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Maio

Opinião: A montanha pariu um rato

Postado às 8:08 Hs

O depoimento do ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, ontem, abrindo os trabalhos da CPI da Pandemia, não acrescentou absolutamente nada de novo como contribuição à investigação. O que ele disse, o Brasil está careca de saber, sobretudo o Congresso. Entre os principais pontos da oitiva, disse ter ocorrido um “aconselhamento paralelo” ao presidente Jair Bolsonaro no enfrentamento à pandemia quando ele (Mandetta) esteve no cargo.

Falou na adoção da cloroquina para tratamento do novo coronavírus “ao arrepio” do Ministério da Saúde e questionou a participação do vereador Carlos Bolsonaro (RJ), filho do presidente, em reuniões ministeriais, o que, segundo ele, gera dúvidas sobre a influência do herdeiro nas ações do Governo.

Destacou que fez um alerta sobre o Brasil poder chegar a 180 mil mortes até o final de 2020 – número que acabou sendo superado. Em síntese, sua linha de raciocínio foi no sentido de mostrar que o presidente divergiu das orientações científicas, no isolamento e na cloroquina. Durante depoimento, o ex-ministro disse que viu uma minuta de documento da Presidência da República para que a cloroquina tivesse na bula a indicação para Covid-19.

Segundo Mandetta, o próprio diretor-geral da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) discordou dessa medida. Falar é fácil sem provas. Qual a prova que o ex-ministro apresentou aos integrantes da CPI de tudo que falou, inclusive sobre a mexida na bula da cloroquina? Nada, absolutamente nada. Divagou. Seu depoimento, esperado como uma bomba na CPI, em nada abrirá um clarão para se chegar à investigação que a comissão se propõe, que Bolsonaro é um genocida.

Tanta coisa, tanto perigo para ser apenas uma montanha que pariu um rato, expressão utilizada para designar alguma coisa que após muita expectativa, ameaça, ocorre apenas algo insignificante. Aplica-se perfeitamente à fala do ex-ministro, um “gênio” apenas no foco das câmaras da TV-Globo, que o trata como uma “celebridade”.

Roteiro em livro – O frágil depoimento de Mandetta, sem novidades, teve como roteiro um livro, do jornalista Wálter Nunes, sobre a pandemia, fruto de revelações do ex-ministro. Foi traçado também com base em relatos que ele manteve escrevendo diariamente sobre a situação do trabalho no Ministério da Saúde quando atuava no combate ao novo coronavírus e a difícil relação com o presidente Jair Bolsonaro, em 2020. Quem já leu o livro sabe, por exemplo, que Mandetta contou sobre episódios e reuniões em que Bolsonaro ignorou a gravidade da situação da covid-19 e fez questão de ignorar a orientação sobre isolamento social que estava sendo seguida em todo o mundo.

A carta – No seu depoimento, o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta trouxe apenas uma novidade. Informou ter enviado uma carta para o presidente Jair Bolsonaro com algumas recomendações que poderiam ajudar a conter o avanço da pandemia no Brasil. Mandetta disse que alertou Bolsonaro “sistematicamente”, aconselhando que a presidência revisse seu posicionamento para acompanhar as orientações do Ministério da Saúde. A carta foi enviada em 28 de março de 2020, dias após a pandemia ser decretada.

Blog do Magno 

O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, na CPI da Covid no Senado, Mandetta confirmou que houve discordância de sua posição sobre isolamento social com a do presidente Jair Bolsonaro. Ele respondeu a um questionamento feito pelo relator Renan Calheiros. — Sim, senhor. Eu sou médico… Jurei na minha formatura, jurei quando tomei posse como deputado defender a Constituição, o princípio da vida, ali não era uma situação de diferenças políticas. Ali era um momento republicano. Eu conversava com o governador do Ceará, a governadora do Rio Grande do Norte, assim como de São Paulo, todos eles para que tivéssemos momento de união. Nunca discuti com o presidente, nunca tive discussão áspera, mas sempre coloquei a minha posição de forma muito clara — disse. LEITE DERRAMADO -Mais tarde, questionado novamente sobre “lockdown”, Mandetta afirmou que o Brasil agiu depois do “leite derramado”. — O Brasil não fez nenhum “lockdown”. O Brasil fez medidas depois do leite derramado. Vai entrar em colapso, então fecha. Vai faltar remédio, então fecha. Vai faltar oxigênio em Manaus, então fecha. A gene sempre foi um passo atrás desse vírus. Aqueles que fizeram preventivo foram poucos. Até Araraquara fez depois do leite derramado — disse Mandetta. Mandetta foi enfático quando perguntado se, enquanto estava no cargo, alguma empresa ou entidade apresentou perspectivas de vacinas. Disse que não, mas que se houvesse vacinas à época iria atrás delas como um prato de comida.

Estadão

O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta classificou a nova baixa na pasta, anunciada nesta sexta-feira, 15, como uma perda de tempo prejudicial ao País durante a pandemia de covid-19. “A única coisa que sei é que foi um mês perdido, jogado na lata do lixo”, disse ao Estadão. Seu sucessor, Nelson Teich, pediu demissão do cargo menos de um mês após assumir.

A exemplo de Mandetta, Teich deixou o governo após confrontos com o presidente Jair Bolsonaro sobre a melhor estratégia de combate à pandemia do novo coronavírus.

ESTÁ TUDO NO AR – Para o ex-ministro, que ocupou o cargo de janeiro do ano passado até abril deste ano, ainda não é possível fazer um prognóstico sobre como ficará o combate à doença, que matou quase 14 mil pessoas no País até agora. Quando Mandetta foi demitido, o número de óbitos era de 1.736.

“Não dá para falar nada. Não sei quem vai ser o novo ministro. O momento é de oração. Gostaria de dizer para você que estou rezando um terço agora”, afirmou. Mais cedo, logo após a notícia da demissão de Teich, Mandetta foi ao Twitter desejar “força” ao Sistema Único de Saúde (SUS).

CONSULTOR NA CAMPANHA – Teich, que é médico oncologista, participou como consultor da área de saúde da campanha de Bolsonaro e foi indicado ao cargo por associações médicas e pelo secretário de Comunicação, Fábio Wajngarten.

Na ocasião, o Palácio do Planalto procurava um nome para substituir o então ministro Luiz Henrique Mandetta, com quem Bolsonaro também divergia sobre a melhor estratégia no enfrentamento da pandemia.

Entre os principais pontos de conflito estão a defesa do isolamento social, considerado por especialistas e organizações de saúde do mundo todo como a forma mais eficaz de se evitar a propagação da covid-19. Enquanto os ministros-médicos recomendavam que as pessoas ficassem em casa, Bolsonaro deu diversas declarações defendendo a volta à normalidade.

PRESSÃO DE BOLSONARO – As demissões de Teich e de Mandetta também se deram após pressão de Bolsonaro para que a pasta alterasse protocolos envolvendo o uso de cloroquina em pacientes da covid-19. Atualmente, a recomendação do Ministério da Saúde – publicada ainda na gestão Mandetta – é a utilização apenas em casos graves e de internação.

Bolsonaro, porém, tem defendido a prescrição ampla da substância, cuja eficácia contra a doença não tem comprovação científica.

A demissão de  do Ministério da Saúde provocou panelaços nesta quinta-feira (16) em diferentes pontos do país. Em São Paulo, houve protestos na área central da cidade, nos bairros da Bela Vista, Consolação, Jardins e Santa Cecília. Em Pinheiros (zona oeste), moradores também fizeram panelaços.

Em Laranjeiras, bairro da zona sul do Rio de Janeiro, também houve manifestações contra a demissão. Mandetta foi demitido pelo presidente Jair Bolsonaro, após um longo processo de embate entre eles diante das ações de combate ao novo coronavírus.

O presidente convidou o oncologista Nelson Teich para assumir o lugar de Mandetta. Mandetta confirmou sua demissão por meio de sua conta no Twitter.

“Acabo de ouvir do presidente Jair Bolsonaro o aviso da minha demissão do Ministério da Saúde. Quero agradecer a oportunidade que me foi dada, de ser gerente do nosso SUS, de pôr de pé o projeto de melhoria da saúde dos brasileiros e de planejar o enfrentamento da pandemia do coronavírus, o grande desafio que o nosso sistema de saúde está por enfrentar”, escreveu.

“Agradeço a toda a equipe que esteve comigo no MS e desejo êxito ao meu sucessor no cargo de ministro da Saúde. Rogo a Deus e a Nossa Senhora Aparecida que abençoem muito o nosso país”, completou.

Folha de São Paulo

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, balançou forte nesta segunda-feira, 6, mas não irá cair, ao menos por ora. O presidente Jair Bolsonaro já tinha se decidido pela exoneração do principal nome do governo no combate ao coronavírus, mas no final da tarde foi convencido por militares, como os ministros Walter Braga Netto (Casa Civil) e Luiz Eduardo Ramos (Governo), de que a melhor decisão seria manter o ministro por enquanto.

A possibilidade de exoneração de Mandetta, no entanto, continua forte. O deputado federal Osmar Terra, ex-ministro da Cidadania, a imunologista e oncologista Nise Yamaguchi, diretora  do Instituto Avanços em Medicina, e o diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antônio Barra Torres, são apontados como favoritos a ocupar o cargo. Terra, inclusive, já teria ligado para os governadores para anunciar a decisão do presidente.

VEJA

A aprovação da condução da crise do novo coronavírus pelo Ministério da Saúde disparou, e já é mais do que o dobro da registrada por Jair Bolsonaro. Governadores e prefeitos também têm avaliação superior à do presidente. É o que revela pesquisa do Datafolha feita de quarta (1º) até esta sexta (3). O levantamento ouviu 1.511 pessoas por telefone, para evitar contato pessoal, e tem margem de erro de três pontos percentuais para mais ou menos. Na rodada anterior, feita de 18 a 20 de março, a pasta conduzida por Luiz Henrique Mandetta tinha uma aprovação de 55%. Agora, o número saltou para 76%, enquanto a reprovação caiu de 12% para 5%. Foi de 31% para 18% o número daqueles que veem um trabalho regular da Saúde. Já o presidente viu sua reprovação na emergência sanitária subir de 33% para 39%, crescimento no limite da margem de erro. A aprovação segue estável (33% ante 35%), assim como a avaliação regular (26% para 25%).

O ministro-chefe da Casa Civil, Walter Braga Netto, negou que o presidente Jair Bolsonaro planeje demitir o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que estava ao lado dele em entrevista coletiva no Palácio do Planalto nesta segunda-feira (30).

“Não existe essa ideia de demissão do ministro Mandetta. Isso aí está fora de cogitação, no momento.” Em seguida, o ministo da Saúde ironizou a fala do colega: “Em política, quando a gente fala não existe, o professor já fala: existe”.

Mandetta também voltou a ressaltar, assim como havia feito ontem, a permanência dele no cargo. “As questões de ficar ou não ficar, enquanto eu estiver nominado, eu vou trabalhar com a ciência, com a técnica e com o planejamento.”

O ministro da Saúde, disse esperar que somente em agosto mais da metade da população esteja imunizada em relação ao novo coronavírus.

“Estamos imaginando que vamos trabalhar com números espirais ascendentes, abril, maio, junho. Vamos passar 60 a 90 dias de muito estresse, para que quando chegarmos ao final de julho, a gente imagina que entra no platô, agosto, setembro, a gente deve estar voltando, desde que a gente construa a chamada imunidade de mais de 50% das pessoas”, afirmou.

Acrescentou que, nesse período, serão estudadas medidas para diminuir o ritmo de contaminação, como “bloqueios, quarentenas, limitação de ir e vir”.

“Nós teremos aí em torno de 20 semanas, a partir do surto epidêmico que serão extremamente duras, para as famílias, para as pessoas. Cuidem dos idosos, é hora de filho e filha cuidar de pai, mãe, avó, tia-avó. É preciso ter muito claro que ligar o telefone para perguntar como está, mas não levar sistematicamente muitas crianças, que são assintomáticas”, pediu.

O Antagonista

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