Cerca de 11 milhões de brasileiros ainda vivem na iminência da fome. Eles pertencem ao grupo de insegurança alimentar grave, classificação atribuída pela Pesquisa Nacional por Amostra Domiciliar do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os dados, divulgados hoje (26/11), apontam redução entre 2004 e 2009 no índice geral de insegurança alimentar. O percentual de domicílios com algum grau deste problema passou de 34,9% para 30,2%. No total, o País reúne 17,7 milhões de domicílios particulares em situação de insegurança alimentar. São 65,6 milhões de pessoas que se preocupam ou sofrem alguma forma de restrição no acesso a alimentos.

O IBGE analisou o tema usando uma escala com três níveis diferentes de insegurança alimentar. A primeira, chamada de leve, indica incerteza sobre o acesso futuro aos alimentos. “É um estado de preocupação, no qual a pessoa ainda não sofre restrições propriamente”, esclarece Maria Lúcia Vieira, gerente da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), do IBGE. As restrições de acesso aos alimentos começam no segundo nível, o moderado, no qual apenas pessoas adultas são afetadas. “Mas ainda não há risco de fome”, ressalta Maria Lúcia. A fome é encontrada apenas no último nível da classificação, a insegurança alimentar grave.

“Isso não quer dizer que todo o grupo passe fome. O que acontece é uma iminência de fome”, detalha. O questionário aplicado nos moradores trazia perguntas referentes aos últimos 90 dias e, neste período, foram constatados casos de fome, especialmente quando a pessoa afirmava ter passado pelo menos um dia inteiro sem comer. Para não se enquadrar nos níveis de insegurança alimentar, os moradores do domicílio precisam ter “acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades básicas”, pela definição do IBGE. Isso foi constatado em 69,8% dos domicílios particulares entrevistados para o levantamento.

 

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