As recentes pesquisas mostram que Dilma e Serra têm chances de vencer a disputa presidencial. Isto é óbvio, pois só eles disputam a presidência, e ambos estão quase empatados. Entretanto, esta obviedade não foi sugerida por diversos analistas políticos. Para tais, Dilma seria eleita no primeiro turno. A pressa e a paixão, geralmente, orientam as análises políticas.

Por acreditar em Cisnes Negros, opto, quase sempre, por ser precavido em minhas análises eleitorais. Não procuro adivinhar. Ao contrário. Construo hipóteses, as quais poderão ser falseadas ou não. Em nenhum instante, desprezei as chances de Serra. Apesar de ter afirmado, que Dilma era favorita a vencer a eleição. Mas ser favorito, não significa ser vitorioso. Sempre, em meus artigos, frisei que Cisnes Negros poderiam aparecer, e por conta deles, Serra poderia ir ao segundo turno. E foi!

Neste instante, não vejo favoritos nesta disputa presidencial. Não tenho indicadores para afirmar que Dilma ou Serra vencerá a disputa. Não tenho indicadores para sugerir a existência de uma “Onda Serra” ou uma “Onda contra Dilma”. O que constato é o que as pesquisas revelam: Serra e Dilma têm chances de vitória.

As chances de Dilma estão, ainda, nos braços de Lula. As chances de Serra também. Pois, Serra pode tentar desqualificar Dilma, mostrando que ela “não tem condições de caminhar sozinha à frente do governo” . Portanto, Dilma, neste instante, tem um dilema: qual é a medida adequada na utilização da imagem de Lula?

Serra, por sua vez, será obrigado a responder, constantemente, quanto à sua “ligação” com FHC. Lula e Dilma irão continuar explorando o governo FHC. Mas Serra tem uma saída, aliás, uma única saída: mostrar que o governo Lula representa a continuidade das transformações que estão ocorrendo no Brasil desde o governo de FHC.

Os temas aborto, fé e corrupção continuarão a ser discutidos. E Serra e Dilma, qualquer um, poderão se beneficiar do debate em torno destes temas.

Observem que opto por analisar estratégias eleitorais. Faço isto em razão de que números não dizem tudo – as tabelas do SPSS revelam pouca coisa. As estratégias adotadas pelos candidatos podem revelar tendências e possibilitam a construção de cenários. Deste modo, vejo, e friso isto mais uma vez, que a disputa entre Serra e Dilma está aberta.

No entanto, saliento que Serra tem chances reais de vitória, pois a candidatura Dilma apresenta fragilidades quando considero a animação/emoção e a geografia do voto. Ninguém, ninguém mesmo, esperava que a diferença entre Dilma e Serra fosse tão próxima – Isto desmobiliza eleitores de Dilma e mobiliza os eleitores de Serra? Além disto, Aécio Neves e Geraldo Alckmin podem fazer a diferença nos seus respectivos estados, Minas Gerais e São Paulo. Caso Serra conquiste mais votos nestes estados, a vitória estará em suas mãos.

Um ponto importante: para Serra vencer, ele precisa conquistar um “pouquinho” de eleitores de Dilma.

Friso, por fim, que: 1) Dilma tem Lula – vantagem; 2) Os indecisos podem migrar tanto para Dilma como para Serra – indefinição eleitoral; 3) A abstenção pode ajudar ambos os competidores – indefinição eleitoral; 4) Cisnes Negros poderão surgir e “derrubar” Serra ou Dilma – imprevisibilidade. Portanto, neste segundo turno, os cenários possíveis são (ainda) dois: Serra eleito ou Dilma eleita. E isto é previsível!

 

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