Segundo a professora Neide Mendonça, do Departamento de Letras da Universidade Católica de Pernambuco, gramaticalmente, o feminino de “presidente” é “presidenta”. “Quem faz a língua é o povo. Eu acredito que vai haver uma rejeição em relação ao feminino do substantivo”, diz a professora. No caso da frase: “Dilma é a primeira mulher presidente do Brasil”, onde o substantivo tem função morfológica de adjetivo no predicado, a regra é que a palavra fique no masculino para qualquer gênero do sujeito. Neide Mendonça explica que o Vocabulário Ortográfico da Lingua Portuguesa (VOLP), da Academia Brasileira de Letras, permite os dois usos.
Já a professora da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Nelly Carvalho, explica que a norma canônica diz que “presidente” é um substantivo uniforme e, sendo assim, não tem variação de gênero. “Como em cliente. Ninguém fala clienta. Não existe a forma ‘presidenta’ dicionarizada”, analisa Nelly.
Mas talvez a explicação mais elucidativa seja: como se trata de um cargo, não há variação de gênero. A professora da Faculdade Frassinetti do Recife (Fafire) e doutoranda em Linguística pela UFPE, Ângela Torres, também defende o uso do vocábulo “presidente”. “A norma gramatical permite certas formações de femininos, mas um estudo recente da UFPE mostra que, quando falamos de cargos, não tem que haver variação. Diante disso, é esquisito chamar ‘soldada’, ‘sargenta’. A língua permite, mas pelo perfil da sociedade, melhor optar pelo formato masculino para não haver mudança brusca. Usar ‘a presidente’ vai soar menos mal”, explica. “Estamos em um momento de transição linguística, pode acontecer que haja uma adequação ao uso de ‘presidenta’, mas não podemos garantir”, finaliza Ângela Torres. Seguindo a orientação das especialistas, a Folha de Pernambuco usará a forma no masculino.
Poste seu comentário