As quatro principais promessas de campanha para a área social do candidato à Presidência José Serra (PSDB) custariam aos cofres públicos mais de R$ 46 bilhões em 2011.
O valor é praticamente uma vez e meia de tudo o que a União desembolsou para estradas, portos, aeroportos e em obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) no ano passado.
O consultor de Serra para a área econômica Geraldo Biasotto diz ser “viável encaixar esses gastos no perfil do Orçamento público”.
“Serra pretende reorganizar o Orçamento e as contas financeiras do setor público”, afirma Biasotto.
São quatro as principais propostas de Serra para a área social, que somariam os R$ 46,2 bilhões:
1) Elevar o valor do salário mínimo para R$ 600 (ao custo de R$ 17,1 bilhões);
2) Reajustar as aposentadorias acima do mínimo em 10% (R$ 15,4 bilhões);
3) dobrar o Bolsa Família (R$ 12,7 bilhões);
4) Criar o 13º para esse benefício (R$ 1 bilhão).
Os cálculos levam em conta números oficiais dos ministérios do Planejamento, da Previdência e do Desenvolvimento Social.
Para cada R$ 1 de aumento no salário mínimo, por exemplo, a despesa pública cresce R$ 286 milhões. Já o peso anual dos benefícios da Previdência acima de um salário mínimo é de R$ 154 bilhões.
Para José Márcio Camargo, economista da PUC-Rio, as propostas de Serra constituem o “uso inadequado do dinheiro público”.
Camargo argumenta que o Brasil tem apenas 7% de sua população com idade superior a 65 anos. Mas gasta o equivalente a 13% do PIB (Produto Interno Bruto) com a Previdência.
“É o padrão de gastos da Europa, que tem 20% da população idosa. Investimos no passado, e não no futuro, com mais educação”, afirma.
O economista Felipe Salto, da Tendências, diz que, se adotadas, as medidas vão atrasar em ao menos um ano o “necessário ajuste que deve ser feito no setor público”.
Salto considera, porém, que um governo Dilma Rousseff (PT) tenderia a gastar mais do que Serra. “Dilma acredita no Estado atuando e gastando mais”, diz.
Para Sérgio Vale, da MB Associados, “como Serra sabe que manter o equilíbrio fiscal é importante, se ele optar por essas medidas de expansão, terá que segurar em outros gastos”.
“O problema é onde cortar. Parar de contratar e aumentar salário pode não ser suficiente”, afirma.
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