Campanha da Fraternidade é lançada na Assembleia e entidades defendem proteção à Caatinga.
Proteger a Caatinga, um bioma extremamente frágil e sofrido, que vem sofrendo o processo de desertificação, e que ocupa cerca de 10% do território nacional, e trazer este problema para a realidade local, envolvendo o máximo de entidades possíveis no Rio Grande do Norte. Esta foi a tônica do lançamento, na Assembleia Legislativa, na manhã desta sexta-feira (17), da Campanha da Fraternidade 2017, uma proposição conjunta dos deputados Hermano Morais (PMDB) e José Dias (PSDB). No RN, a campanha foi lançada pela Arquidiocese de Natal no dia 1 de março, quando se iniciou a Quaresma.
“É preciso voltar os olhos para este problema, pois nas últimas décadas, 40 mil quilômetros quadrados deste bioma se transformaram em deserto por interferência do homem. Infelizmente, cada vez mais, o processo de desertificação aumenta em virtude do manejo inadequado dessas áreas”, afirmou o deputado Hermano Morais.
O deputado afirmou que irá solicitar apoio da prefeitura de Natal e do Governo do RN através das secretarias de Educação, para que se envolvam na Campanha e possam difundir a proposta ao maior número possível de alunos e da comunidade escolar. “As crianças e os jovens têm um papel importantíssimo enquanto influenciadores, sejam entre si ou nas suas famílias”, afirmou.
O arcebispo metropolitano de Natal, Dom Jaime Vieira Rocha, agradeceu aos parlamentares a realização da solenidade e afirmou que todos os assuntos que dizem respeito à vida e à sociedade necessitam da consciência e apoio de todos. “É importante nos conscientizarmos dessa problemática e darmos mais atenção e enfrentamento a esses desafios. Também é importante o que foi proposto aqui, de levarmos esta discussão para o meio escolar, pois certamente os estudantes se constituem como uma categoria de esperança, comprometidos em transformar realidades e oferecer um mundo melhor às gerações futuras”, afirmou.
A vegetação da Caatinga pode ser proporcionalmente mais eficiente do que as florestas úmidas para absorver o gás carbônico presente na atmosfera, em um processo natural, conhecido como sequestro de carbono.
É o que pesquisadores do Instituto Nacional do Semiárido, ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, querem provar. Para isso, iniciaram um estudo por meio do qual foram instaladas duas estações micrometeorológicas em Campina Grande, na Paraíba, para monitorar o dióxido de carbono absorvido pelas plantas da região.
Segundo o físico Bergson Bezerra, pesquisador do Insa, o grupo pretende, com os resultados, conscientizar os governos e, principalmente, a população que vive no Semiárido sobre a importância de se preservar a vegetação nativa como forma de mitigar os impactos das alterações no clima da região.
“Construiu-se um preconceito em relação à Caatinga, sustentado na ideia de que ela representa um ambiente hostil e inóspito. As pessoas sempre acreditaram que ela não servia para nada, que era melhor retirar toda a Caatinga e substituí-la por [vegetações] frutíferas, por exemplo”, disse. “Queremos provar cientificamente que isso não tem fundamentação”, completou.(Tribuna da Bahia)
Entre 2008 e 2009, a Caatinga, bioma predominante do Nordeste brasileiro, perdeu 1.921 quilômetros quadrados (km²) de vegetação nativa, uma área equivalente a 200 campos de futebol. A média anual foi de 0,23% a menos da área original do bioma por ano, ritmo menor que o medido entre 2002 e 2008, de 0,28% de floresta derrubada anualmente.
Os estados que mais desmataram o bioma entre 2008 e 2009 foram a Bahia, o Ceará e Piauí, que juntos foram responsáveis por 77% da derrubada total no período. Os dados são do Centro de Sensoriamento Remoto do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), divulgados ontem (17).
“Apesar da queda, já temos uma perda expressiva do bioma, de quase 46% da vegetação original. Isto demonstra a urgência de estimular projetos para o uso sustentável dos recursos do bioma”, disse a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira.
A Caatinga já teve 45,4% de seu território desmatado, cerca de 400 km² a menos de vegetação original. O desmatamento mais recente do bioma está ligado com a exploração ilegal de madeira para produção de carvão. Além da ameaça do desmatamento, o bioma é um dos mais vulneráveis às mudanças climáticas, com áreas sob grave risco de desertificação.
Ontem, o ministério e a Caixa anunciaram investimentos de R$ 6 milhões para projetos de uso sustentável dos recursos naturais da Caatinga. Os recursos poderão financiar projetos de manejo florestal e eficiência energética, por exemplo. Segundo o ministério, os editais serão divulgados na próxima semana.
A Caatinga é o único bioma exclusivamente brasileiro e ocupa cerca de 11% do território do país, distribuído nos estados da Bahia, Paraíba, do Maranhão, Ceará, Piauí, Rio Grande do Norte, de Pernambuco, Alagoas, Sergipe e no norte de Minas Gerais.
Deu na Agência Brasil
A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, e o presidente da Caixa, Jorge Hereda, assinaram hoje (9) o termo de adesão do banco à Agenda Ambiental da Administração Pública (A3P). Essa agenda é um programa do ministério que tem o objetivo de implementar a gestão socioambiental sustentável das atividades administrativas e operacionais das instituições públicas.
No evento, Hereda anunciou a chamada pública de projetos com uso de recursos do Fundo Socioambiental da Caixa. Segundo Hereda, serão R$ 6 milhões para projetos de uso sustentável da Caatinga. De acordo com o presidente da Caixa, o fundo já financiou outros projetos como de recuperação de nascentes e de gestão de resíduos de construção e demolição. Os recursos do fundo vêm do orçamento da caixa, correspondente a 2% do lucro líquido do banco e de doações.
Hereda destacou que “há uma carga muito grande de investimentos nas cidades” em habitação, mas é preciso intervir nas cidades, sem gerar problemas ambientais urbanos.
A ministra do Meio Ambiente lembrou que cerca de 85% dos brasileiros vivem em cidades. Por isso, é preciso estimular a construção sustentável, o que gera economia e condições para que as pessoas morem. “A questão ambiental é basicamente isso: mudança de comportamento”, destacou Izabella Teixeira.
Na última quinzena de fevereiro, o coordenador geral do CAATINGA, Paulo Pedro de Carvalho representou o Brasil, enquanto sociedade civil, na 9ª Sessão do Comitê para Revisão da Implementação da Convenção de Combate à Desertificação (CRIC9), que aconteceu na cidade de Bonn na Alemanha.
evento internacional reuniu em torno de 130 dos 194 países membros das Partes da Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação (UNCCD), com participação direta de aproximadamente, 600 pessoas, entre representantes de governo, cientistas, parlamentares e representantes da sociedade civil organizada.
O espaço foi dividido em dois momentos principais, mediados pelo Comitê de Ciência e Tecnologia (CST) que propões entre outras coisas, novas pesquisas sobre a desertificação, e o Comitê de Revisão da Implementação da Convenção (CRIC).
Da sociedade civil da America Latina e Caribe, somente participaram representantes de três países: Brasil, Argentina e Trinidad e Tobago. Como resultado final do evento, foi elaborada uma lista de recomendações que será apresentada e apreciada na Décima Conferência das Partes da ONU para o Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca (COP 10), que será realizada em outubro deste ano na Coréia do Sul.