Uma parcela assombrosamente enorme do eleitorado se pronuncia a favor de anular o voto ou deixá-lo em branco na cédula eletrônica, mesmo dando-se ao trabalho de atender a obrigatoriedade de se apresentar para votar. O fenômeno espanta, ultrapassa qualquer outro momento da história do país. Não se trata apenas de indecisão, de indiferença. Retrata a vontade, neste momento, de reprovar as opções disponíveis. Isso fere diretamente a “classe política”, macula o princípio de democracia que deveria garantir ampla possibilidade de escolha. Nem um lado quanto menos outros se mostram merecedores do esforço de digitar apenas dois números na urna daqui a 60 dias. A somatória de brancos e nulos ultrapassa a preferência da primeira colocada, Dilma Rousseff, e, mesmo somando-se os votos do segundo colocado, o “não voto” continua majoritário nas preferências da população. Quer dizer que a maioria preferiria que o cargo não fosse preenchido por ela nem por outro. Ainda estaria faltando o candidato que se aproxima de suas aspirações.