 0,5% a 1%, talvez não seja tão certa. Pode ser que comece a adentrar numa situação de retração mais significativa de atividade”, afirma Pires.

O Ibre/FGV projeta uma alta de 0,2% no PIB neste ano, mas isso considera o desempenho positivo da agropecuária. Sem esse impulso, já haveria uma recessão. “Se isso for verdade, faz sentido discutir com o Banco Central alguma reavaliação do processo de desinflação para poder reduzir um pouco os juros”, diz o economista.

Em entrevista ao blog do CDPP (Centro de Debate de Políticas Públicas) no fim de janeiro, o economista Persio Arida, ex-presidente do BC, também disse acreditar em um movimento de corte nos juros.

“Diferentemente de outros analistas, penso que o próximo movimento do Banco Central deva ser na direção de iniciar um ciclo de baixa da taxa de juros. E por vários motivos: atividade econômica está fraquejando, temos uma crise de crédito latente e o real vem se valorizando”, afirmou.

Ao Brazil Journal, ele depois esclareceu que não tinha opinião sobre o momento mais propício para reduzir a Selic, mas reforçou a ideia central do argumento. “Os sinais de desaceleração econômica me parecem muito claros, e cabe ao Banco Central o papel de estabilizar a economia”, disse. Procurado pela Folha, Persio preferiu não fazer comentários adicionais.

Em relatório divulgado essa semana, a LCA Consultores diz que “contornar o risco de eclosão de uma crise de crédito demanda cuidadosa ação das autoridades econômicas e dos maiores ofertantes de crédito”. A instituição não descarta a possibilidade de o BC precisar recorrer a medidas emergenciais para ampliar a liquidez e irrigar os mercados, de forma a evitar um contágio da crise para o sistema financeiro.

“Uma contração aguda do crédito, ademais, poderia levar o Banco Central a antecipar um ciclo de redução da taxa básica Selic”, diz o documento. A LCA pondera, entretanto, que o timing do corte de juros, hoje previsto para o fim de 2023, dependerá também das perspectivas para as contas públicas e da eventual revisão das metas de inflação.

O economista Carlos Kawall, sócio-fundador da Oriz Partners e ex-secretário do Tesouro Nacional, tem visão divergente. Ele não vê espaço para redução da Selic antes de 2024 diante da política de expansão fiscal adotada pelo governo Lula em meio a um cenário de inflação ainda resistente.

“O problema que nós temos é um desajuste da política macroeconômica. Também faz parte desse contexto a indefinição com a regra fiscal. O governo sequer tem convicção sobre voltar a tributar combustíveis”, afirma.

Na visão dele, o caso Americanas e o alerta sobre a crise de crédito no país se encaixam em um cenário microeconômico, no qual os efeitos se concentram em um segmento. Por isso, devem ser tratados a partir de medidas voltadas para o capital das instituições financeiras, como linhas emergenciais de financiamento.

“Não dá hoje para olhar episódios de crédito e dizer que a terapia para isso é a redução da taxa de juros”, diz Kawall. “A solução para esse problema não está em desarranjar a política monetária como um todo, porque vai afetar negativamente a economia como um todo.”

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já foi alertado, por interlocutores no Palácio do Planalto e no Congresso Nacional, que a eventual escolha de um economista heterodoxo e “antiamercado” para a diretoria de política monetária do Banco Central pode ficar travada no Senado.

A vaga será aberta nesta semana, com o fim do mandato do diretor Bruno Serra no BC, que expira na terça-feira (28). Ele pode continuar no cargo até a indicação de seu sucessor e avalia até mesmo participar da próxima reunião do Copom, o comitê do BC que decide a taxa básica de juros, marcada para os dias 21 e 22 de março.

Lula ainda não revelou a aliados quem pretende indicar. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o presidente do BC, Roberto Campos Neto, passaram a semana juntos na Índia, em reunião do G-20, e a expectativa no governo é que eles levem para Lula um nome de consenso para a sucessão de Bruno Serra.

A aposta, no Planalto, é que Haddad e Campos Neto entreguem ao presidente uma sugestão de economista com bom trânsito no mercado financeiro e que reconheça a importância do ajuste fiscal para a a queda sustentável da taxa de juros.

No PT, a preferência é pela escolha de um nome que não siga a cartilha do mercado financeiro. Alguém na linha do economista André Lara Resende, que tem minimizado o risco fiscal e defendido uma redução mais agressiva da Selic, teria apoio imediato no partido.

No entanto, auxiliares diretos de Lula e seus aliados no Congresso já o alertaram para a sensibilidade política da indicação. Se esse for o perfil, eles avisam que o nome poderá ficar parado semanas ou meses na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, responsável pela sabatina.

Na prática, ninguém acredita na possibilidade de rejeição do indicado. Mas há chance de que um economista considerado “antiamercado” seja travado, sem uma data para a sabatina, gerando desgaste prolongado para o governo.

Uma fonte lembrou à CNN que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), tem ótima relação com Campos Neto e certamente o ouvirá sobre a indicação. O presidente da CAE, Vanderlan Cardoso (PSD-GO), é de oposição e terá papel-chave no processo de análise do futuro indicado.

Com o Senado exercendo esse papel, assessores diretos de Lula acreditam que ele não comprará uma briga política e tomará cuidado para evitar que a indicação gere repercussões negativas no mercado.

De acordo com o último boletim Focus, divulgado semanalmente pelo BC, a previsão de crescimento do PIB é de apenas 0,80% para 2023. No governo, o temor é de que uma crise de crédito no varejo — na esteira do escândalo contábil da Americanas — leve esse número para perto de zero.

Medidas de aceleração da economia — a isenção de Imposto de Renda para até dois salários mínimos, um reajuste adicional do salário mínimo para R$ 1.320 e o relançamento do Minha Casa Minha Vida — foram anunciadas recentemente. Um programa de refinanciamento das dívidas de milhões de consumidores, o Desenrola, será lançado nas próximas semanas.

Por isso, no entorno mais próximo de Lula, há preocupação com a escolha do nome para o BC e um receio de evitar a indicação de economista considerado “antimercado”, que gere reações negativas dos investidores e turbulências no dólar ou na Bolsa.

Além da vaga de Bruno Serra, vai ser aberto o posto de diretor de fiscalização, cujo mandato também termina na terça-feira (28). Para essa diretoria, que funciona como uma espécie de auditor ou controlador do sistema financeiro, a escolha é tradicionalmente por servidores do próprio do BC que tenham experiência na área.

 CNN Brasil.

Os bancos realizarão um mutirão para renegociar dívidas de clientes. A Febraban (Federação Brasileira de Bancos) informou nesta 5ª feira (23.fev.2023) que o processo começará em 1º de março, próxima 4ª feira. O mutirão tem parceria com o BC (Banco Central), a Secretaria Nacional do Consumidor e Procons de todo o país. Terminará em 31 de março de 2023.

Os consumidores receberam ofertas para pagar as dívidas com descontos e prazos especiais. Cada banco terá um critério para as propostas. As pendências financeiras podem ser de cartão de crédito, cheque especial, crédito consignado e demais modalidades de crédito em atraso. Não entram os financiamentos que têm bens como garantia, como veículos, motocicletas e imóveis.

A renegociação pode ser feita diretamente com os bancos por canais de atendimento ou pelo site www.consumidor.gov.br. A Febraban também criou uma página na internet e um vídeo para orientar o consumidor sobre como participar da campanha.

O mercado aumentou a projeção da inflação para 5,89% em 2023. É a 10ª semana consecutiva de alta. Na semana passada (13.fev.2023), estava em 5,79%.

O BC (Banco Central) divulgou o Boletim Focus nesta 4ª feira (22.fev.2023). Eis a íntegra do relatório. Em 2020, o CMN (Conselho Monetário Nacional) definiu a meta de inflação para 2023 e fixou o valor em 3,25%, mantendo a margem de 1,5 ponto percentual de tolerância, para cima ou para baixo. A projeção do PIB (Produto Interno Bruto) subiu para 0,8% depois de registrar queda na semana anterior. Para o ano que vem, a estimativa se manteve em 1,5%.

Os operadores do mercado também não alteraram as projeções para a Selic, a taxa básica de juros, e para o dólar. Estão em 12,75% e R$5,25, respectivamente.

Poder 360

Campos Neto é contra alterar meta de inflação e deseja se encontrar com Lula

Por Pedro do Coutto

Enquanto o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, sustenta ser contrário às mudanças na meta de inflação para este ano, o ministro Fernando Haddad e a ministra Simone Tebet, seguindo claramente a posição do presidente Lula da Silva, irão se opor a essa perspectiva na reunião do Conselho Monetário Nacional, peça-chave para a fixação da política de juros e também para definição da taxa Selic, através da qual é corrigido o valor da dívida interna do país.

No momento, conforme já me referi sobre o assunto, a incidência de 13,75% sobre R$ 6 trilhões, montante da dívida, acarreta uma despesa financeira para o país em cerca de R$ 800 bilhões por ano. A questão da Selic e a perspectiva traçada para a inflação a se registrar em 2023 são fortes pontos de atrito entre Roberto Campos Neto e o presidente Lula da Silva.

META DE INFLAÇÃO – Numa ampla entrevista a Alvaro Gribel, O Globo desta terça-feira, Campos Neto afirmou que é contra alterar a meta de inflação e que deseja se encontrar com o presidente Lula da Silva para esclarecer pontos relativos à previsão inflacionária e a consequência do processo para cima do índice traçado.

“Estou disponível sempre para conversar, não só com o presidente, mas com todos os ministros. Quero explicar a agenda do Banco Central e quero trabalhar em harmonia. O ambiente colaborativo é o melhor ambiente para a sociedade, não só para o Banco Central”, afirmou Campos Neto. Se por dois votos a um, como se espera, a meta de inflação for alterada para o nível proposto pelo governo, esse fato significará uma grande derrota para o presidente do BC, abalando fortemente sua permanência no cargo.

O fato dele possuir mandato até 2024, com base na autonomia do banco, não significa obstáculo político intransponível. Isso porque não é possível que alguém esteja em posição frontalmente diversa do posicionamento do presidente da República e possa fazer prevalecer sua vontade.

ABALO – Neste caso, tal desfecho, provocaria um abalo enorme na autoridade do presidente Lula com consequências em todo o governo. Campos Neto busca uma solução, mas a essa altura dos acontecimentos parece inviável, talvez mesmo impossível. Na Folha de S. Paulo, o tema é abordado por Cátia Seabra, Vitória Azevedo e Lucas Marquezine. No Estado de S. Paulo, a reportagem é de Adriana Fernandes e Luiz Guilherme Gerbelli.

No programa Roda Viva da TV Cultura, na noite de segunda-feira, Campos Neto rebateu as críticas de Lula aos juros altos e disse que uma mudança agora pode provocar um efeito contrário ao que deseja o presidente da República. O conflito está, portanto, acentuado  na medida em que se aproxima o confronto de amanhã no Conselho Monetário Nacional. As posições do governo são contrárias as do presidente do Bacen e o problema terá que ser resolvido. Não é possível que uma controvérsia desse tipo permaneça.

HADDAD E MERCADANTE  – Tema do programa Em Pauta, na GloboNews na última segunda-feira, e objeto de reportagem de Malu Gaspar, O Globo de ontem, uma iniciativa tomada pelo BNDES criou reação contrária do Ministério da Fazenda, colocando em pontos opostos o ministro Fernando Haddad e o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante.

Mercadante anunciou a realização de um seminário, inclusive com a participação de técnicos internacionais,  para discutir uma nova arquitetura fiscal, campo que se inclui entre as atribuições do Ministério da Fazenda. Mercadante diz que está trabalhando em conjunto com Haddad, mas o fato é que a equipe do titular da Fazenda considera diferentes os enfoques e a estrutura fiscal do país.

O problema está criado na véspera do projeto de Reforma Tributária do governo Lula defendida pela ministra Simone Tebet numa entrevista a João Sorima Neto, O Globo, considerando a reforma como sendo uma bala de prata para reduzir os custos públicos e as contradições do sistema em vigor que prejudica frontalmente os assalariados e beneficia os milionários.

Sinais enviados de parte a parte, ontem, indicam um movimento de reaproximação e uma “bandeira branca” estendida entre o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Integrantes da área econômica do governo viram gestos de paz e um tom conciliatório com a gestão Lula na entrevista dada pelo presidente do BC ao programa Roda Viva, da TV Cultura, na noite de segunda. As informações são do blog da Ana Flor.

Logo no início da entrevista, Campos Neto tentou desanuviar a imagem de “bolsonarista” que vem incomodando diretamente o presidente Lula, como relataram ao blog assessores no Planalto. Campos Neto mandou várias mensagens que foram bem recebidas:

  • explicou sua participação em um grupo de mensagens de ministros de Jair Bolsonaro como “ajuda técnica” – e chegou a dizer que fez amigos no governo Bolsonaro e espera fazer amigos no atual governo;
  • fez um mea culpa por ter ido votar nas eleições de 2022 vestido com camisa verde-amarela – praticamente um uniforme de apoiadores de Bolsonaro –, afirmando que não ajudou num momento de polarização do país;
  • e, mais forte ainda, disse estar disposto a encontrar o presidente Lula para explicar a taxa de juros e afirmou que a eleição não pode ser questionada.

As mensagens, segundo integrantes do governo, foram de paz. Do outro lado, Lula esteve em evento do PT e, se a presidente da sigla, Gleisi Hoffmann, criticou fortemente a política de juros altos, não houve qualquer ataque de Lula. O presidente da República preferiu olhar para frente.

abr 19
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