Se Dilma Rousseff vencer amanhã, toneladas de papel e hectolitros de tinta serão usados para analisar a fragilidade da oposição. Um aspecto preliminar deve ser considerado a respeito desse raquitismo: a gênese da anemia. Há dois fatores principais. O primeiro e mais óbvio é a economia aquecida e Lula nas alturas. O outro é a preguiça dos líderes oposicionistas em períodos adversos.

Vigora entre as siglas anti-Lula uma espécie de aversão atávica ao trabalho de estruturação de seus clubes. Poucos aceitam a imposição natural da vida pela qual é necessário suar a camisa para construir agremiações realmente profissionais e merecedoras de serem chamadas de partidos políticos. O PSDB ganhou o Planalto nas asas do Plano Real. Passou oito anos no poder e não se sabe exatamente até hoje o que seria e se existe uma militância tucana.

O DEM (ex-PFL) nunca soube ser oposição desde a chegada de Pedro Álvares Cabral. Se não está no governo, grita. Não há notícias de diretórios demistas atuantes em bairros populares de cidades como São Paulo, Rio ou Belo Horizonte.

É difícil a vida na oposição. O PT que o diga. Amargou bancadas minoritárias no Congresso por duas décadas, nos anos 80 e 90. A sigla de Lula aproveitou para crescer na adversidade. Existem diretórios petistas estruturados na maioria das cidades brasileiras.

Alguém dirá que o PT se apoderou do Estado. Incrustou-se em cargos públicos. A explicação é plausível em parte, pois há na sigla uma certa vida partidária real. A ponto de Lula ter sido obrigado a enfrentar uma eleição prévia interna contra Eduardo Suplicy em 2002. Mais de 150 mil filiados foram às urnas. PSDB e DEM podem sentar e esperar até uma crise econômica abrir as portas do paraíso para a oposição. É uma saída. Mas é pouco se a intenção for construir partidos reais, e não ajuntamentos de interesses de caciques regionais.

 

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