Não bastasse ter incluído o presidente Michel Temer nas investigações do esquema montado pela Odebrecht para saquear os cofres da Petrobras, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, indicou que pode aceitar a delação de Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara que está preso em Curitiba.

Depois de muito prometer e não entregar nada de relevante, Cunha, enfim, resolveu abrir o bico e detalhar o esquema do qual fez parte. As denúncias envolvem gente graúda da República e desvios na Petrobras e na Caixa Econômica Federal. Há coisa pesada sendo entregue aos investigadores.

Um dos envolvidos nas negociações com Cunha diz que as primeiras tentativas de delação dele foram muito fracas, decepcionantes. Por isso, nenhum acordo foi adiante. Agora, o quadro mudou. Segredos da República estão sendo entregues com requintes de detalhes e provas.

Resta saber até onde vai Cunha. Ele não se conforma de estar preso há tanto tempo, jogado aos leões sem ninguém para defendê-lo. Reclama ainda da falta de dinheiro. Boa parte das queixas, no entanto, é lorota.

Os ex-presidentes da Câmara Eduardo Cunha e Henrique Eduardo Alves, além do doleiro Lúcio Funaro e outras cinco pessoas foram denunciados por lavagem de dinheiro e corrupção passiva. O Ministério Público Federal no Rio Grande do Norte (MPF-RN) acusa o grupo de integrar um esquema que repassou mais de R$ 4 milhões oriundos de propina à campanha de Henrique Alves ao governo do estado, em 2014. Além do pedido de condenação dos acusados, o MPF também pede uma reparação aos cofres públicos de R$ 4,2 milhões e o impedimento de que eles possam assumir cargos públicos pelo dobro do tempo de prisão a que forem condenados. De acordo com a denúncia, os acusados receberam propina de empresas que pediam financiamentos na Caixa Econômica Federal. O responsável por repassar o dinheiro era Funaro, que atuava como operador do PMDB. O doleiro firmou acordo de delação premiada com a procuradoria-geral da República para detalhar o esquema e, por isso, os procuradores que fizeram a denúncia pediram que as penas que seriam aplicadas a ele pelo crime de lavagem de dinheiro sejam substituídas pelas acordadas entre o delator e a PGR.
Eduardo Cunha sabe que perdeu o bonde da delação premiada. Sempre soube que era uma negociação difícil — nunca teve um pingo de confiança do Ministério Público –, e sua queda e prisão haviam virado um marco no combate à corrupção e à impunidade no país. Mesmo assim alimentava a expectativa de conseguir uma vaguinha nas cadeiras finais de algum vagão. Depois da queda de Dilma Rousseff, em que foi protagonista, imaginou que poderia escapar usando outra carta valorizada em seu baralho viciado. O nome do jogo virou Michel Temer. Mais do que com Dilma,

Indignado com a revelação feita por Lúcio Funaro de que o golpe contra a presidente Dilma Rousseff foi comprado por Eduardo Cunha por 1 milhão de reais, o deputado Paulo Pimenta (PT-RS) bateu duro no ex-procurador-geral Rodrigo Janot, que, segundo ele, prevaricou.

“Se Janot conhecia essa delação, por que antes de sair, deu parecer contrário ao pedido de anulação do impeachment se calando e omitindo?”, questiona. Pimenta também destaca a revelação de que Michel Temer recebia propinas dos esquemas do PMDB no FI-FGTS e afirma que sua situação ficou insustentável.

Em depoimento de delação premiada, o operador financeiro Lúcio Funaro afirmou que, em 2016, repassou R$ 1 milhão ao então presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) para que o peemedebista pudesse “comprar” votos a favor do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. A declaração está em um dos vídeos dos depoimentos da delação premiada de Funaro, que se tornaram públicos nesta semana depois de aparecerem no site oficial da Câmara dos Deputados.

O operador afirmou que o repasse foi feito a pedido de Cunha, para supostamente garantir que a petista fosse afastada da Presidência durante o processo de impeachment. O pedido, segundo Funaro, foi feito via celular, por um aplicativo que não armazena as mensagens no aparelho.

“Ele me pergunta se eu tinha disponibilidade de dinheiro, que ele pudesse ter algum recurso disponível pra comprar algum voto ali favorável ao impeachment da Dilma. E eu falei que ele podia contar com até R$ 1 milhão e que eu liquidaria isso pra ele em até duas semanas, no máximo”, relatou Funaro. Ao ser questionado por uma procuradora sobre se Cunha teria dito expressamente que o dinheiro seria para comprar votos de deputados, Lúcio Funaro respondeu: “Comprar votos. Exatamente

Fonte: Folha de São Paulo

Em depoimento à Procuradoria-Geral da República, o operador financeiro Lúcio Funaro disse ter “certeza” de que parte da propina oriunda de esquemas de corrupção do ex-deputado Eduardo Cunha era destinada ao presidente Michel Temer. “Tenho certeza que parte do dinheiro que era repassado, que o Eduardo Cunha capitaneava em todos os esquemas que ele tinha, dava um percentual também para o Michel Temer. Eu nunca cheguei a entregar, mas o Altair [Altair Alves Pinto, emissário de Cunha] deve ter entregado, assim, algumas vezes”, diz Funaro no depoimento. A Folha teve acesso à gravação em vídeo do depoimento prestado por Funaro à PGR no dia 23 de agosto deste ano. O acordo de colaboração foi homologado pelo ministro Edson Fachin, do STF (Supremo Tribunal Federal). Funaro está preso em Brasília. PROXIMIDADE – Funaro relata a facilidade para repassar a propina já que seu escritório em São Paulo era próximo ao de Temer –100 metros de distância, segundo o delator– e ao do advogado José Yunes, ex-assessor especial do presidente da República.

Preso há quase um ano, o homem que derrubou Dilma fala pela primeira vez. Ele denuncia um mercado clandestino de delações – e diz estar pronto para contar o que sabe à nova procuradora-geral da República

ÉPOCA – Diego Escosteguy

Trecho da entrevista de Eduardo Cunha, publicada em ÉPOCA desta semana:

Trezentos e quarenta e cinco dias no cárcere não quebraram Eduardo Cunha. O homem que derrubou Dilma Rousseff, encerrando abruptamente 13 anos do PT no poder, pária para boa parte dos brasileiros, herói para alguns poucos, o homem que se consagrou como o mais vistoso preso da Lava Jato, esse homem que segue gerando memes e açulando paixões – eis um homem que se recusa a aceitar o destino que se lhe impôs, da política como passado e das grades como futuro. Cunha não aceita ser o que esperam dele: um presidiário obsequioso, a cumprir sem muxoxos sua sentença. “Sou um preso político”, disse, num encontro recente em Brasília, aquele cuja delação o presidente Michel Temer mais teme. Na primeira entrevista desde que foi preso, Cunha, cujo corpo, fala e espírito não traem um dia submetido ao xilindró, foi, bem, puro Cunha: articulado, incisivo, bélico. Falou da vida na prisão, da negociação frustrada de delação com o então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e do que considera uma clara perseguição judicial contra ele. Acusou a existência de um mercado de delações premiadas, revelando detalhes substantivos. Pôs-se à disposição da sucessora de Janot para voltar a negociar sua delação, talvez sua única saída viável para escapar da cadeia – ele foi condenado em primeira instância e responde a processos por corrupção em Curitiba, Brasília e no Rio de Janeiro. A seguir, trechos da entrevista.

ÉPOCA – O ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot não aceitou sua proposta de delação premiada. O senhor ainda está disposto a colaborar, caso a nova procuradora-geral, Raquel Dodge, aceite negociar?
Eduardo Cunha –
 Estou pronto para revelar tudo o que sei, com provas, datas, fatos, testemunhas, indicações de meios para corroborar o que posso dizer. Assinei um acordo de confidencialidade com a Procuradoria-Geral da República, de negociação de colaboração, que ainda está válido. Estou disposto a conversar com a nova procuradora-geral. Tenho histórias quilométricas para contar, desde que haja boa-fé na negociação.

ÉPOCA – Não houve boa-fé na negociação com Janot?
Cunha –
 Claro que não. Nunca acreditei que minha delação daria certo com o Janot. Tanto que não deu.

ÉPOCA – Então, por que negociou com a equipe dele?
Cunha –
 Topei conversar para mostrar a todos que estou disposto a colaborar e a contar a verdade. Mas só uma criança acreditaria que Janot toparia uma delação comigo. E eu não sou uma criança. O Janot não queria a verdade; só queria me usar para derrubar o Michel Temer.

ÉPOCA – Como assim?
Cunha –
 Tenho muito a contar, mas não vou admitir o que não fiz. Não recebi qualquer pagamento do Joesley  [Batista, dono da JBS] para manter silêncio sobre qualquer coisa. Em junho, quando fui depor à Polícia Federal sobre esse episódio, disse que tanto não mantinha silêncio algum que ninguém havia me chamado a colaborar, a quebrá-lo. Naquele momento, o Ministério Público e a Polícia Federal me procuraram para fazer colaboração. Autorizei meus advogados a negociar com o MP.

ÉPOCA – O que deu errado?
Cunha –
 Janot queria que eu colocasse mentiras na delação para derrubar o Michel Temer. Se vão derrubar ou não o Michel Temer, se ele fez algo de errado ou não, é uma outra história. Mas não vão me usar para confirmar algo que não fiz, para atender aos interesses políticos do Janot. Ele operou politicamente esse processo de delações.

ÉPOCA – O que há de político nas delações?
Cunha –
 O Janot, na verdade, queria um terceiro mandato. Mas seria difícil, tempo demais para um só. O candidato dele era o Nicolao Dino [vice de Janot], mas a resistência ao Dino no PMDB era forte. Se o Dino estivesse fora, a Raquel Dodge, desafeto do grupo dele, seria escolhida. É nesse contexto que aparece aquela delação absurda da JBS. O Janot viu a oportunidade de tirar o Michel Temer e conseguir fazer o sucessor dele na PGR.

ÉPOCA – O que há de absurdo na delação da JBS? Ou o senhor se refere aos benefícios concedidos aos delatores?
Cunha –
 O Joesley fez uma delação seletiva, para atender aos interesses dele e do Janot. Há omissões graves na delação dele. O Joesley poupou muito o PT. Escondeu que nos reunimos, eu e Joesley, quatro horas com o Lula, na véspera do impeachment. O Lula estava tentando me convencer a parar o impeachment. Isso é só um pequeno exemplo. Eu traria muitos fatos que tornariam inviável a delação da JBS. Tenho conhecimento de omissões graves. Essa é uma das razões pelas quais minha delação não poderia sair com o Janot. Ele, com esses objetivos políticos, acabou criando uma trapalhada institucional, que culminou no episódio do áudio da JBS. Jogou uma nuvem de suspeição no Supremo sem base alguma.

ÉPOCA – Mas o que houve de político na negociação da delação do senhor?
Cunha –
 A maior prova de que Janot operou politicamente é que ele queria que eu admitisse que vendi o silêncio ao Joesley para poder usar na denúncia contra o Michel Temer. Não posso admitir aquilo que não fiz. Como não posso admitir culpa do que eu não fiz, inclusive nas ações que correm no Paraná. Estava disposto a trazer fatos na colaboração que não têm nada a ver com o que está exposto nas ações penais. Eles não queriam.

ÉPOCA – Havia algum outro fato que os procuradores queriam que você admitisse? Que não foi uma admissão espontânea, como determina a lei?
Cunha – Janot queria que eu colocasse na proposta de delação que houve pagamentos para deputados votarem a favor do impeachment. Isso nunca aconteceu. Um absurdo. Se o próprio Joesley confessou o contrário na delação dele, dizendo que se comprometeu a pagar deputados para votar contra o impeachment, de onde sai esse tipo de coisa? Qual o sentido? Mas aí essa história maluca, olha que surpresa, aparece na delação do Lúcio [Funaro, doleiro próximo a Cunha]. É uma operação política, não jurídica. Eles tiram as conclusões deles e obrigam a gente a confirmar. Os caras não aceitam quando você diz a verdade. Queriam que eu corroborasse um relatório da PF que me acusa de coisas que não existem. Não é verdade. Então não vou. Não vou.

ÉPOCA – Janot estabeleceu uma disputa entre o senhor e Funaro. Só um fecharia delação, por terem conhecimento de fatos semelhantes envolvendo o PMDB da Câmara.
Cunha –
 O Janot tem ódio de mim. Mas o ódio dele pelo Michel Temer passou a ser maior do que a mim. Então, se eu conseguisse derrubar o Michel Temer, ele aceitava. Mas eu não aceitei mentir. E ele preferiu usar o Lúcio Funaro de cavalo.

ÉPOCA – Alguma outra razão para a delação não ter saído?
Cunha –
 O que eu tenho para falar ia arrebentar a delação da JBS e ia debilitar a da Odebrecht. E agora posso acabar com a do Lúcio Funaro.

ÉPOCA – O que o senhor tem a contar de tão grave?
Cunha –
 Infelizmente, não posso adiantar, entrar no mérito desses casos. Quebraria meu acordo com a PGR. Eu honro meus acordos.

ÉPOCA – Nem no caso de Funaro? O senhor já mencionou um fato que diz ser falso.
Cunha –
 Ainda não tive acesso à íntegra da delação do Lúcio Funaro. Mas, pelo que li na imprensa e pelo que já tive conhecimento, há muito contrabando e mentiras ali. A delação do Lúcio Funaro foi feita única e exclusivamente pelo que ele ouviu dizer de mim. O problema é que ele disse que ouviu de mim coisas que não aconteceram. Como um encontro dele com Michel Temer e comigo na Base Aérea em São Paulo. Ou esse episódio da véspera do impeachment, de compra de deputados, que o Janot colocou na boca do Lúcio Funaro. Tudo que ele falou do Michel Temer que disse ter ouvido falar de mim é mentira. Ele não tinha acesso ao Michel Temer ou aos deputados. Eu tinha.

ÉPOCA – O senhor está preso preventivamente há quase um ano. Já foi condenado em primeira instância e ainda enfrenta inquéritos e ações penais em Curitiba e em Brasília. Tem esperança de sair da cadeia um dia?
Cunha – 
Minha prisão foi absurda. Não me prenderam de acordo com a lei, para investigar ou porque estivesse embaraçando os processos. Prenderam para ter um troféu político. O outro troféu é o Lula. Um troféu para cada lado. O MP e o Moro queriam ter um troféu político dos dois lados. Como Janot já era meu inimigo, todos da Lava Jato estavam atrás de mim. Mas acredito que o Supremo vá julgar meu habeas corpus, parado desde junho, e, ao seguir o entendimento já firmado na Corte, concedê-lo.

ÉPOCA – As decisões de Moro sobre a necessidade das preventivas na Lava Jato têm sido mantidas nas instâncias superiores. Não é um sinal de que ele está certo?
Cunha – 
Nós temos um juiz que se acha salvador da pátria. Ele quis montar uma operação Mãos Limpas no Brasil – uma operação com objetivo político. Queria destruir o establishment, a elite política. E conseguiu.

Via Veja

O deputado cassado Eduardo Cunha está prestes a firmar acordo de delação premiada com a Procuradora-Geral da República. De acordo com a coluna Radar Online, da revista Veja, Cunha entregou à PGR um calhamaço com aproximadamente oitenta anexos. Os arquivos fazem parte do ‘cardápio’ que promete contar em seus depoimentos.

A publicação destaca que o material inclui informações sobre cerca de oitenta deputados. No entanto, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, devolveu o material. A informação é de que Janot teria certeza de que Cunha está protegendo aliados, sobretudo políticos do Rio de Janeiro.

Maia preocupado – A delação do ex-deputado Eduardo Cunha preocupa muita gente. Entre eles está o atual presidente da Câmara dos Deputados – e sucessor do presidente Michel Temer -, Rodrigo Maia. Segundo reportagem da revista Veja, Maia será um dos nomes citados no depoimento de Cunha.

A publicação apurou com pessoas próximas ao ex-deputado que Maia aparece na delação como sendo o intermediário em assuntos de interesses empresariais da máquina pública. Além disso, ele aparece como sendo o destinatário de recursos provenientes de origem ilícita. A delação não será uma surpresa para Maia. Na última semana, Cunha enviou um amigo em comum para alertar o deputado de que ele “também seria lembrado”.

08
jul

Detonando

Postado às 14:01 Hs

A nova delação do fim do mundo terá acusações contra 50 deputados.

No acordo que negocia com a Lava-Jato, o ex-deputado Eduardo Cunha promete contar histórias desabonadoras que envolvem pelo menos meia centena de parlamentares – a maioria ,destinatária de propinas de esquemas montados em estatais e fundos de pensão. Entre os relatos, há também casos de deputados que o procuraram às vésperas de sua cassação, em setembro de 2016, para oferecer o voto em troca de pagamento – um deles pediu 1 milhão de reais para ajudar a livrá-lo no Conselho de Ética.

Tão logo entregue os capítulos da proposta de delação premiada, o que é esperado para esta semana entre os auxiliares de Janot, o ex-deputado será cobrado a apresentar provas do que diz. A negociação, diz um auxiliar do procurador, será dura: “Ele vai ter que apresentar provas. Não basta só falar”. Entre os investigadores, é consenso que Cunha terá de ficar mais um tempo atrás das grades, a exemplo do empreiteiro Marcelo Odebrecht. As chances de ele receber um perdão judicial, como ocorreu com os donos da JBS, são próximas de zero. As informações são da revista Veja.

De dentro do Complexo Médico-Penal de Pinhais, em Minas Gerais, onde está preso desde que foi condenado na operação Lava Jato, o ex-deputado Eduardo Cunha escreveu uma carta sobre a entrevista concedida por Joesley Batista, um dos donos da JBS, à revista Época. No texto, escrito a próprio punho e divulgado por seus advogados, nesta segunda-feira (19), Cunha diz que o empresário mentiu sobre os encontros com Lula. À revista, Joesley contou só ter se encontrado com o ex-presidente duas vezes, uma em 2006 e outra em 2013.O ex-deputado contesta e afirma ter, junto com Joesley, se reunido com Lula, em 2016
As investigações do Ministério Público Federal (MPF) que resultaram na prisão preventiva do ex-presidente da Câmara Federal Henrique Eduardo Alves, nessa terça-feira (6) em Natal, detalham a ligação entre o ex-parlamentar com Eduardo Cunha – que já se encontrava preso no Paraná – e os outros três alvos dos pedidos de prisão preventiva no Rio Grande do Norte: Carlos Frederico Queiroz Batista da Silva, Erika Montenegro Nesi e Matheus Nesi Queiroz, sendo que estes dois últimos tiveram suas prisões revertidas em medidas cautelares, após a audiência de custódia. Os dois ex-parlamentares são acusados de receberem propina, por meio de doações eleitorais oficiais e não oficiais, nos anos de 2012 e 2014, em troca de favorecimento a empresas de construção civil, como a OAS, Odebrecht e Carioca Engenharia. Já os demais presos pela Operação Manus, da Polícia Federal, auxiliaram Henrique Alves na ocultação dos valores recebidos ilegalmente.
Na tarde de quarta-feira passada, Joesley Batista e o seu irmão Wesley entraram apressados no STF e seguiram direto para o gabinete do ministro Edson Fachin. Os donos da JBS, a maior produtora de proteína animal do planeta, estavam acompanhados de mais cinco pessoas, todas da empresa. Foram lá para o ato final de uma bomba atômica que explodirá sobre o país — a delação premiada que fizeram, com poder de destruição igual ou maior que a da Odebrecht. Diante de Fachin, a quem cabe homologar a delação, os sete presentes ao encontro confirmaram: tudo o que contaram à Procuradoria-Geral da República em abril foi por livre e espontânea vontade, sem coação. É uma delação como jamais foi feita na Lava-Jato: Nela, o presidente Michel Temer foi gravado em um diálogo embaraçoso. Diante de Joesley, Temer indicou o deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) para resolver um assunto da J&F (holding que controla a JBS). Posteriormente, Rocha Loures foi filmado recebendo uma mala com R$ 500 mil enviados por Joesley. Temer também ouviu do empresário que estava dando a Eduardo Cunha e ao operador Lúcio Funaro uma mesada na prisão para ficarem calados. Diante da informação, Temer incentivou: “Tem que manter isso, viu?”. Aécio Neves foi gravado pedindo R$ 2 milhões a Joesley. O dinheiro foi entregue a um primo do presidente do PSDB, numa cena devidamente filmada pela Polícia Federal. A PF rastreou o caminho dos reais. Descobriu que eles foram depositados numa empresa do senador Zeze Perrella (PSDB-MG).
31
mar

[ Ponto de Vista ] Baleado, mas não morto

Postado às 8:07 Hs

A condenação de Eduardo Cunha indica que o ex-deputado não voltará tão cedo para casa. O peemedebista contava com um habeas corpus do Supremo Tribunal Federal para sair da cadeia antes da Páscoa. Com a sentença do juiz Sergio Moro, essa hipótese se torna remota, quase impossível.

A defesa de Cunha questionava a legalidade da prisão provisória. Seus recursos já haviam sido negados pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região e pelo Superior Tribunal de Justiça. No entanto, havia a expectativa de que o Supremo se mostrasse mais compreensivo com o ex-deputado.

O julgamento do habeas corpus chegou a ser marcado para dezembro na Segunda Turma do STF, comandada pelo ministro Gilmar Mendes. O relator Teori Zavascki sentiu o cheiro de queimado e pediu que o caso fosse submetido ao plenário da corte. Cunha chiou, mas teve que passar o Natal e o réveillon em Curitiba.

Teori morreu, o Supremo voltou das férias e o correntista suíço apelou mais uma vez para sair da tranca. Seu pedido original foi negado no mês passado, por questões processuais. Apesar disso, ministros do tribunal continuaram a discutir caminhos que poderiam libertá-lo. O ministro Gilmar deu a senha ao dizer que a corte tinha um “encontro marcado com as alongadas prisões que se determinam em Curitiba”.

Ao condenar Cunha a 15 anos e quatro meses de prisão, Moro devolve a articulação à estaca zero. O réu acusou o golpe ao dizer, em nota, que o juiz assinou a sentença para “evitar a apreciação do habeas corpus no Supremo”. Agora que não há mais prisão provisória a ser contestada, a libertação do peemedebista tende a ficar mais distante.

O correntista suíço foi baleado, mas isso não significa que esteja morto. Ele mantém amigos em Brasília e dispõe de um arsenal de informações que amedronta o governo. Sem a perspectiva de um habeas corpus, pode organizá-las numa robusta e histórica delação premiada.

Fonte: Bernardo Mello Franco – Folha de S.Paulo

Por Leandro Colon / Folha

Atordoados com a delação premiada da Odebrecht, o presidente Michel Temer e assessores deveriam se preocupar também com Eduardo Cunha, um antigo aliado e companheiro de tratativas sigilosas com executivos da empreiteira. Pessoas próximas do ex-deputado veem na decisão do juiz Sergio Moro de transferir Cunha da carceragem da Polícia Federal em Curitiba para uma penitenciária comum um fator de pressão psicológica para que ele tope delatar, hipótese considerada remota até poucos dias atrás. Sua defesa foi contra a remoção. Pediu que ele ficasse até fevereiro na PF. Aos raros aliados que lhe restam, Cunha sinalizou que, no caso de ir para um presídio, em condições espartanas e regras de visita rígidas, as chances de negociar delação crescem. Sobretudo porque se esgotam as tentativas de soltura — o STJ já negou pedido de habeas corpus.

PESO DA DELAÇÃO – Nas palavras de um amigo, o cálculo do peemedebista é de curto prazo, de semanas, porque o ex-deputado avalia que seu poder de fogo depende da força do governo de Michel Temer: quando mais fraco estiver, menos peso terá uma delação. Temer vive hoje o pior momento no Planalto desde que assumiu. Anunciou um catado de medidas microeconômicas até relevantes, mas que estão longe de tirar o país da recessão. Sua popularidade despenca ladeira abaixo, segundo pesquisas. A possibilidade de Cunha implicá-lo na Lava Jato em 2017 deve causar temor de iguais proporções das delações da Odebrecht já reveladas.

 DICA DE CUNHA – Reportagem de Marina Dias e Bela Megale, na Folha, mostrou, por exemplo, o que estava por trás da pergunta de número 34 das 41 que Cunha fizera ao presidente, arrolado como sua testemunha de defesa. Cunha mandou recado, expondo reunião com Temer, um lobista e um ex-executivo da Odebrecht. Em um presídio, poderá transformar mais perguntas em relatos de supostas participações do presidente e de aliados em outros episódios nebulosos.

Por Carlos Newton

O clima no Planalto é de desespero. Os ministros Eliseu Padilha, Moreira Franco e Geddel Vieira Lima, do chamado “núcleo duro”, e o próprio presidente Michel Temer não sabem como proceder diante da crescente possibilidade de delação premiada do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O presidente Temer deu ordem expressa para que ninguém fale sobre o assunto, mas não há como escapar. Na sexta-feira, ao participar de um evento em São Paulo, o ministro Eliseu Padilha, da Casa Civil, cercado pelos jornalistas, afirmou que uma eventual delação premiada do deputado cassado Eduardo Cunha “não está em pauta”. Foi a primeira vez que um ministro do governo se manifestou desde que o ex-presidente da Câmara dos Deputados foi preso, na quarta-feira, dia 19.

Desse jeito, Padilha se candidata ao troféu Piada do Ano, porque até as paredes do Planalto sabem que Eduardo Cunha passou meses se preparando para a delação premiada, reuniu documentos com auxílio do doleiro Lúcio Funaro, que também está preso, e até contratou o advogado Marlus Arns de Oliveira, renomado especialista que já fechou acordos de cooperação de empreiteiros da Camargo Côrrea e agora negocia a delação de Renato Duque, ex-diretor da Petrobras.

A PRIMEIRA VÍTIMA – O Planalto pode fingir que não está acontecendo nada, mas a verdade é que o tsunami armado por Eduardo Cunha não tarda a avançar sobre o Planalto Central, e a primeira vítima já está escolhida – chama-se Moreira Franco, que é hoje o braço-direito de Temer e provável substituto de Padilha na Casa Civil.

O ex-presidente da Câmara sabe que sua delação somente será aceita se trouxer “fatos novos” e não adianta apresentar denúncias contra os ex-presidentes Lula da Silva e Dilma Rousseff, porque a Odebrecht e a OAS brilhantemente já estão se desincumbindo dessa missão.

Portanto, só resta a Eduardo Cunha delatar seus ex-amigos do PMDB – Eliseu Padilha, Romero Jucá, Jader Barbalho, Renan Calheiros, Geddel Vieira Lima, Moreira Franco, Valdir Raupp, José Sarney, Edison Lobão, Sérgio Cabral, Eduardo Paes e muitos outros, entre os quais o próprio presidente Michel Temer. Além disso, Cunha tem farta munição contra importantes políticos de outros partidos, inclusive Gilberto Kassab, presidente do PSD e ministro do governo Temer, e Rodrigo Maia (DEM-RJ), atual presidente da Câmara. Vai ser um verdadeiro festival.

“BLINDAR” MOREIRA – No desespero, o presidente Temer já decidiu dar status de ministro a Moreira Franco, para blindá-lo com foro privilegiado no Supremo e evitar que caia nas mãos do juiz Sérgio Moro. Repete, assim, a manobra do então presidente Lula,  que em 2003 transformou o Banco Central em ministério para blindar Henrique Meirelles, que respondia a processos no Tribunal de Contas da União, conforme denunciei em 2003 na “Tribuna da Imprensa”.

A jogada de Lula deu certo, Meirelles não foi processado no Supremo e os crimes até prescreveram. Mas o mesmo golpe recentemente fracassou na tentativa da então presidente Dilma Rousseff, que tentou nomear Lula para a Casa Civil e agora está respondendo a processo por obstrução da Justiça, vejam como as coisas mudaram por aqui. E vão mudar ainda mais.

FORO PRIVILEGIADO – O fato concreto é que o foro privilegiado está com seus dias contados. Em breve, será revogado pelo próprio Congresso, devido à crescente pressão exercida pela opinião pública. Como dizia Ibsen Pinheiro, presidente da Câmara no impeachment de Fernando Collor em 1992, a Câmara vota o que povo quer. E o Senado, também.

Por isso, o presidente Temer, apesar de ser refém dos caciques do PMDB, não poderá vetar o fim do execrável foro privilegiado. Que assim seja.

A julgar pela impressão de parlamentares ainda fiéis que estiveram com Eduardo Cunha nos últimos dias, o notório deputado cairá atirando. E o primeiro alvo será Moreira Franco.

A propósito, há a expectativa no entorno de Eduardo Cunha de que, se ele for mesmo cassado hoje, sua prisão sairá em uma semana. Já a delação da Odebrecht é um caso à parte até agora entre as empreiteiras. Organizada ao extremo, a empresa está mostrando o caminho completo do dinheiro: quem recebeu, quem entregou, como foi entregue (dinheiro vivo, depósito em conta…). Tudo em planilhas detalhadas que abarcam todos os políticos que docemente se corromperam.

Eis a grande diferença entre asa delações da Odebtrecht e a da OAS: sua delação, hoje cancelada, é feita basicamente de relatos orais de casos de corrupção, mas com escassas provas documentais — assim como era, aliás, a da Andrade Gutierrez, o que não impediu de sua delação ser homologada.

Por Ilimar Franco – O Globo

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, decidiu votar em 12 de setembro a cassação do mandato do ex-presidente da Casa Eduardo Cunha. O início da sessão será as 10 horas.

A data foi definida por Maia em função das prioridades legislativas do governo, como a votação do Pré-sal, as dificuldades de quorum, por causa da campanha eleitoral, e a viagem de Temer à China.

As razões para a escolha da data:

1) Na semana de 15 a 19 de agosto será difícil obter quórum. Os deputados terão como foco o início da campanha eleitoral nos municípios.

2) Na semana de 22 a 26 de agosto a prioidade é votar o projeto do Pré-sal. O presidente da Petrobras, Pedro Parente, quer urgência.

3) Na semana de 29 de agosto a 2 de setembro, Rodrigo Maia assumirá a presidência da República devido a viagem à China do presidente interino, Michel Temer. Os líderes governistas também farão um esforço para votar Medidas Provisórias.

4) Na semana de 5 a 9 de setembro não haverá quórum por conta do feriado do Dia da Independência do Brasil, 7 de setembro, na quarta-feira.

5) Rodrigo e os líderes combinaram que no período da campanha as votações serão feitas nas segundas e terças-feiras. Em função disso a opção foi pela data de 12 de setembro. Um integrante da Mesa da Câmara ironizou: “Não vamos votar no dia 13, número do PT”.

Por Ricardo Noblat

 

Eduardo Cunha, o todo poderoso presidente da Câmara dos Deputados, o dono de uma bancada que ajudou a eleger por meio de milionárias ajudas, o algoz da presidente afastada Dilma Rousseff, aquele que há menos de dois anos sonhou em ser candidato do seu partido à presidência da República em 2018, esse Eduardo Cunha morreu ontem com a eleição de Rodrigo Maia (DEM-RJ) para completar seu mandato até 31 de janeiro próximo.

Acabou-se uma curta, mas frenética e atribulada Era que marcará para sempre a Câmara como instituição e que naturalmente entrará para a História.

Ninguém comandou a Câmara com mão tão pesada como a de Cunha. Ninguém como ele teve a quase totalidade dos partidos aos seus pés. Ninguém demonstrou tamanha coragem, afoiteza e disposição para enfrentar seus desafetos e impor sua vontade. E ninguém como ele foi tão rapidamente do céu ao inferno.Hoje, a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara se reunirá mais uma vez para votar o parecer do Conselho de Ética que recomenda a cassação do mandato de deputado de Cunha por quebra de decoro.Ele mentiu aos seus pares quando disse que não tinha contas no exterior. Há folgada maioria de votos na comissão para aprovar o parecer.

É improvável que Cunha consiga adiar mais uma vez a votação. Seu estoque de recursos e de manobras para isso parece ter se esgotado.Uma vez que a comissão aprove o parecer, ele será remetido à votação no plenário da Câmara. Antes do fim de agosto, Cunha será cassado.

Seus colgas, que até um dia desses o reverenciavam, só divergem quanto ao número de votos que Cunha ainda terá a seu favor. Ele deverá ser maior do que 50 e menor do que 100 em um total de 512 votos. Cunha sabe disso. Mas o que há de fazer? Mesmo um náufrago, sem terra à vista, se debate para não submergir. Nos primeiros minutos que se seguiram à proclamação da vitória de Maia sobre Rogério Rosso (PSB-DF), candidato de Cunha, o que mais se ouviu no plenário repleto de deputados foram gritos de “Fora, Cunha”. O nome de Maia não foi gritado uma única vez, embora bastante aplaudido.

Mas o que se comemorou não foi o seu triunfo, foi a derrocada final de Cunha. Não se espera que a Câmara recupere seu prestígio só porque elegeu um novo presidente, mas que pelo menos não perca o pouco que resta dele.

09
jul

Opinião: Nem tudo faz sentido

Postado às 19:35 Hs

Uma eleição para a presidência da Câmara tem suas peculiaridades. As alianças parecem estranhas e os interesses, esquisitos. A lógica, em certas ocasiões, vai às favas. Uma leitura em tese óbvia nem sempre faz sentido e lances decisivos são dados no próprio plenário, na hora da votação (e podem causar traumas como o de Severino Cavalcanti ).

À coluna o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) falou da coalizão que, segundo ele, tem sido formada para lançá-lo candidato na próxima semana. “Tenho sido procurado por vários partidos por causa do meu perfil. Estou muito avançado para construir uma base”, diz. “Querem alguém que trabalhe para baixar a temperatura da Casa”, ressalta. Maia é do DEM, que apoia o impeachment de Dilma Rousseff e integra a base de apoio do presidente interino, Michel Temer. “Sou governo. Quero deixar claro que sou um interlocutor dele”, diz.

Temer é do PMDB, mas o PMDB não apoia Maia. Segundo o deputado do Rio, a articulação em torno de seu nome envolve parlamentares de DEM, PSDB, PSB, PT e PC do B. Sim, PT e PC do B, do grupo de Dilma, afastada do cargo por aliados de Temer, que tem um deputado do DEM, de Rodrigo Maia, como ministro da Educação. Aldo Rebelo, ex-ministro de Dilma e ex-deputado pelo PC do B, pede votos para Maia. São amigos — em 2007, apoiado por Maia, Aldo perdeu a reeleição à presidência da Casa para Arlindo Chinaglia (PT-SP).

O problema para a aliança liberal-comunista é que o PMDB, maior bancada da Casa, flerta com o “centrão”, versão gourmetizada do fisiologismo classificado até pouco tempo atrás de baixo clero. Líderes do “centrão”, aliados de Eduardo Cunha, atuam para eleger Rogério Rosso (PSD-DF). Rosso é cria política de Joaquim Roriz e de José Roberto Arruda, que, ao menos em Brasília, dispensam apresentações.

Fonte: Leandro Colon – Folha de S.Paulo

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