Os governos e empresários do Brasil, da Argentina e do Uruguai deram um passo na implantação da TV digital na América do Sul ao reunirem-se em Montevidéu e em Buenos Aires para desenvolver parcerias já existentes e também para analisar a possibilidade da realização de negócios envolvendo bens e serviços especificamente destinados à emissão e recepção do sinal desse tipo de TV. O governo brasileiro considera a Argentina como seu grande parceiro neste setor e trabalha para convencer o Uruguai a adotar o sistema nipo-brasileiro, de maneira que os países sul-americanos estejam integrados por um único padrão de TV digital de alta definição.

“Os argentinos estão à frente do Brasil em alguns passos, o que é muito saudável em um consórcio baseado na contribuição entre os sócios”, disse o secretário. “O Uruguai ainda precisa tomar a decisão estratégica de adotar o sistema nipo-brasileiro. Nós compreendemos perfeitamente a dificuldade do governo de lidar com essa questão, já que existe uma legislação em vigor que gera direitos e obrigações para muitas partes. Esta é, essencialmente, uma situação econômica e, por isso, com forte repercussão política”.

A contribuição brasileira à TV digital é um software – programa de computador – chamado Ginga. Pesquisadores brasileiros de várias universidades contribuíram para a criação do software, que permite a interatividade no televisor, transformando o aparelho em fonte de consultas e de compras, por exemplo. Segundo Francelino Grando, o Ginga é produto livre e tem seu código aberto, o que significa que qualquer programador pode utilizá-lo para funções praticamente infinitas. “Isso equivale à internet colocada dentro do televisor”, disse Grando. “O Ginga foi criado na Universidade Federal de Campina Grande (PB). Essa inteligência tecnológica foi possível porque a cidade paraibana tornou-se um grande polo nos últimos 30 anos, com investimentos públicos e clareza de objetivos”.

De acordo com o secretário de Inovação do MDIC, o ingresso de uma nova tecnologia no mercado requer algum tempo para que a produção de aparelhos em que ela vai funcionar ganhe escala e, com isso, a redução do preço final ao consumidor. Francelino Grando disse que 40% da população brasileira estão aptos a receber o sinal da TV digital. “Creio que chegaremos a cobrir todo o território nacional rapidamente, talvez em quatro anos, coincidindo com a realização da Copa do Mundo de Futebol”.

O padrão de TV digital adotado pelo Brasil é o ISDB-T, do Japão. Ele é apontado como o mais flexível porque responde melhor às necessidades de mobilidade e portabilidade. No Brasil, foi eleito o melhor padrão nos testes comparativos realizados pela Sociedade Brasileira de Engenharia de Televisão (SET) e pela Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e Televisão (Abert). O sistema passou a ser chamado de nipo-brasileiro após a incorporação de inovações produzidas pelos pesquisadores brasileiros, como é o caso do Ginga

 

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