Dos 27 Estados da Federação, incluindo o Distrito Federal, Dilma venceu em 18 e perdeu em nove. A maior vitória foi no Amazonas, que lhe deu 80% dos votos, contra 19% de José Serra. A maior conquista do tucano foi no Acre. Por lá o representante do PSDB somou 69% e Dilma apenas 30%. O Nordeste fez toda a diferença. Nesta região, a petista venceu em todos os Estados. Com folga, como em Pernambuco (75 a 24%), Bahia (70 a 29%) e Ceará (77 a 22%) ou por uma margem mais estreita, caso de Alagoas (53 a 46%) e Sergipe (53 a 46%). Impressionante foi Minas Gerais, terra natal de Dilma e do senador eleito Aécio Neves: no segundo colégio eleitoral do país, em que os tucanos tem o governo nas mãos, a petista teve 58% e o candidato da oposição 41%. Praticamente a mesma diferença do Rio Grande do Norte e da Paraíba. Diante desses números, já teve aliado de Serra atirando, acusando Aécio de ter feito corpo mole, “ao contrário do governador Geraldo Alckmin”.
A vitória de Dilma Roussef tem muito a ver com o carisma do presidente Lula, com os êxitos do seu governo, mas poderia ter sido evitada se José Serra tivesse permanecido na linha “paz e amor” do começo. Deputado, senador, prefeito, governador e ministro, com muito maior desenvoltura para falar e enfrentando uma mulher completamente inexperiente em disputas eleitorais, o tucano podia sim ter chegado mais longe. Ao se aliar a setores mais conservadores, assumir o discurso de candidato dos patrões e dos ricos, ao repetir o discurso do medo, o oposicionista deu ao atual presidente da República tudo que ele queria: transformar a eleição numa espécie de plebiscito entre a Era FHC e a atual, numa disputa entre o povo e as elites, progressistas e conservadores, direita e esquerda.
Não existe mais ninguém matuto. Os idiotas perdem espaço. Todo mundo está ficando a cada dia mais sabido um pouqinho. Quem não comia carne, não tomava leite e iogurte e hoje tem direito ao consumo como qualquer pessoa da classe média, não tinha porque mudar os rumos de um governo que lhe ofereceu o mínimo necessário e dignidade. O discurso do Serra, então, embora bem ensaiado, não conseguiu convencer milhões de brasileiros, principalmente os mais pobres do Nordeste e de outras regiões do país.
Vamos torcer para que dê tudo certo. Que o Brasil continue no rumo dos últimos anos. Com educação de qualidade, melhorias na saúde, menos corrupção, a redução ainda maior das desigualdades e a eliminação da miséria. Não estamos sonhando ou querendo muito, apenas querendo ver a realização do que foi prometido.
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